terça-feira, 20 de março de 2018

COMANDANTE DO EXÉRCITO ANUNCIA O FRACASSO DA INTERVENSSÃO

E cita o Ministro Aldo Rebelo sobre a desigualdade de renda como causa da violência!

O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, declarou nesta terça-feira (20) 
que está “muito preocupado” com os resultados da intervenção federal no Rio de Janeiro. Segundo 
ele, as soluções para a violência generalizada no estado serão “de muito longo prazo”.
“Eu estou otimista e preocupado. Confesso que muito preocupado pela incerteza de que nós vamos, 
realmente, atingir todos os resultados”, disse Villas Bôas.
A declaração do general foi dada a jornalistas após seu discurso em uma conferência do Banco 
Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). No evento, a maior autoridade do Exército 
brasileiro enfatizou as características históricas que levaram o governo federal a decretar intervenção 
na segurança pública do Rio.
“Esse estado de coisas a que nós chegamos é resultado de décadas e décadas de omissões e de 
necessidades básicas da população não atendidas, que acabam se represando e transbordando sob 
formas de violência”, apontou o general.
Ao reafirmar que as causas da violência “são extremamente profundas”, Villas Bôas disse que o 
Exército pede “a compreensão” da sociedade porque “os companheiros que lá estão às voltas com 
esse tema [da intervenção], quanto mais se debruçam, mais verificam a sua complexidade”.
O general disse ainda que, diante do quadro complexo que vive a segurança pública do Rio, os 
militares envolvidos diretamente na intervenção “têm procurado manter uma postura de não gerar 
expectativas, não tomar atitude espetaculosa e de não inaugurar promessa”.
“Os resultados virão com o tempo, e as soluções serão realmente de muito longo prazo”, afirmou o 
general.
Aos jornalistas, Villas Bôas disse que a maior determinação do Exército durante a intervenção no 
Rio é “deixar como legado uma mudança nas estruturas”, a fim de que elas tenham condições de se 
manter funcionando de forma eficaz após a saída do Exército. Ele apontou, ainda, que o sistema 
penitenciário é alvo da maior preocupação dos interventores.
“Algo que nos preocupa e que é chave: a nossa lei de execução penal tem que se adequar à maneira 
efetiva como nós temos que atuar para conseguirmos atingir essas estruturas do crime organizado. 
Isso não vai ser solucionado nos dez meses restantes”, disse.
Questionado sobre o anúncio da saída das tropas da Vila Kennedy, apontada como comunidade que 
serviria de “modelo” para a intervenção, o general Villas Bôas disse o Exército precisa focar em 
aumentar a sensação de segurança da população.
“Nós temos que considerar que o Rio tem mais de 800 comunidades. Então, nessa fase inicial, vamos 
tentar uma atuação mais extensiva, com o objetivo de melhorar uma coisa que é chave, que é a 
percepção de segurança”, justificou.
Morte de Marielle
Durante seu discurso no auditório do BNDES, o general defendeu a necessidade de a população 
brasileira se unir.
“Se nós não ganharmos densidade, estaremos sujeitos à potencial fragmentação, senão territorial, da 
nossa sociedade. Forças centrífugas acabam ganhando muita força, acabam ganhando uma 
capacidade muito grande de nos desagregar e até mesmo um efeito fortuito”, disse.
Sem citar nominalmente a vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada a tiros na quarta-feira 
(14) no Centro do Rio, o comandante do Exército sugeriu que o crime promoveu a maior polarização 
da sociedade.
“Vejam agora esse injustificável assassinato dessa moça. Vejam, verifiquem, o potencial de 
desagregação, de potencializar os ideiais de minorias. Como diz o ministro Aldo Rebello, o caminho 
da separatividade da nossa sociedade. Então, nós temos de ganhar densidade novamente”, disse.
Aos jornalistas, classificou o crime como “terrível” e enfatizou a expectativa de que ele “seja 
elucidado o mais rápido possível”. Além disso, destacou que o caso gerou uma "rede internacional 
de solidariedade".
"Vem toda a parte de igualdade racial, direito das mulheres, enfim, são coisas que são demandadas 
pela nossa sociedade”, disse.
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