quinta-feira, 24 de maio de 2018

A BOLSA DE R$ 15MIL DE ROSÂNGELA MURROW


O casal Moro,  mais o casal Doria e destaque para a Bottega Veneta usada por Rosângela

Por Joaquim de Carvalho
A cada evidência de que não se comporta com o decoro exigido para a magistratura, Sergio Moro
tem uma resposta pronta: “Bobagem”.
Para ele, pode ser. Se é assim, ele tem mais algumas “bobagens”que pode incluir na coleção.
O escritório de advocacia Nelson Wilians, que patrocinou sua palestra no evento do Lide de João
Doria em Nova York, não tem apenas a Petrobras como cliente que coloca sua atuação como juiz em 
evidente situação de conflito de interesses.
O escritório de Nélson Wilians tem entre seus clientes o grupo de Joel Malucelli, que é de um amigo 
de Sergio Moro e é investigado na Lava Jato, embora sem o mesmo ímpeto com que se investigou, 
por exemplo, a Odebrecht.
Joel Malucelli não foi alvo de busca e apreensão em sua casa. A busca, no caso dele, se limitou à 
empresa e à residência de um executivo.
No texto publicado em agosto do ano passado, a respeito da concessão do título de cidadã 
paranaense à chefe do escritório do Nélson Wilians em Curitiba, Sandra Comodaro, a Assembleia 
Legislativa do Estado do Paraná informou :
Desde a instalação no Paraná, a empresa, que conta com mais de 40 escritórios no país e um no 
Chile, conquistou mais de 1,1 mil clientes de áreas distintas e de portes diversos, como é o caso do 
grupo educacional Positivo, das automobilísticas Renault e Volkswagen, das cooperativas 
agropecuárias Cocamar e Coamo, das construtoras CR Almeida e J Malucelli, da Associação dos 
Municípios do Paraná e da panificadora Requinte.
A palestra de Moro em Nova York foi patrocinada também por outro escritório de advocacia, Braga 
Nascimento e Zillo, envolvido numa situação de potencial conflito de interesse com a Prefeitura de 
São Paulo.
Logo depois de deixar a prefeitura, o advogado Cláudio Carvalho de Lima, considerado braço-direito 
de Doria, se tornou sócio do escritório, que tinha conseguido na secretaria sob sua chefia, a de 
Prefeituras Regionais, autorização para um tal instituto “Eu Amo o Brasil” instalar o pavilhão 
nacional acompanhado de peças publicitárias.
Com o patrocínio dos dois escritórios, mais Cosan e a empresa de segurança Gocil, Moro fez palestra 
no Lide dois dias depois de ser homenageado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos com 
o título Personalidade do Ano, título que Doria recebeu em 2017.
Ao fazer o discurso de homenagem, chamou Doria pelo pré-nome, Sergio, demonstrando a 
intimidade que tem com o juiz.
Durante a festa, ele e a esposa tiraram foto com Moro e a esposa, e esta foto, que já poderia 
constranger o juiz se ele não a considerasse “bobagem”, tem mais um ingrediente escandaloso.
Ao aproximar a foto, vê-se que Rosângela Moro está usando uma bolsa da grife Bottega Veneta, que 
custa R$ 15 mil.
Mesmo para um juiz que ganha acima do teto constitucional, é um acessório caro. O que Rosângela 
guardaria dentro de uma bolsa de R$ 15 mil?
É uma clássica demonstração de deslumbramento e/ou alpinismo social. Ela pode dizer que é falsa: 
nesse caso, vergonha ainda maior: pirataria e alpinismo social.
Moro provavelmente não liga para situações como estas, que constrangeriam muitos magistrados. Se 
ligasse, não seria tão próximo de milionários com interesses no governo.
O advogado Nélson Wilian é de Cianorte, uma cidade pequena, a cerca de 60 quilômetros de 
Maringá, a cidade de Moro. É dois anos mais velho que o juiz.
Entre 2014 e 2016, Enquanto da Vara de Moro saíam os vazamentos que desestabilizam o governo 
de Dilma, Nélson Wilian patrocinava ações públicas contra a então presidente.
É dele o avião que levou o ator Alexandre Frota para Brasília entregar a Eduardo Cunha um pedido 
para abertura de impeachment — o então presidente da Câmara recebeu, mas colocou para votar 
outro, o de Janaína Paschoal.
A aeronave de Wilian levou Frota a Brasília no dia da votação do impeachment, em 18 de abril de 
2016, onde o ator liderou manifestações contra a presidente da república.
Com Michel Temer no poder, Wilian ganhou contas em várias área de influência do governo federal, 
incluindo um processo de arbitragem no porto de Santos, que envolve o grupo Libra, agora 
investigado.
Wilian tem também o Banco do Brasil como cliente e, logo depois que Temer assumiu, assinou 
contrato com a GEAP, o serviço de auto-gestão de saúde que atende aos funcionários públicos 
federais.
O contrato de Wilian com a GEAP, no valor de 100 milhões de reais, é tratado como escândalo por 
alguns dos responsáveis pelo serviço, dirigido por um colegiado integrado por representantes dos 
servidores e dos ministros.
Quem colocou Wilian lá foi o ministro Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, braço-direito de Temer.
Wilian não esconde a proximidade com Moro.
No seu facebook, destacou a presença do juiz na festa de comemoração pelo título de Cidadã 
Honorária do Paraná concedido a Sandra Comodaro, sócia-diretora do escritório.
“Contou com a presença ilustre de autoridades e expoentes do cenário nacional, como o Juiz Sergio 
Moro”, informa a nota do Facebook. Veja o vídeo abaixo, no estilo Amaury Júnior. Moro divide a 
festa com o governador Beto Richa, do PSDB.
Wilian é muito próximo do PSDB. Em 2015, recebeu o título de cidadão paulista da Câmara 
Municipal de São Paulo, iniciativa dos vereadores tucanos Eduardo Tuma e Salomão Pereira.
Moro, certamente, considera tudo isso bobagens. Outros, entretanto, podem entendem que ele tem 
feito bobagem demais.
Mas quem vai detê-lo?
PS: Nélson Wilian é também advogado de João Doria.

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