quinta-feira, 21 de junho de 2018

A FARSA JATO NO SITIO DE ATIBAIA: TESTEMUNHAS RELATAM ABUSOS E ILEGALIDADES DA LAVA JATO


Policiais federais e procuradores da força-tarefa da Lava Jato coagiram uma mulher e seu 
filho de 8 anos ao tomar depoimento dela sem mandato, sem presença de advogado, às 6h da 
manhã e dentro do sítio cuja propriedade é falsamente atribuída ao ex-presidente Lula. É o 
que acontece diariamente nesta ‘República de Curitiba’ por esses juízes e procuradores que 
rasgaram a Constituição e perderam qualquer escrúpulo diante da sua sanha criminosa de 
perseguir a tudo e a todos em busca de seus objetivos”. 

O fato ocorreu em meados de 2016, mas a denúncia foi feita ao Judge Murrow nesta quarta-
feira por Lietides Pereira Vieira, irmão do caseiro do sítio e esposo da mulher sequestrada 
junto com o filho do casal, que desde então passa por tratamento psicológico. Moro determinou 
que seja apurado se houve abuso de autoridade no episódio. “Para o juiz Sérgio Moro 
suspender o depoimento e determinar que se abra uma investigação sobre abuso de autoridade 
dos procuradores e policiais federais envolvidos neste fato. 

O Uol dá conta de que testemunhas afirmaram ter sido procuradas por membros da PF (Polícia 
Federal) e do MPF (Ministério Público Federal) para falar sobre o sítio de Atibaia e Lula em 2016 e 
denunciaram supostos abusos de autoridade por parte dos agentes em depoimento ao juiz Sergio 
Moro. Moro disse que irá investigar os fatos relatados e abriu prazo de cinco dias para 
esclarecimento  pelo MPF.
Um dos relatos foi feito pelo eletricista Lietides Pereira Vieira, irmão de Élcio Pereira Vieira, o 
caseiro do sítio conhecido como Maradona. Ele afirmou que em março de 2016, agentes da PF e do 
Ministério Público retiraram sua esposa de casa às 6h da manhã, junto ao filho do casal, de 8 anos, 
para prestar depoimento no sítio. A mulher, segundo ele, é faxineira e fez a limpeza do sítio algumas 
vezes a pedido de Fernando Bittar, um dos proprietários do sítio.
“[Os agentes] estavam armados, com roupa tipo do exército, camuflada, e com armas na mão”, 
afirmou.
Vieira disse que os agentes não apresentaram nenhum tipo de intimação, mandado de apreensão ou 
de condução coercitiva. Ele relatou, então, que sua esposa e o filho permaneceram na propriedade 
por volta de uma hora. Os agentes teriam perguntado à mulher se ela conhecia o ex-presidente Lula e 
sobre os serviços que ela havia prestado no sítio.
“Perguntaram para ela se já tinha visto presidente Lula no sítio. Perguntaram para quem ela 
trabalhava. Ela disse que era para o Fernando Bittar”, disse.
O eletricista afirmou que, após o episódio, tanto a esposa como o filho ficaram abalados, mas que a 
criança sofreu traumas psicológicos e precisa de acompanhamento médico até hoje.
Já o pedreiro Edvaldo Pereira Vieira, outro irmão do caseiro, contou que foi procurado por pessoas 
que se apresentaram como integrantes do Ministério Público. Ele disse ter se sentido intimidado com 
a forma como os procuradores o questionaram sobre Lula e o sítio.
As declarações dos irmãos foram dadas durante os depoimentos a partir de questionamentos feitos 
pela defesa de Fernando Bittar. Em determinado momento, houve bate-boca entre Moro e Alberto 
Toron, um dos advogados do empresário, que disse buscar retratar a obtenção de provas ilícitas no 
processo.
“Eu quero saber se a testemunha que hoje senta aqui foi de alguma forma constrangida, já que essas 
pessoas se apresentaram na casa dela, que é uma pessoa simples, sem mandado, sem nada”, pontuou 
Toron.
Pouco depois, Moro questionou: “É ilegal, doutor, inquirir a testemunha na casa dela?”
“Vossa Excelência o dirá no momento próprio. Eu não estou questionando, estou querendo retratar 
uma situação”, respondeu o advogado.
O juiz ainda perguntou à testemunha se ela se sentiu ameaçada pelos procuradores na visita a sua 
casa. “Ameaçado não, doutor. Mas teve um tom bem forte, eu me senti constrangido”, respondeu o 
pedreiro. (…)

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