segunda-feira, 10 de julho de 2017

MAIS UM TRABALHADOR É ASSASSINATO NO PARÁ


26.mai.2017 - Familiares e amigos choram durante enterro de uma das vítimas do massacre 
que deixou 10 mortos na fazenda Santa Lúcia, em Pau d'Arco (PA)

Pouco mais de 40 dias após o massacre que vitimou 10 trabalhadores rurais em ação da polícia, na 
Fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D'Arco (PA), um líder camponês do acampamento palco 
da chacina foi assassinado a tiros na noite dessa sexta-feira (7). A informação é do advogado da CPT 
(Comissão Pastoral da Terra) na região, José Batista, e foi confirmada por entidades que apoiam o 
acampamento.
Segundo a ONG (organização não governamental) Justiça Global, a vítima foi um trabalhador rural 
chamado Rosenildo, mas que era conhecido pelo apelido de "Negão". Ele foi morto com três tiros na 
cabeça por volta das 22h. O crime aconteceu na cidade Rio Maria, a 61 km de Pau D'Arco, para onde 
a vítima tinha fugido nessa sexta após suspeitar de movimentações estranhas.
"No dia anterior ele foi procurado no acampamento por pessoas estranhas, trafegando em um 
automóvel", afirma José Batista, que está acompanhando o caso.
O líder era integrante da Liga de Camponeses Pobres --entidade que assiste o acampamento. "Ele era 
uma das lideranças do acampamento e sabíamos que estava sendo ameaçado de morte. Ele tinha 
deixado o acampamento por essa razão, mas foi monitorado pelos criminosos", conta Batista.

Rosenildo integrava o grupo de trabalhadores rurais que decidiu novamente acampar na fazenda dias 
após o massacre para cobrar reforma agrária da área. Ele não estava no grupo de presentes no dia da 
ação policial que resultou em 10 mortes e dois feridos.
Ainda de acordo com a ONG Justiça Global, ele e outras três lideranças do acampamento estavam 
marcadas para morrer. Depois de receber a informação de que estava ameaçado, Rosenildo foi à 
cidade de Rio Maria, onde iria passar o fim de semana. Ele iria se reunir com a Liga dos 
Camponeses Pobres para definir medidas que iriam tomar de segurança.
Por conta do crime, organizações e movimentos de direitos humanos estão novamente se 
mobilizando para cobrar uma ação urgente do Estado para resolver o conflito agrário.
O massacre
O massacre que vitimou 10 sem-terra aconteceu no dia 24 de maio, quando policiais foram cumprir 
mandados judiciais no acampamento referentes à investigação do assassinato de um segurança da 
fazenda dias antes. Eles teriam sido acompanhados por seguranças da fazenda. Os policiais dizem 
que foram recebidos à bala e reagiram. O caso teve repercussão internacional e foi a maior chacina 
no campo desde Eldorado dos Carajás, também no Pará, em 1996.
Parte das terras da fazenda, de 5.694 hectares, foram ocupadas pelos trabalhadores em novembro de 
2013, quando pediram a desapropriação.
As polícias Civil e Federal e o Ministério Público do Pará investigam o caso. Nesta semana foi 
realizada a reconstituição do caso.
Já se sabe que nenhum dos carros e coletes dos policiais envolvidos na ação teve marca de tiro, o que 
reforça a tese apresentada por testemunhas de que houve chacina. Todos os policiais envolvidos no 
caso estão afastados desde o dia 26 de maio.
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