Requião: ‘Palocci parecia cão amestrado em depoimento’ "Paloci fez seu depoimento com a
submissão e postura de um verdadeiro Bichon Frisé diante de seu dono.Que coisa triste é a
delação premiada!", escreveu Requião em seu Twitter
Por Kiko Nogueira
As notícias sobre minha morte têm sido extremamente exageradas”, observou Mark Twain certa vez.
O papel a que se presta o ex-
ministro da Fazenda, que há muito
vinha progressivamente se
transformando em um quadro a
serviço do capital, faz lembrar os
"arrependidos" dos anos 70.
Refiro-me aos presos políticos que, torturados, aceitaram colaborar com
a ditadura e foram à televisão acusar suas próprias organizações dos crimes mais bárbaros,
imputados pelo regime militar, proclamando-se arrependidos de seus vínculos com o "terrorismo".
Quem assim age, renuncia à própria dignidade e se atira na sarjeta da história.
Esse foi o caminho de Palocci. Subserviente ao juiz Moro e ao MPF, com a coluna vertebral
quebrada após um ano de cadeia e derrotado pela perspectiva de permanecer muito tempo
encarcerado, ofereceu-se como instrumento da campanha contra o ex-presidente Lula e o PT.
Tal como os renegados da resistência, sucumbe à função de porta-voz de mentiras e invenções que
interessam às forças mais reacionárias, rastejando por um acordo de delação premiada.
Os "arrependidos" do passado ao menos podiam alegar, para explicar seus atos, as brutais sevícias
que sofreram.
Palocci nem isso.
A traição é sempre um fim melancólico.
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Por Kiko Nogueira
As notícias sobre minha morte têm sido extremamente exageradas”, observou Mark Twain certa vez.
O depoimento de Antonio Palocci a Sergio Moro foi recebido com imensurável alegria pelos
suspeitos de sempre.
Ricardo Noblat, amigo de Temer, autor da fabulosa pergunta sobre como Michel conheceu Marcela
Ricardo Noblat, amigo de Temer, autor da fabulosa pergunta sobre como Michel conheceu Marcela
num Roda Viva, decretou em sua coluna no Globo: “game over”.
“Palocci finalmente cedeu às pressões dos seus advogados e contou o que sabe em depoimento a
“Palocci finalmente cedeu às pressões dos seus advogados e contou o que sabe em depoimento a
Moro”, diz Noblat.
Eliane Cantanhêde se referiu a Palocci como “a bala de prata contra Lula”. Segundo ela, o ex-
Eliane Cantanhêde se referiu a Palocci como “a bala de prata contra Lula”. Segundo ela, o ex-
ministro “começa a falar verdades”.
Para Merval Pereira, “acabou a brincadeira para Lula”. Ricardo Kotscho, por sua vez, pergunta:
Para Merval Pereira, “acabou a brincadeira para Lula”. Ricardo Kotscho, por sua vez, pergunta:
“Fim de linha para Lula e o PT? Palocci entrega tudo”.
Quem precisa de Deus com jornalistas premiados com o dom da onisciência? Eles não apenas têm
certeza de que Palocci não mente, mas de que Lula é um cadáver.
Faltam as provas, para começar. Palocci mesmo admite que está abrindo o que nunca havia aberto
Faltam as provas, para começar. Palocci mesmo admite que está abrindo o que nunca havia aberto
porque quer os benefícios da colaboração premiada, ou seja, sair da prisão. Foi condenado a 12 anos.
Paulo Francis um dia escreveu que o sujeito torturado entrega a mãe. Ninguém suporta. Palocci não
Paulo Francis um dia escreveu que o sujeito torturado entrega a mãe. Ninguém suporta. Palocci não
precisou ir para o pau de arara.
Pode estar, sim, dizendo verdades. Mas vai ter que caprichar mais do que relatar “pactos de sangue”
Pode estar, sim, dizendo verdades. Mas vai ter que caprichar mais do que relatar “pactos de sangue”
que não presenciou, como o de Lula com Emílio Odebrecht em torno de uma bolada de 300 milhões
de reais.
