segunda-feira, 7 de maio de 2018

ANALISE: SEM LULA É IMPOSSÍVEL GANHAR. COM ELE É POSSÍVEL PERDER


QUEM SE IMPORTA COM LULA?

Por Wanderley Guilherme dos Santos

A direita festejou a retumbante derrota do PT nas eleições municipais de 2016. À esquerda, volta e 
meia vítima de lavagem cerebral, líderes e porta vozes autorizados ou não deram início a 
desencontrada autocrítica. Como de hábito, o que começa como autocrítica termina em busca de 
bodes expiatórios. A perseguição da Lava-Jato (inegável) e a covarde difamação de Dilma Rousseff, 
incompetente, segundo líderes do PT, explicavam os alegados desastrosos resultados eleitorais. Só 
que não foi bem assim. A fragilidade dos analistas do partido os torna presa regular do noticiário 
conservador, daí a frequente adoção de estratégias incoerentes, em luta diária contra as manchetes do 
Jornal Nacional e os editoriais da Folha de São Paulo. Neste particular, operam como inocentes úteis 
da direita.
Há uma associação bastante sólida entre número de candidatos apresentados pelos partidos e a 
probabilidade de vitórias: quanto maior o número de candidatos, maior a proporção de vitórias 
conquistadas. A associação não vale, obviamente, para partidos concorrendo com um ou dois 
candidatos, coligados a partidos grandes, e que, beneficiados pelo sistema proporcional adotado, 
obtêm 100% de aproveitamento.
Na disputa pelas prefeituras, em 2016, o Partido dos Trabalhadores perdeu algo mais do que 50% das 
cadeiras conquistadas em 2012. Este foi um dos resultados que levou a direita às gargalhadas e 
lideranças da esquerda a espargir cinzas pelas cabeças alheias. Em grande parte, contudo, a perda se 
explica por correspondente fuga à competição. Em 2016, o PT registrou 1004 candidatos prefeitos 
contra os 1799 registrados em 2012, ou seja, uma redução de 44% na lista de concorrentes. A sangria 
na mobilização de competidores, esta sim, teve impacto desastroso no desempenho do partido.
O mesmo ocorreu na disputa pelas vereanças. Em 2016, o Partido dos Trabalhadores concorreu com 
uma absurda redução de 45% no número de candidatos, em comparação com 2012. Não deu outra: 
conseguiu, em 2016, menos 46% de vitórias das conquistadas em 2012. Não há comprovação de que 
o eleitorado petista tenha rejeitado o partido. O PT perdeu o que sua liderança pediu para perder.
Ser pautado pela direita significa ou ficar intimidado por ela – o que ocorreu em 2016 – ou tomar 
decisões embirradas com a propaganda midiática. Antes de se arriscar a resultados catastróficos em 
2018, seria de toda conveniência que alguns exaltados ou compreensivelmente emocionados com a 
real perseguição ao partido e ao seu grande líder, fossem capazes de separar a solidariedade que não 
lhes tem faltado por todas as fatias do bolo à esquerda, da necessidade crucial de formular a 
estratégia com maior probabilidade de sucesso em outubro próximo. Essa decisão requer abertura 
negociada em torno de programas de governo. Os nomes surgirão naturalmente de um acordo de tal 
tipo.
Há uma reflexão à qual ninguém, no lado da esquerda, deveria fugir: é absolutamente certo que sem 
o apoio de Lula, uma vitória da centro-esquerda ficaria seriamente ameaçada; porém, dependendo do 
candidato, mesmo com o apoio de Lula, a vitória também será improvável. Dedicados petistas, fora 
dos dogmáticos discriminadores, não têm censura mental e podem admitir que, sem Lula é 
impossível ganhar, mas com Lula é possível perder. Em qualquer dos dois casos, a vítima maior será 
o próprio Lula, que está preso e, por enquanto, condenado. Os estrategistas do ou Lula ou nada 
continuarão soltos.

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