Jornal GGN - Economista e guru de Aécio Neves
(PSDB) na eleição de 2014, quando o tucano foi derrotado pela presidente
deposta Dilma Rousseff (PT), Armínio Fraga disse em entrevista à Folha
que foi "desagradável" ver o lado do tucano revelado pelo escândalo da
JBS. Vociferando os interesses do mercado, Armínio ainda defendeu que
Lula fique fora da disputa de 2018 e projetou a eleição de um presidente
que dará continuidade à agenda Temer na economia.
Na entrevista, sobre Aécio, Armínio disse: "Fiquei chateado.
Entendo que a política exija negociações variadas, que há uma disputa
por recursos do orçamento e tudo mais, mas ali havia muitos aspectos do
Brasil velho. Foi desagradável.
O tucano apareceu em grampo da JBS solicitando R$ 2 milhões a
pretexto de pagar sua defesa na Lava Jato. Porém, a Polícia Federal tem
indícios de que o dinheiro foi lavado por uma das empresas de José
Perrela. Um doleiro condenado por tráfico internacional de diamantes
também teria sido acionado para ajudar na operação.
"Na campanha presidencial de 2014, eu estava animado com a
possibilidade de trabalhar com Aécio. Acho que teria sido um bom
presidente, mas esse lado mais extremo eu não enxergava. É uma
tristeza", acrescentou Armínio.
Depois de criticar Michel Temer por também ser pego no caso JBS,
ele defendeu a agenda econômica do peemedebista. "Se a mudança na
direção da política econômica for mantida, consolida uma coisa muito
boa. Pode acontecer o contrário, uma guinada populista e ir tudo para o
brejo."
Quanto a Lula, afirmou que se o petista for candidato, "vai voltar
ao mesmo padrão de mentiras e promessas de antes. Ele declarou outro dia
que nunca o Brasil precisou tanto do PT quanto hoje. Para quê? Para
quebrar de novo? Para enriquecer todos esses que estão aí mamando há
tanto tempo? Acho que a campanha vai ser de baixíssimo nível."
Para 2018, Armínio apontou que o mercado deseja um candidato
outsider. "Existe a expectativa de que uma solução seria algo ao centro,
antipolítica, vindo de fora. Fala-se na ideia de procurar alguém como
[o presidente francês, Emmanuel] Macron."
Ele disse que o Congresso deve se manter "velho", dificultando o
trabalho de quem for eleito. Ainda assim, disse que "não devemos ter
medo. Um ajuste bem-feito, radical, provavelmente aumentaria nossa
capacidade de crescer. Daria muito mais espaço para o Banco Central
baixar os juros e alongaria os horizontes, destravaria muito o
investimento."
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