O que chama mais atenção em sua conversa amigável com Moro, no entanto, é a postura
O que chama mais atenção em sua conversa amigável com Moro, no entanto, é a postura
subserviente, submissa, subjugada, humilhante, como a de um vira lata faminto tentando agradar a
velha gorda que não gosta dele e que tem a ração.
“Me desculpe falar assim, Sua Excelência”;“o senhor quer que eu continue?”; “estou aqui para
“Me desculpe falar assim, Sua Excelência”;“o senhor quer que eu continue?”; “estou aqui para
ajudar o senhor”. Permaneceu o tempo todo com os olhos fixos em seu proprietário, inclusive
quando interpelado pelo advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins.
É um tribunal de exceção, uma aula do que não deve ser ou parecer a Justiça. Fica explícito que o
acordo de Palocci só andou porque resolveu entregar Lula e “desmascarar” Dilma. “É assim que o
senhor quer que que fique, chefe?”, era o subtexto da coisa.
Nada sobre bancos, empresas de mídia, outras empreiteiras, outros políticos. Não vem ao caso.
Quem morreu ali não foi o ex-presidente, mas o próprio Palocci e a noção de decoro do Judiciário.
Nada sobre bancos, empresas de mídia, outras empreiteiras, outros políticos. Não vem ao caso.
Quem morreu ali não foi o ex-presidente, mas o próprio Palocci e a noção de decoro do Judiciário.
Um espetáculo imoral horrendo, o oposto do suicídio ritual do haraquiri, fundado na honra. O sujeito
se deixou empalar.
Quanto às notícias sobre a morte de Lula, tantas vezes decretada, continuam exageradas.
Quanto às notícias sobre a morte de Lula, tantas vezes decretada, continuam exageradas.
Provavelmente ele será condenado na segunda instância — mas quando? Como ter tanta convicção
de que o roteiro desenhado vai se cumprir?
Quem poderia esperar o sucesso da caravana no Nordeste? É absurdo achar que mais pessoas não
Quem poderia esperar o sucesso da caravana no Nordeste? É absurdo achar que mais pessoas não
percebem o que está sendo feito. No momento de maior fragilidade da Lava Jato, autodesmoralizada
por seus agentes, é preciso trazer Lula, Dilma e o PT para os holofotes novamente.
Se esses lacaios fizessem jornalismo e não militância vagabunda, esperariam uma próxima pesquisa
presidencial. Aposto 20 centavos como terão uma surpresa desagradável com o resultado.
Palocci deu 'sinais evidentes' de
que quer agradar MPF
que quer agradar MPF
ministro da Fazenda, que há muito
vinha progressivamente se
transformando em um quadro a
serviço do capital, faz lembrar os
"arrependidos" dos anos 70.
Refiro-me aos presos políticos que, torturados, aceitaram colaborar com
a ditadura e foram à televisão acusar suas próprias organizações dos crimes mais bárbaros,
imputados pelo regime militar, proclamando-se arrependidos de seus vínculos com o "terrorismo".
Quem assim age, renuncia à própria dignidade e se atira na sarjeta da história.
Esse foi o caminho de Palocci. Subserviente ao juiz Moro e ao MPF, com a coluna vertebral
quebrada após um ano de cadeia e derrotado pela perspectiva de permanecer muito tempo
encarcerado, ofereceu-se como instrumento da campanha contra o ex-presidente Lula e o PT.
Tal como os renegados da resistência, sucumbe à função de porta-voz de mentiras e invenções que
interessam às forças mais reacionárias, rastejando por um acordo de delação premiada.
Os "arrependidos" do passado ao menos podiam alegar, para explicar seus atos, as brutais sevícias
que sofreram.
Palocci nem isso.
A traição é sempre um fim melancólico.
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