quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O GOLPE COM O NARIGUDO DA GLOBO FOI TENTADO ANTES COM SILVIO SANTOS. O MOTIVO ERA O MESMO: O MEDO DE LULA



Por Kiko Nogueira

Em sua coluna na Folha, Elio Gaspari lembrou que o golpe Luciano Huck já foi tentado em 1989
com Silvio Santos:
Como em 1989, o primeiro turno poderá ser embolado. Lula pode ser condenado na segunda 
instância e Bolsonaro pode bater com a cabeça no teto da era paleolítica. Como em 1989, quando o 
governo de José Sarney tinha uma impopularidade que se supunha inigualável (ninguém imaginava 
que haveria um Michel Temer), há no ar o medo de Lula e, além dele, falta um nome.
Em 1989, era preciso botar um nome na rua e apareceu o do astro Silvio Santos. A busca por 
candidatos de fora da política era tamanha que no tucanato pensou-se no ator Lima Duarte na chapa 
de Mário Covas.
Silvio Santos teve até jingle, “agora o povo está contente, o povo já tem em quem votar”, mas, 
impugnado, deixou a bola murchar e o andar de cima descobriu que o candidato de seu sonhos era 
Fernando Collor. Deu no que deu.


O iate de Luciano Huck, que deixou catarinenses de queixo caído

Em 2017, da mesma cartola de que quase saiu o homem do Baú da Felicidade tenta-se tirar o astro de 
TV Luciano Huck. A ideia é simples: o povo está desencantado da política, não sabe votar, e pode ir 
atrás de uma celebridade da telinha. Que tal Henrique Meirelles na vice?
Seria um bom tutor?
Huck parece dispor de uma superassessoria da banca e da marquetagem que, astutamente, não põe a 
cara na vitrine. Mencioná-los agora seria puro sensacionalismo. Querem que a televisão lhes sirva de 
palanque. À diferença de Silvio Santos, que era o dono da emissora, Huck sabe os riscos 
profissionais que corre lançando-se na corredeira de uma campanha política.
Silvio ia sair pelo PFL, mas Aureliano Chaves bateu pé. No PL, Afif Domingos também não 
renunciou – queria Silvio como vice. O apresentador não aceitou a proposta e passou a ser cortejado 
por vários partidos.
Ele se decidiu após uma reunião com Armando Corrêa, do “nanico” PMB (Partido Municipalista 
Brasileiro). Corrêa ofereceu a legenda e o lugar dele. Silvio aceitou a pouco mais de vinte dias para o 
pleito.
Silvio Santos entrou com o pedido oficial de candidatura no TSE no dia 4 de novembro. Dois dias 
depois, o PRN, de Collor, entrou com pedido para a extinção do partido do apresentador.
A alegação era de que o PMB não havia feito o número mínimo de convenções exigido pela 
legislação eleitoral. A menos de dez dias da eleição, o Ibope divulgou uma pesquisa apontando Collor 
na liderança, com 23%, seguido de Silvio, com 18%, e Brizola, com 14%. O TSE recebeu em 
seguida mais 14 pedidos contra a candidatura de SS.
No dia 9 de novembro de 1989, o TSE caçou, por unanimidade, o registro do PMB, e anulou a 
candidatura do apresentador. O PMB deveria comprovar as convenções em nove estados, mas fez 
apenas em quatro. Silvio não recorreu da decisão.

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