sexta-feira, 9 de junho de 2017

JOÃO PLENÁRIO AMARRA COM PSDB E PMDB SUA CANDIDATURA NA ELEIÇÃO INDIRETA


O Brasil é um circo.

O ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, aceitou concorrer à 
presidência da República numa eleição indireta, após a provável queda de Michel Temer, que, 
mesmo que escape no TSE, se tornou insustentável no poder; quem afirma é o jornalista 
Fernando Rodrigues, em seu serviço de notícias Drive; "O eleitor comum pode não gostar do 
desenrolar do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE, com a provável absolvição de 
Michel Temer. Mas o presidente da Corte está se saindo muito bem junto ao eleitorado que 
realmente lhe interessa: o baixo clero do Congresso", diz ele; ou seja: Gilmar deu caneladas na 
Lava Jato, no Ministério Público e no relator Herman Benjamin porque pretende ser eleito 
pela maior bancada do Brasil: a dos políticos investigados.

Por Luiz Carlos Azenha

Para entender como funciona o circo é preciso olhar por trás da lona.
Constituição, respeito às regras pré-estabelecidas, comportamento ético?
Quem tenta entender o Brasil a partir disso está fadado a naufragar.
A campanha das Diretas nos anos 80, por exemplo, foi lindíssima, mas desde o início foi utilizada 
como ferramenta para forçar a ditadura a aceitar o resultado de uma eleição indireta no Congresso: 
Tancredo contra Maluf.
Acabamos governados pelo oligarca Sarney, que mesmo fazendo um governo absolutamente 
desastroso ainda conseguiu prorrogar seu mandato por mais um ano utilizando concessões de rádio e 
TV como propina para comprar parlamentares.
O povo, no Brasil, é mero instrumento de pressão, mobilizado de acordo com o objetivo de elites 
político-partidárias, que nos bastidores negociam à revelia dos interesses populares. Nenhum 
princípio resiste a uma negociação de bastidores no Brasil.
Isso me ocorreu quando, no julgamento da chapa Dilma-Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral, 
ouvi o presidente do TSE, Gilmar Mendes, considerar absurda a abertura de inquérito para apurar 
ilicitudes supostamente cometidas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Gilmar sugeriu que os crimes estariam prescritos. Ora, pensei com os botões do Mino Carta, será que 
o Gilmar não deveria ter evitado dar o exemplo, uma vez que foi indicado para a Corte justamente 
por FHC?
Em intervenções anteriores, Gilmar frisou mais de uma vez que atribuía ao tamanho do Estado 
brasileiro o fenômeno da corrupção.
Se o Estado fosse menor, haveria menos chances de se corromper agentes públicos.
O curioso é que Gilmar, o sócio do Instituto Brasiliense de Direito Público, por um lado mama nas 
tetas do Estado brasileiro através de contratos com o poder público, mas de outro tira o foco do 
banqueiro Daniel Dantas, do empresário Eike Batista, da Odebrecht e da JBS quando é conveniente 
atacar o Estado e esquecer os corruptores.
Fiquei com a pulga atrás da orelha: as emissoras de TV de alcance nacional vão concentrar sua 
cobertura, certamente, na denúncia de que a chapa Dilma-Temer recebeu propina na campanha de 
2014. Não vão dizer que os adversários Aécio-Aloysio Nunes fizeram o mesmo, nem que Aloysio 
hoje serve ao governo corrupto de Temer.
Ora, se é assim, a quem se dirige o discurso de Gilmar Mendes?
Fernando Rodrigues, do Poder 360, desfez minhas dúvidas: ao PSDB, mas principalmente ao baixo 
clero do Congresso. O baixo clero vai se dar conta, se ainda não se deu, de que Gilmar Mendes tem 
hoje maior capacidade de guerrear a Lava Jato no campo do judiciário do que a desmoralizada trupe 
de Temer.
Foi justamente por isso que Rodrigo Janot atirou em Aécio mas mirava em Gilmar.
O discurso de Gilmar, portanto, é discurso de candidato ao Planalto pela via indireta, depois do 
desembarque dos tucanos do governo, previsto para acontecer semana que vem.
Gilmar é o mais próximo que o PSDB poderia desejar na presidência, mantendo Henrique Meirelles 
na Fazenda, o projeto de desmantelar o Estado brasileiro e ao mesmo tempo evitando que a Lava 
Jato devore os tucanos até 2018.
Não se esqueçam que, na suposta delação do ex-ministro Antonio Palocci, vazada como balão de 
ensaio no Correio Braziliense, figurariam com destaque o banqueiro Andre Esteves, do BGT Pactual, 
montadoras de automóveis e empresas de comunicação.
O vazamento colocará pesos pesadíssimos do PIB brasileiro na corrida por um acordão que enterre a 
Lava Jato o mais rapidamente possível. Gilmar, como sabemos, em suas decisões judiciais é 
amicíssimo do PIB.
Fernando Rodrigues reproduziu outra fala de Gilmar durante o julgamento no TSE: “Há exageros. 
Às vezes, por questões pequenas cassamos mandatos. É preciso moderar a ‘sanha cassadora‘, porque 
você coloca em jogo outro valor, que é o valor do mandato”. 
Isso soa como música aos parlamentares que estão sob investigação no Congresso.
Portanto, no horizonte, temos a possibilidade, em uma eleição indireta na Câmara, de um confronto 
entre Gilmar — “o neutro”e “apolítico” — contra Rodrigo Maia-Aldo Rebelo, que numa entrevista 
ao Nocaute deixou claro que pode se transferir para o PSB e rejeitou aliança com Lula.
O senador afastado Aécio Neves deixou claro, na conversa gravada por Joesley Batista, que faltava 
coragem a subordinados de Temer para fazer o que precisava ser feito contra a Lava Jato. Provocou a 
queda do ministro da Justiça, Osmar Serraglio. Mas, no teatro do TSE, o espetáculo de Gilmar foi 
um lembrete de o quanto ele pode trabalhar nos bastidores pelo resultado desejado.
Segundo Fernando Rodrigues, as regras de uma disputa eleitoral indireta seriam decididas pela Mesa 
Diretora do Congresso, composta pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente; deputado 
Fábio Ramalho (PMDB-MG), vice-presidente; senador João Alberto Souza (PMDB-MA), 2º vice-
presidente; deputado Giacobo (PR-PR), 1º secretário; senador Gladson Cameli (PP-AC), 2º 
secretário; deputado JHC (PSB-AL), 3º secretário; senador Zeze Perrella (PMDB-MG), 4º secretário.
Eunício, o “Índio”, é suspeito de receber R$ 2,1 milhões para aprovar a MP 613, que desonerou a 
cadeia de produção do etanol e beneficiou a Odebrecht; Fábio Ramalho, o Fabinho, é mais 
conhecido pelas festas que promove em seu apartamento funcional, com a presença de modelos-
manequins de reputação ilibada se comparada à de muitos deputados; João Alberto é filhote do 
oligarca José Sarney; Giacobo é aquele que ganhou R$ 134 mil em doze sorteios diferentes da Caixa 
em apenas duas semanas, em 1997; Cameli é outro investigado na Lava Jato; João Henrique Caldas é 
amigão de Eduardo Cunha e Zeze Perrella está sob investigação na Operação Patmos como sub-
receptor de propina, subordinado a Aécio Neves.
São os homens que pretendem definir as regras da escolha do futuro presidente do Brasil. E vocês 
ainda levam isso aqui a sério? Ouçam, abaixo, as conversas gravadas entre Aécio e Gilmar Mendes e 
Zeze Perrella.


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