quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

INTELECTUAIS SAEM EM DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA -AUTOR DE HINO CONTRA A DITADURA, JOÃO BOSCO SE DIZ INDIGNADO COM A PF


O cantor e compositor João Bosco, que compôs em parceria com Aldir Blanc a canção "O 
bêbado e o equilibrista", hino contra a ditadura militar, se disse indignado com a agressão da 
Polícia Federal à UFMG,. m grupo de dezenas de intelectuais divulgou nesta quinta-feira, 7, 
um manifesto com duras críticas à ação da Polícia Federal na UFMG; "É inadmissível que a 
sociedade brasileira continue tolerando a ruptura da tradição legal construída a duras penas a 
partir da democratização brasileira em nome de um moralismo espetacular que busca, via 
ancoragem midiática, o julgamento rápido, precário e realizado unicamente no campo da 
opinião pública", diz o documento

Relembre, abaixo, este clássico da MPB, na voz de Elis Regina, que foi usado de forma 
indevida pela PF, para agredir uma universidade pública:


NOTA DE REPÚDIO À OPERAÇÃO "ESPERANÇA EQUILIBRISTA":

Recebi com indignação a notícia de que a Polícia Federal conduziu coercitivamente o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jaime Ramirez, entre outros professores dessa universidade. A ação faz parte da investigação da construção do Memorial da Anistia. Como vem se tornando regra no Brasil, além da coerção desnecessária (ao que consta, não houve pedido prévio, cuja desobediência justificasse a medida), consta ainda que os acusados e seus advogados foram impedidos de ter acesso ao próprio processo, e alguns deles nem sequer sabiam se eram levados como testemunha ou suspeitos. O conjunto dessas medidas fere os princípios elementares do devido processo legal. É uma violência à cidadania.
Isso seria motivo suficiente para minha indignação. Mas a operação da PF me toca de modo mais direto, pois foi batizada de “Esperança equilibrista”, em alusão à canção que Aldir Blanc e eu fizemos em honra a todos os que lutaram contra a ditadura brasileira. Essa canção foi e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático. Não autorizo, politicamente, o uso dessa canção por quem trai seu desejo fundamental.
Resta ainda um ponto. Há indícios que me levam a ver nessas medidas violentas um ato de ataque à universidade pública. Isso, num momento em que a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, estado onde moro, definha por conta de crimes cometidos por gestores públicos, e o ensino superior gratuito sofre ataques de grandes instituições (alinhadas a uma visão mais plutocrata do que democrática). Fica aqui portanto também a minha defesa veemente da universidade pública, espaço fundamental para a promoção de igualdades na sociedade brasileira. É essa a esperança equilibrista que tem que continuar.
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