domingo, 27 de maio de 2018

ESTÁ EM CURSO UM GOLPE DENTRO DO GOLPE


Por Jose Arbex Junior

Os desenvolvimentos mais recentes da conjuntura permitem delinear um quadro de um golpe dentro 
do golpe. Isso aí se daria em cinco ou seis movimentos.
O primeiro é a greve dos caminhoneiros que fez com que fosse gerada uma crise de abastecimento. 
A impopularidade do Temer foi levada para um grau insuportável, assumindo contornos de 
enfrentamento com a população que já não suporta mais esse governo golpista.
Em um segundo movimento, a Comissão de Justiça do Senado acaba de aprovar uma nova lei que 
regulamenta como se dá o processo de eleição indireta no Congresso Nacional para caso de vacância 
da presidência e da vice-presidência. Isso foi aprovado agora no dia 23 de maio.
Depois disso, aparentemente, temos uma situação em que o governo Temer é levado a renunciar por 
sua absoluta incompetência e incapacidade de gerir os destinos do país. E isso pressupõe a realização 
de uma eleição indireta como foi aprovado agora pela Comissão do Senado e que deve ser aprovado 
pelo Congresso Nacional.
Com isso a gente teria a eleição de um governo biônico dentro do golpe e o adiamento das eleições 
para um futuro incerto. Isso, claro, porque eles não conseguiram coesionar suas forças em torno de 
nenhum candidato, nem conseguiram desmoralizar o Lula, nem o movimento dos trabalhadores. E 
por isso precisam de uma solução qualquer que permita uma saída pro desastre que se aproxima para 
eles com as eleições marcadas para 2018.
A coisa está meio se delineando nesse sentido.

Muitos perguntam: “bom, e como fica o exército, os militares nisso?” O exército fica como 
garantidor da ordem. Acho que nesse processo nem interessa pros militares tomarem diretamente o 
poder, porque isso contribuiria para tirar a máscara de que foi um processo democrático, civil, 
controlado pela sociedade etc.
Portanto, acho que a cartada do exército será na preservação da ordem, na repressão aos 
movimentos. 
Na garantia de que vai ser respeitada essa farsa judicial. Mas, é claro também que ninguém pode 
garantir que tudo isso funcione, porque o que nós estamos assistindo é uma guerra de máfias dentro 
do Congresso, quadrilhas se degladiando, ninguém tem um projeto muito claro.
E tudo isso pode escapar do controle. Mas dentro do possível, do que dá pra perceber nos últimos 
desenvolvimentos da conjuntura, é esse quadro em seu conjunto.
Eu espero estar completamente enganado, tomara que não seja nada disso.
Mas acho que o que se delineia é um golpe dentro do golpe.

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