terça-feira, 5 de setembro de 2017

COMENTÁRIO DO DIA: O ESTRONDOSO SILENCIO SOBRE AS MARACUTAIAS DE MORO


Bob Fernandes, falando tudo o que a mídia silencia, vergonhosamente.

Em texto e, em vídeo:

O silêncio pode ser arma poderosa. Pode condenar adversários ou inimigos ao esquecimento. E pode
proteger amigos ou aliados.
O silêncio é eficaz nas disputas de Poder. O silêncio se torna arma quando imposto pelos que 
noticiam sobre Poder, Política e seus atores.
Há anos a Lava Jato, seus personagens e alvos, são tema central no debate político. Na coluna Radar, 
da revista Veja, foi publicada informação sobre a Lava Jato.
Com exceção das redes sociais, há 48 horas impera estrondoso silêncio midiático sobre essa 
informação.
Maurício Lima afirmou: a Força-Tarefa da Lava Jato oculta, há pelo menos dois anos, importante 
informação da Receita Federal.
O advogado Zucolotto é grande amigo de Moro. Foi padrinho do casamento do juiz com Rosangela. 
Que foi sócia de Zucolotto. Onde estão a informação e o problema?
O problema é: o escritório de Zucolotto, amigo do casal Moro, foi correspondente, colaborador, do 
escritório do advogado Tacla Duran. Depois investigado pela Lava Jato.
A informação da Receita Federal, ocultada pela Lava Jato, é: Tacla Duran, investigado na Lava Jato, 
fez pagamentos para o escritório de Zucolotto e Rosangela Moro.
Duran é acusado de lavar dinheiro e integrar organização criminosa. À época dos fatos Rosangela 
ainda estava no escritório de Zucolotto, segundo relato da Veja, documentado.
Há uma semana, na Folha, Monica Bergamo informava: Zucolotto, advogado amigo de Moro, 
acusado de intermediar negociações com a Lava Jato.
O acusador, esse mesmo Tacla Duran. E o que ele diz? Que Zucolotto tentou negociar para 
“melhorar” os termos da sua delação.
Tacla Duran, ex-advogado da Odebrechet, tem dupla cidadania. Não fez delação e refugiou-se na 
Espanha. Onde está livre.
Há dias, antes dessa informação acrescentada por Veja, Moro respondeu: “Zucolotto é profissional 
sério e competente”. E Tacla Duran “um acusado pela justiça brasileira”.
O que esperar sobre essas informações e história? Apuração e respostas. Sem imposição do 
estrondoso silêncio.

por Jeferson Miola

É intrigante o aumento do silêncio do juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato.
O silêncio deles é diretamente proporcional ao surgimento das novas revelações sobre os vínculos de Carlos Zucolotto Júnior e de Rosângela Moro com Rodrigo Tacla Durán, ex-funcionário da Odebrecht e foragido da justiça.
O juiz midiático e os não menos espalhafatosos procuradores da Lava Jato, sempre muito loquazes e garbosos frente às câmeras, os microfones e os púlpitos nos quais proferem suas rentáveis palestras, curiosamente parecem acometidos por uma síndrome de comedimento verbal.
Depois que Tacla Durán denunciou a proposta de suborno de Zucolotto Júnior – seriam US$ 5 milhões em troca de favorecimento em acordo de delação a ser firmado com a força-tarefa da Lava Jato – Moro e os procuradores se pronunciaram numa única ocasião, através de notas oficiais intencionalmente genéricas.
Assim mesmo, se manifestaram sem a ira e a indignação habitual com que reagem sempre e quando questionados. Além disso, espantosamente não anunciaram processos judiciais contra TaclaDurán, o que seria esperável caso se sentissem vítimas de crimes de calúnia, injúria e difamação.
Carlos Zucolotto sequer se pronunciou. Decerto ele se sentiu dispensado de prestar contas à sociedade, diante do gesto de solidariedade do juiz Moro, que estranhamente se incumbiu de defendê-lo. Em nota oficial, Moro declarou: "O advogado Carlos Zucolotto Jr. é advogado sério e competente, atua na área trabalhista e não atua na área criminal. ... O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me".
Rosângela é esposa de Moro, e Zucolotto o "amigo pessoal" e padrinho de casamento da Rosângela com o juiz Moro.
Rosângela e Zucolotto tiveram sociedade no escritório de advocacia que representava o escritório de Tacla Durán no Paraná, e eles receberam honorários por isso, como comprova o levantamento da Receita Federal.
O escritório de Rodrigo Tacla Durán, sabia-se já em 2015, quando a Receita Federal levantou as informações sobre o trabalho prestado por Zucolotto e Rosângela Moro [coincidentemente, Rosângela se desligou do escritório de Zucolotto na época em que o mesmo entrou no radar de investigação da PF e Receita Federal], era dedicado às falcatruas de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O mínimo que se esperaria de Moro e dos procuradores da Lava Jato seria o compromisso com o esclarecimento cabal dos fatos, para afastar quaisquer dúvidas sobre fatos que tem o potencial de escândalo da proporção de uma hecatombe.
O pregador religioso e procurador Deltan Dallagnol – que, aliás, sumiu desde que foram revelados detalhes dos seus investimentos no programa Minha Casa Minha Vida e no setor de palestras milionárias – bem que poderia dedicar seu recolhimento no ostracismo temporário para desenhar o power point do juiz Sérgio Moro.
Se fossem aplicados os mesmos critérios do Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato, este assunto seria tratado como um mega-escândalo, com conduções coercitivas, coletivas à imprensa, acobertamento do STF, cobertura integral no Jornal Nacional etc.

Nenhum comentário: