26.mai.2017 - Familiares e amigos choram durante enterro de uma das vítimas do massacre
que deixou 10 mortos na fazenda Santa Lúcia, em Pau d'Arco (PA)
Pouco mais de 40 dias após o massacre que vitimou 10 trabalhadores rurais em ação da polícia, na
Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D'Arco (PA), um líder camponês do acampamento palco
da chacina foi assassinado a tiros na noite dessa sexta-feira (7). A informação é do advogado da CPT
(Comissão Pastoral da Terra) na região, José Batista, e foi confirmada por entidades que apoiam o
acampamento.
Segundo a ONG (organização não governamental) Justiça Global, a vítima foi um trabalhador rural
Segundo a ONG (organização não governamental) Justiça Global, a vítima foi um trabalhador rural
chamado Rosenildo, mas que era conhecido pelo apelido de "Negão". Ele foi morto com três tiros na
cabeça por volta das 22h. O crime aconteceu na cidade Rio Maria, a 61 km de Pau D'Arco, para onde
a vítima tinha fugido nessa sexta após suspeitar de movimentações estranhas.
"No dia anterior ele foi procurado no acampamento por pessoas estranhas, trafegando em um
"No dia anterior ele foi procurado no acampamento por pessoas estranhas, trafegando em um
automóvel", afirma José Batista, que está acompanhando o caso.
O líder era integrante da Liga de Camponeses Pobres --entidade que assiste o acampamento. "Ele era
O líder era integrante da Liga de Camponeses Pobres --entidade que assiste o acampamento. "Ele era
uma das lideranças do acampamento e sabíamos que estava sendo ameaçado de morte. Ele tinha
deixado o acampamento por essa razão, mas foi monitorado pelos criminosos", conta Batista.
Rosenildo integrava o grupo de trabalhadores rurais que decidiu novamente acampar na fazenda dias
Rosenildo integrava o grupo de trabalhadores rurais que decidiu novamente acampar na fazenda dias
após o massacre para cobrar reforma agrária da área. Ele não estava no grupo de presentes no dia da
ação policial que resultou em 10 mortes e dois feridos.
Ainda de acordo com a ONG Justiça Global, ele e outras três lideranças do acampamento estavam
Ainda de acordo com a ONG Justiça Global, ele e outras três lideranças do acampamento estavam
marcadas para morrer. Depois de receber a informação de que estava ameaçado, Rosenildo foi à
cidade de Rio Maria, onde iria passar o fim de semana. Ele iria se reunir com a Liga dos
Camponeses Pobres para definir medidas que iriam tomar de segurança.
Por conta do crime, organizações e movimentos de direitos humanos estão novamente se
mobilizando para cobrar uma ação urgente do Estado para resolver o conflito agrário.
O massacre
O massacre que vitimou 10 sem-terra aconteceu no dia 24 de maio, quando policiais foram cumprir
O massacre
O massacre que vitimou 10 sem-terra aconteceu no dia 24 de maio, quando policiais foram cumprir
mandados judiciais no acampamento referentes à investigação do assassinato de um segurança da
fazenda dias antes. Eles teriam sido acompanhados por seguranças da fazenda. Os policiais dizem
que foram recebidos à bala e reagiram. O caso teve repercussão internacional e foi a maior chacina
no campo desde Eldorado dos Carajás, também no Pará, em 1996.
Parte das terras da fazenda, de 5.694 hectares, foram ocupadas pelos trabalhadores em novembro de
2013, quando pediram a desapropriação.
As polícias Civil e Federal e o Ministério Público do Pará investigam o caso. Nesta semana foi
As polícias Civil e Federal e o Ministério Público do Pará investigam o caso. Nesta semana foi
realizada a reconstituição do caso.
Já se sabe que nenhum dos carros e coletes dos policiais envolvidos na ação teve marca de tiro, o que
Já se sabe que nenhum dos carros e coletes dos policiais envolvidos na ação teve marca de tiro, o que
reforça a tese apresentada por testemunhas de que houve chacina. Todos os policiais envolvidos no
caso estão afastados desde o dia 26 de maio.
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