sábado, 4 de novembro de 2017

EUGÊNIO ARAGÃO SOBRE JANETE: “MAS COMO É QUE EU ERREI TANTO?!”


"Eu fui ingênuo ao apoiar Rodrigo Janot. Quando você está no meio da coisa, você fica cego 
pelas próprias expectativas do que pode acontecer. A esquerda tinha uma enorme expectativa 
em relação ao Rodrigo Janot, ninguém fazia um exame frio. Isso hoje a gente pode fazer, já 
tendo sido derrotado, dá pra dizer que poderia acabar aqui", diz o ex-ministro Eugênio Aragão

Janete

Num encontro no Instituto Barão de Itararé, em
São Paulo, o ex-ministro da Justiça Eugênio
Aragão abriu o coração sobre Rodrigo Janot, ex-
PGR:
Eu fui ingênuo ao apoiar Rodrigo Janot. Quando
você está no meio da coisa, você fica cego pelas
próprias expectativas do que pode acontecer. A
esquerda tinha uma enorme expectativa em
relação ao Rodrigo Janot, ninguém fazia um
exame frio. Isso hoje a gente pode fazer, já
tendo sido derrotado, dá pra dizer que poderia
acabar aqui.
Primeiro porque eu sabia dos antecedentes do
Rodrigo, mas eu não levei a sério, porque achei que nossa presença neutralizaria as coisas. Ele me
disse, por exemplo, que foi do departamento jurídico do Banco Nacional, e ali ele era o responsável
pelas demissões. Então ele era o anjo exterminador, o capeta que quando entrava na agência todo
mundo olhava.
Eu perguntei pra ele: “Isso não te afeta, não?” E ele disse: “Não. Eu sei que quando um pai de
família perde o emprego, outro logo toma o seu lugar”. Eu vi ali uma certa psicopatia, uma tendência
de falta de sensibilidade. E também sempre foi muito autoritário, paneleiro, no sentido de formar
suas panelinhas.
E quem não se submete às suas turminhas é logo tratado de forma humilhante, excludente, talvez por
um certo complexo de inferioridade. Ele teve uma origem muito humilde, e talvez isso o tenha
afetado. E também era uma pessoa extremamente volúvel com as pessoas que estão ao seu redor, é o
meio dele que determina o que ele faz. Então eu já tinha isso sobre ele, e quando você é um
recrutador para um cargo de liderança, esse tipo de característica não dá.
Logo a seguir, quando começou a campanha dele, eram visíveis as contradições do discurso. Ele
jogava para a plateia, dizia o que a plateia queria ouvir, e prometia um certo corporativismo dentro
do MP, que cercou de pessoas que davam prioridade ao Ministério.
Ele foi o primeiro a contratar mídia profissional, a “Companhia da Palavra”, para fazer a campanha,
então era uma coisa que ele queria muito, e quando uma pessoa quer muito um cargo, desconfie.
Eu me arrependo muito de tê-lo escolhido, sendo que havia uma alternativa muito superior, que era a
Ela Wiecko. Se eu tivesse escolhido ela, a história teria sido diferente – provavelmente nem teríamos
tido o golpe. Eu acordo às vezes à noite e me pergunto: “Mas como é que eu errei TANTO?!”.
Eu estava tão cego com a minha fidelidade para a campanha do Janot que não avaliei o que poderia
sair daquilo. Eu era Sub-Procurador Eleitoral, fazia o que o Janot falava. Inclusive só saí porque a
Dilma me pediu, mas naquele ponto eu já tinha percebido que dali não sairia coisa boa.
________________________________________

Nenhum comentário: