segunda-feira, 29 de maio de 2017

VENEZUELA: CRISE E A HIPOCRISIA DA OEA


Que mensagem a OEA quer passar a seus aliados na região ao reconhecer pública e 
explicitamente que trabalha ativamente para prejudicar o governo venezuelano? 


Se ainda restava alguma dúvida sobre qual é a função da OEA (Organização dos Estados
Americanos) e como esse organismo atua em relação à Venezuela, a proposta de orçamento do 
Departamento de Estado e a ação do Estados-membros na última reunião do Conselho Permanente 
deixou tudo mais claro do que nunca.
Primeiro, o Departamento de Estado afirmou, no documento entregue ao Congresso estadunidense – 
e que aqui cito literalmente – veja bem, exatamente como está no texto, que “a Organização dos 
Estados Americanos promove os interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos no 
Hemisfério Ocidental através do combate da influência de países anti-Estados Unidos, tais como a 
Venezuela”.
Se o conteúdo dessa afirmação já é por si só bastante preocupante, a constatação de que esse é um 
documento público, facilmente acessado por qualquer pessoa, é ainda mais preocupante.
Esse é um tipo de linguagem geralmente encontrado em comunicações que são feitas bem longe dos 
olhos públicos.
O que significa fazer essa afirmação tão abertamente? Não é de hoje que se sabe que a OEA é uma 
extensão do Departamento de Estado. Mas, nesse documento, eles estão reconhecendo explicita e 
publicamente que a OEA está trabalhando ativamente para prejudicar o governo venezuelano. Foi 
um erro de algum estagiário? Ou estaria o Departamento de Estado passando uma clara mensagem
aos seus aliados na região?
Não bastasse isso, no último dia 24, o embaixador equatoriano na OEA se utilizou dos mesmos 
artifícios que vem sendo usados contra a Venezuela dentro da organização e colocou na pauta da 
reunião do Conselho Permanente uma discussão sobre a crise política no Brasil, à revelia da 
delegação brasileira, obviamente.
O objetivo do equatoriano não podia ser mais claro: demonstrar a parcialidade com que a 
organização trata assuntos relativos à Venezuela. E conseguiu. O que se seguiu à fala do embaixador 
equatoriano foi uma enxurrada de críticas e citações de artigos da Carta da OEA que haviam sido 
violados ao discutir “assuntos internos” do Brasil – artigos que vêm sendo repetidos à exaustão pela 
delegação venezuelana, e que caem sempre em ouvidos moucos.
O absurdo da situação não para por aí. Oito países rejeitaram a inclusão do tema na pauta. 
Coincidentemente, esses mesmos oito países fazem parte do grupo de Estados que está convocando 
uma reunião extraordinária de chanceleres para o próximo dia 31 para discutir o quê? A crise política 
na Venezuela.
A OEA tem um longo histórico de intervenções, começando com o golpe militar de 54 na 
Guatemala, passando pelo bloqueio à Cuba e a vergonhosa cumplicidade com os regimes militares 
na América Latina, para citar alguns exemplos.
A instituição, que deveria ser um organismo multilateral de concertação entre Estados iguais, é 
empregada cada vez mais abertamente como instrumento de promoção dos interesses 
estadunidenses, enquanto, ao mesmo tempo, busca obstruir a criação de outros foros que questionem 
essa hegemonia dos Estados Unidos.
Certos mesmo estão os cubanos, que há décadas chamam a OEA pelo nome que melhor expressa sua 
função: “Ministério de Colônias dos Estados Unidos”.
Clique aqui para acessar o vídeo da reunião do Conselho Permanente da OEA sobre a situação do Brasil (a partir dos 47 minutos do vídeo).
Clique aqui para acessar a justificativa de orçamento do Departamento de Estado dos Estados Unidos 
(a parte citada pode ser encontrada na página 186 do documento).
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