segunda-feira, 16 de julho de 2018

Não queremos que o governo traga só projeto de morte, dizem Mulheres Munduruku


“Vamos sempre decidir por nós, pelo nosso território, pelo nosso rio!” Foto: Movimento 
Iperegayu.
território livre dos projetos de morte“Não queremos que o governo traga só 
projeto de morte, queremos que valorizem a nossa vida, nosso trabalho e nossa 
produção”, afirma documento.
POR ASCOM CIMI
Em carta divulgada após terceiro Encontro das Mulheres Munduruku, organizações 
indígenas reafirmam  “seguir o caminho da autonomia do nosso povo para manter o nosso 
território livre para nossas futuras gerações”. Reunidas na aldeia Patauazal, Terra Indígena 
Munduruku, durante os dias 08 a 11 de julho, mulheres criticam políticas do Governo que 
desrespeita organização social e cultura dos povos.
“Não queremos que o governo traga só projeto de morte, queremos que valorizem a nossa 
vida, nosso trabalho e nossa produção. Não somos iguais vocês pariwat, que desmatam a 
floresta sem necessidade”, afirma a carta. “Somos guerreiras e guerreiros Munduruku e 
vamos continuar fazendo a autodemarcação dos nossos territórios, capacitação dos jovens, 
formação e encontro das mulheres e nossa Feiras Munduruku”.
“Vamos seguir o caminho da autonomia do nosso povo para manter o nosso território livre 
para nossas futuras gerações”
Segundo documento divulgado após encontro, iniciativa ocorreu para “discutir sobre as 
ameaças e discriminações que estamos sofrendo”. “Os projetos que o governo pariwat 
tenta impor para nosso território como as barragens, hidrovia, ferrovia, portos, mineração, 
concessão florestal (Flona Itaituba I e II e Flona Crepori) invasão de madeireiros e garimpos, 
que impactam a vida das mulheres, dos homens, dos jovens e das crianças Munduruku”.
Denúncia no FAMA
Durante o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), ocorrido em Brasília no mês de maio, 
Alessandra Munduruku, coordenadora da Associação Pariri, dos Munduruku do médio 
Tapajós, denunciou as pressões que os Munduruku e outros povos indígenas e comunidades 
tradicionais do rio Tapajós vêm enfrentando nos últimos anos. Os povos do Tapajós lutam 
contra a pressão para a construção de hidrelétricas, a mineração, os portos e outros 
projetos de infraestrutura voltados a atender os interesses do capital na região.
Em 2016, os Munduruku conseguiram derrotar o projeto de construção da hidrelétrica São
Luiz do Tapajós, iniciativa prioritária do governo federal que impactaria diretamente a terra
indígena Sawre Muybu. Apesar da vitória, as violações sobre o território Munduruku e dos
demais povos e comunidades da região ainda são graves e recorrentes, e passam, em
grande parte, pela disputa do rio Tapajós e seus afluentes.
Leia documento divulgado no final do III Encontro das Mulheres Munduruku:
CARTA DO III ENCONTRO DAS MULHERES MUNDURUKU
Nós, reunidos na aldeia Patauazal na Terra Indígena Munduruku, durante os dias 08 a 11 de 
julho de 2018,  nos encontramos para discutir sobre as ameaças e discriminações que 
estamos sofrendo e os projetos que o governo pariwat tenta impor para nosso território 
como as barragens, hidrovia, ferrovia, portos, mineração, concessão florestal (Flona Itaituba 
I e II e Flona Crepori) invasão de madeireiros e garimpos, que impactam a vida das 
mulheres, dos homens, dos jovens e das crianças Munduruku.
Estamos decididos continuar fortalecidos em aliança de luta com a Associação Wakoborun, 
Associação Pariri, Associação Da’uk e Movimento Munduruku Ipereg Ayu pois nunca vamos 
parar de lutar pelo nosso rio e pelo nosso território livre dos projetos de morte. Estamos 
defendendo o rio que é como nosso leite materno que damos todos dias para nossos filhos. 
A terra é nossa mãe, temos respeito (Ipi Wuyxi Ibuyxin Ikukap) e nunca vamos negociar.
Vamos continuar com o nosso Movimento Ipereg Ayu – com nossos grupos de guerreiras e 
guerreiros – e continuar lutando pela nossa terra, como deixou o nosso Deus Karosakaybu e 
nos orientou os nossos antepassados. Vamos seguir o caminho da autonomia do nosso 
povo para manter o nosso território livre para nossas futuras gerações.
Estamos caminhando na construção do nosso plano de vida, discutindo com as mulheres 
sobre o nosso bem viver, sobre a nossa educação própria, sobre a nossa autonomia. Nós 
mulheres mostramos nosso trabalho na prática. Nós sabemos seguir o nosso caminho sem 
veneno e sem ganância!
Não queremos que o governo traga só projeto de morte, queremos que valorizem a nossa 
vida, nosso trabalho e nossa produção. Não somos iguais vocês pariwat, que desmatam a 
floresta sem necessidade. Somos guerreiras e guerreiros Munduruku e vamos continuar 
fazendo a autodemarcação dos nossos territórios, capacitação dos jovens, formação e 
encontro das mulheres e nossa Feiras Munduruku.
Sabemos que não estamos só, temos nossas alianças com outros povos e comunidades 
ribeirinhas que sabem seguir o seu próprio caminho. Por isso, não vamos entregar nosso 
território para o governo.
Vamos sempre decidir por nós, pelo nosso território, pelo nosso rio!
Nós somos a semente da resistência Munduruku!
Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun
Associação Pariri
Associação Da’ukMovimento Munduruku Ipereg Ayu

Nenhum comentário: