terça-feira, 4 de julho de 2017

POSTIÇO LIBERA R$ 4 BI EM EMENDAS. BOLSONARO E AÉCIO LIDERAM REPASSES





Denunciado por corrupção e rejeitado por mais de 90% dos brasileiros, Michel Temer decidiu 
abrir os cofres federais e gastar R$ 4,2 bilhões em emendas, apenas no mês de junho, para 
agradar parlamentares e se manter no cargo, que conquistou por meio de um golpe; 
curiosamente, os políticos mais beneficiados com as liberações de recursos foram o senador 
Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ); Aécio, que tem um pedido de 
prisão não julgado pelo STF, trabalha para manter o PSDB na base de Temer; o agrado a 
Bolsonaro se deve ao fato de o político exercer forte influência nas redes sociais – até agora, ele 
não deu um pio sobre os escândalos de Temer.

BRASÍLIA (Reuters) - Em meio ao recrudescimento com a crise política a partir da delação de 
executivos da JBS que o implicaram diretamente, o presidente Michel Temer ampliou fortemente a 
liberação de recursos de emendas parlamentares em junho.
Enquanto nos primeiros cinco meses do ano o governo havia liberado 959 milhões de reais em 
emendas e restos a pagar para deputados e senadores, somente no mês de junho esse valor foi de 4,2 
bilhões de reais, elevando o acumulado no ano a cerca de 5,2 bilhões de reais, conforme 
levantamento feito pela Reuters no sistema de gastos orçamentários do governo federal, o Siafi.
Esses recursos desembolsados contemplam o pagamento de emendas ao Orçamento de 2017 e de 
restos a pagar, que são recursos empenhados em anos anteriores, mas só liberados agora.
A título de comparação, no dia 9 de maio --poucos dias antes da divulgação da delação que implicou 
Temer feita por executivos da JBS-- a liberação acumulada no ano era de apenas 531,5 milhões de 
reais.
A liberação de emendas é um dos mecanismos mais tradicionais que os governos lançam mão para 
garantir a fidelidade da base aliada. Denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da 
República, Rodrigo Janot, Temer precisa garantir que o apoio à autorização para o Supremo Tribunal 
Federal (STF) julgar se recebe a acusação criminal contra ele não chegue aos 342 votos necessários.
O Palácio do Planalto quer ver rejeitada a autorização do STF para apreciar a denúncia oferecida por 
Janot em no máximo duas semanas, para não correr o risco de que novos fatos possam vir a 
desfavorecê-lo. Nesta terça-feira, por exemplo, Temer tem previsão de audiências pessoais no 
Planalto com duas dúzias de deputados entre 8h e 21h30.
O presidente disse em entrevista a uma rádio na segunda-feira estar "animadíssimo" e ter certeza 
"quase absoluta" de que a Câmara vai recusar o aval para o STF julgá-lo.
A base de dados usada pela Reuters é do Siga Brasil, ferramenta desenvolvida pelo Senado que dá acesso aos dados do Siafi.
Praticamente três quartos da verba é destinada para obras e ações indicadas por parlamentares para a 
área de saúde, que já recebeu 3,9 bilhões de reais nos seis primeiros meses do ano. Esse 
direcionamento se explica porque, desde 2005, o Congresso aprovou uma emenda constitucional que 
torna obrigatórios os repasses para esse setor, não podendo, dessa forma, o Executivo contingenciar 
os recursos para esse tipo de ação.
CAMPEÕES
A lista dos parlamentares mais bem agraciados com recursos chama atenção pelo fato de que, entre 
os deputados, o campeão de emendas é Jair Bolsonaro (PSC-RJ), com 18,5 milhões de reais no 
primeiro semestre do ano e, entre os senadores, Aécio Neves (PSDB-MG), com 18,4 milhões de 
reais no período.
Bolsonaro é o pré-candidato a presidente que mais cresceu em pesquisas de intenção de voto em 
meio à crise que abate as principais lideranças brasileiras. Aécio, ex-presidenciável em 2014 e hoje 
um dos principais defensores da permanência do PSDB na base de Temer, estava afastado do 
mandato desde o dia 18 de maio até a sexta-feira passada por ordem do STF.
O terceiro lugar em pagamento de emendas com 17,7 milhões de reais é o senador Cristovam 
Buarque (DF), do PPS, partido que chegou a pedir a renúncia do presidente e ensaiar um abandono 
da base após as delações da JBS, mas posteriormente recuou e permanece aliado ao governo com o 
objetivo de aprovar as reformas.
Do total de recursos distribuídos até o momento, 4,4 bilhões de reais foram destinados a deputados e 
apenas 789 milhões de reais para senadores.
A título de ilustração, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que poderá substituir 
Temer em caso de afastamento dele no comando do país se a denúncia for recebida, foi o 26º da lista, 
com 14,1 milhões de reais pagos em emendas.
Já o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), 
que comanda o colegiado que vai dar parecer sobre se concorda ou não em autorizar o STF a julgar a 
acusação contra o presidente, é apenas o 343º lugar da lista, com 7,1 milhões de reais.
A assessoria de imprensa de Bolsonaro informou que não se surpreende com o resultado de o 
deputado ser o campeão em liberação de emendas. Disse que é fruto do trabalho e que, após 
apresentação das emendas, não pressiona o governo pelo pagamento dos recursos, deixando essa 
tarefa a cargo das instituições beneficiárias.
A Reuters não conseguiu contato com a assessoria de Aécio.
Procuradas, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República e a Secretaria de Governo 
ainda não se não pronunciaram sobre o assunto.
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