sexta-feira, 2 de junho de 2017

RECORD NEGOCIOU ENTREVISTA COM TEMER EM TROCA DE DÍZIMO DA CAIXA


Grampos mostram que o Moreira (Agorá) Franco encaminhou pedido da emissora instado por 
Aécio.

Grampos da Polícia Federal revelam telefonemas do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o 
ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral de Governo) e um executivo da TV Record 
negociando uma entrevista de Michel Temer na emissora em troca de publicidade da Caixa 
Econômica Federal, segundo reportagem do BuzzFeed, que divulgou o áudio do diálogo; o 
pedido da emissora acabou sendo negado pela área técnica do banco e a entrevista não foi 
realizada.

Conversas entre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Moreira Franco 
(Secretaria-Geral de Governo) e um executivo da TV Record indicam uma negociação para a 
emissora ter demandas atendidas pela Caixa Econômica Federal em troca de fazer uma entrevista 
com o presidente Michel Temer (PMDB).
A conversa, travada entre Aécio e Douglas Tavolaro, sobrinho do bispo Edir Macedo e vice-
presidente de jornalismo do grupo, fala em “juntar tudo num pacote e sair”.
Em outra conversa, citando o conhecimento do presidente Temer do pedido da Record, Aécio cobrou 
o ministro Moreira Franco para “entrar no circuito com o cara da Caixa” e este disse que já tinha 
encaminhado a demanda da emissora.
Tratava-se de um pedido de patrocínio da Record à Caixa — que foi negado pela área técnica do 
banco. Segundo a Caixa, foi o próprio Moreira Franco quem encaminhou o pedido da emissora. A 
entrevista da Record com Temer não foi realizada.
Em mais de um momento, durante um telefonema, Aécio e Moreira Franco dão a entender que há o 
aval de Temer. Em todos os diálogos, o telefone grampeado é o do senador Aécio Neves. Os 
grampos foram realizados na noite de 19 abril.
Naquele mês, Temer realizou um périplo de entrevistas à imprensa — estratégia que é elogiada pelo 
executivo da Record. O presidente, por exemplo, deu entrevistas exclusivas à TV Bandeirantes, duas 
ao SBT (uma delas ao apresentador Ratinho), além de rádios e agência de notícias. Na semana 
anterior, a delação da Odebrecht havia sido divulgada e colocado Temer em mais uma crise política.
Enquanto o Planalto montava um plano de entrevistas, Aécio Neves estava sendo grampeado pela 
Polícia Federal, em razão de ter sido flagrado em áudio pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley 
Batista, da JBS.
É nesse contexto que acontecem as conversas. São três diálogos num espaço de poucos minutos. Em 
resumo, Aécio e Douglas tratam de uma entrevista com Temer e o executivo pede ao senador para 
falar com Moreira Franco. Minutos depois, o tucano fala com ministro.
Fica claro qual era a demanda da Record: um “assunto paralelo” na Caixa. Aécio usou a seguinte
expressão ao pedir a Moreira Franco: “Entrar no circuito com o cara da Caixa”.
O tucano ainda avisa: “É aquelas coisas que não precisa falar por telefone”. Por fim, Aécio retorna a
ligação a Douglas e pede para ele procurar Moreira Franco.
Evaristo Sa / AFP / Getty Images
Tudo aconteceu num período de dez minutos. Primeiro, às 19h57. Era 19 de abril, uma quarta-feira.
O executivo da Record Douglas Tavolaro relata a Aécio que estava recebendo ligações do ministro 
Moreira Franco.
O executivo diz que, de propósito, não iria atender o telefonema, porque imaginava que seria um 
pedido de entrevista — e a resposta seria negativa.
“Só tem um jeito de sair. Se tiver uma coisa, entendeu?”, diz o executivo a Aécio. A Caixa não é 
citada ainda.
Ouça o diálogo de Aécio Neves com Douglas Tavolaro, executivo da Record: 19 de abril de 2017, 
19h57.

Nenhum comentário: