segunda-feira, 19 de março de 2018

O caso Bip-Bip e os esbirros da ditadura,


Luis Nassif

O caso do Policial Rodoviário Federal que aprontou no Bip-Bip, bebeu, bateu e ameaçou, me
lembrou na hora um episódio no Bar do Alemão, por volta de 1980.
Estávamos tocando quando chegou a caminhonete da Rota e dela desceu um policial, um japonês, 
com óculos escuros.
A noite corria e um casal da Zona Leste, na parte de cima do bar, bebeu um pouco além e
passou a lançar bolachas na parte de baixo. Rimos da alegria de quem bebeu um pouco além.
De repente, o policial subiu as escadas e deu-lhes voz de prisão. Foi um choque no bar. Desceu 
arrastando o casal, o auxiliar abriu o porta-malas da Veraneio e tentaram empurrar o casal para 
dentro. O casal implorava ajuda, dizia ter medo de nunca mais voltar, o que era uma hipótese 
naqueles tempos bicudos.
Na época, eu não era jornalista nem relativamente conhecido.
O policial queria impressionar as mocinhas e os músicos do bar, apenas isso. Disse-lhe que, se fosse 
levar o casal, eu iria junto. Ele se espantou:
- Mas eu achei que estava ajudando, tirando os bêbados do bar.
Disse-lhe que, na verdade, ele acabara com o clima do bar. Na porta do Alemão, algumas das moças 
assediadas por ele mostravam sua reprovação.
Acabou soltando o casal. Minha “autoridade”, no caso, não era de cidadão ou jornalista, mas do 
sujeito que tocava bandolim no bar.
O clima atual é o mesmo. Não se trata de um comando centralizado. Trata-se da marcha do fascismo 
que faz qualquer bêbado de bar com autoridade – como o Policial Rodoviário – se valer das 
prerrogativas do poder para arbitrariedades.




A Polícia Rodoviária Federal se manifestou a respeito da prisão do dono do bar Bipbip, em 
Copacabana, após confusão com um de seus agentes em torno de uma homenagem a Marielle 
Franco:
Prezados(as),

em atenção aos questionamentos referentes à ocorrência envolvendo um servidor da instituição num
bar em Copacabana, em 18/03/2018, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) esclarece que:
– Por volta das 22h40, fomos informados sobre uma possível confusão envolvendo um policial 
rodoviário federal num bar em Copacabana, após supostamente ter se expressado numa discussão no 
local em relação a fatos ocorridos na cidade;
– Uma equipe da PRF foi acionada para verificar a informação e avaliar a conduta do policial, sendo 
comunicada que a ocorrência já havia sido encaminhada para a 12ª DP (Copacabana);
– Na 12ª DP (Copacabana), foram informados que a ocorrência estava na 13ª DP (Ipanema);
– Ao chegarem na 13ª DP (Ipanema), os plantonistas disseram que a ocorrência seria registrada na 
14ª DP (Leblon);
– Então, o servidor envolvido no caso foi levado sozinho na viatura PRF da 13ª DP para a delegacia 
de registro;
– Os envolvidos foram ouvidos na delegacia e a investigação ficará sob responsabilidade da Polícia 
Civil;
– Inicialmente, não houve nenhum registro de comportamento que configure desvio de conduta 
funcional, representando tão somente atitudes e opiniões pessoais do servidor;
– Não houve registro de utilização de arma de fogo ou quaisquer outros acessórios policiais;
– Ressaltamos que opiniões e atitudes da vida privada dos servidores não representam o 
posicionamento da instituição;
– A Polícia Rodoviária Federal solidariza-se com os familiares da vereadora assassinada, assim 
como de todas as vítimas da violência, e não medirá esforços para auxiliar na prisão dos 
envolvidos no caso.

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
Núcleo de Comunicação Social – RJ
imprensa.rj@prf.gov.br

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