segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A ESCOLINHA DA PROFESSORA CARMEN LÚCIA


Zé Bonitinho leu os autos? Mas, a "entrevistadora" não perguntou... Foi um stand-up sob 
encomenda! (Crédito: SBT)

A “escolinha da professora Carmen Lúcia”, ainda chamada por uns poucos de Supremo Tribunal 
Federal, lança mão de tudo para disputar ibope com aquele programa de TV. A cada dia, um de seus 
integrantes ocupa o palco para destilar asneiras.
Luiz Fux é o canastrão da vez.
Mereceu uma página de jornal, forte candidata a ser rejeitada até por quadrúpedes em apuros 
fisiológicos. Com a célebre juba à la Zé Bonitinho, fux (com minuscula, revisor. Não toque!) fez na 
entrevista tudo o que não se espera de um jurista de verdade.
Deitou falação sobre casos não julgados, votou em público ignorando autos e mandou às favas a 
liturgia inerente ao cargo.
O boquirroto foi direto ao ponto. Sem meias palavras, já decidiu que Lula, líder disparado em todas –
repita-se, todas!— as pesquisas não pode concorrer. “Não tem muito sentido que um candidato que 
já tem uma denúncia recebida concorra ao cargo”, raciocinou (?) Zé Bonitinho.
Afinada com seu patrão, a (Ilustríssima) entrevistadora fez uma ponta como um daqueles Rolando 
Lero que habitam o dito Supremo. Não ocorreu à coadjuvante de ocasião perguntar se isso não era 
um pré-julgamento, se fux conhecia os autos ou ao menos qual era a opinião do cabeleira sobre a 
qualidade da denúncia contra o ex-presidente.
Não vinha ao caso: a entrevista, na verdade um stand-up, surgiu sob encomenda para atiçar a 
fogueira em que sonham incinerar o presidente mais popular da história do país.
Para não deixar dúvidas, fux reafirmou que é, sim, a favor de prender sentenciados em segunda 
instância. O preceito histórico da jurisprudência brasileira, segundo o qual todos são inocentes até 
que o processo seja transitado em julgado em TODAS as instâncias, igualmente restou no lixo. (A 
propósito, é de se perguntar para que serve então um Supremo, teoricamente a instância máxima. Só 
para manter livres, leves e soltos Daniel Dantas, Pimenta Neves, Aécio, Temer e seu bando, Maluf e 
por aí vai? Isto também não vem ao caso.)
Mas há que reconhecer: se faltam autoridade, princípios e respeito à Justiça na turma da escolinha de 
Carmen Lúcia, sobram alunos país afora. Um deles se chama João Pedro Gebran, o amigo do peito 
de Moro encarregado de relatar o processo de Lula na segunda instância. No mesmo jornal, o 
cidadão antecipa que pretende despachar o ex-presidente para o xadrez. Recorreu a autos ou a 
qualquer instrumento do âmbito do Judiciário? Coisa nenhuma. Abriu o bico numa conferência de... 
jornalistas latino-americanos. Eis aí outra vez o que todo mundo já percebeu: quem guia esses 
majistrados (com j mesmo, reviso) não são princípios do Direito, mas a mídia eletrônica obediente, 
barões de jornais e “colunistas”, todos travestidos de jurados inquisitoriais.
É este tipo de gente sem compostura ou escrúpulos que se prepara para, a qualquer momento, 
mandar de volta para a cadeia José Dirceu e desterrar Lula. Tudo para pôr em prática os planos de 
rebaixar o Brasil à colônia. Essa é a questão de fundo.
No vale tudo em que uma quadrilha política-jurídica-financeira-midiática imagina rifar o país, vale 
tudo também para resistir. José Dirceu tem todo o Direito, sejam quais forem os meios, de recusar as 
tentativas de mandá-lo à prisão perpétua. Lula tem todo o apoio do povo para rasgar qualquer 
sentença ditatorial.
Não será desobediência civil. Será apenas obediência à vontade popular, que nenhum usurpador, 
togado ou não, tem mandato para pisotear.
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