Lenín Moreno festeja a vitória
Publicado na DW.
O candidato do partido no poder no Equador, Lenín Moreno, foi declarado vencedor das eleições presidenciais de domingo (02/04), anunciou a comissão eleitoral. Seu rival, o banqueiro conservador Guillermo Lasso, não reconheceu a derrota e exigiu uma recontagem abrindo a porta para protestos e acusações de fraude eleitoral. Três sondagens o haviam dado como vencedor,.
Com 96,94% dos votos apurados, os resultados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apontam vantagem ao candidato do movimento esquerdista Alianza País (AP), Lenín Moreno, com 51,12% dos votos, contra 48,88% para Guillermo Lasso, candidato de centro-direita da legenda Creando Oportunidades (Creo).
Tanto Moreno como Lasso chegaram a comemorar a vitória, em meio a pesquisas de boca de urna contraditórias. A realizada pela Cedato e transmitida pela emissora Teleamazonas dava vitória do centro-direitista, enquanto a Perfiles de Opinión indicou, na emissora TC Televisión, que o vencedor seria Moreno.
Pouco após a divulgação dos dados de ambas as pesquisas, Lasso compareceu perante os correligionários e repetiu algumas promessas de campanha, como a de derrubar a lei de comunicação e deter a “perseguição” aos “perseguidos políticos”. Reunido com partidários num hotel na cidade de Guayaquil, Lasso disse que “a democracia e os cidadãos equatorianos venceram”. “Ganharam vocês, ganhou o Equador. Hoje [domingo] nasceu o novo Equador, o Equador da democracia, o Equador da liberdade.”
Em seguida, Moreno publicou em seu Twitter agradecendo ao povo equatoriano. “Os dados são claros. Com os dados que possuímos – completamente confiáveis –, temos uma vantagem muito, muito significativa.”
Lasso denuncia fraude eleitoral
Após a divulgação dos resultados pela CNE, Lasso mudou o tom e denunciou “pretensões de fraude” nas eleições realizadas neste domingo dizendo ter informado o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
Lasso anunciou que os assessores legais de sua candidatura “apresentarão no menor tempo possível todas as objeções” perante as supostas irregularidades nas eleições. “Não somos ignorantes, nem o são os equatorianos”, tuitou Lasso, horas depois de ter pleiteado a vitória com base nos resultados das sondagens. “Vamos agir democraticamente e respeitando as autoridades, mas vamos defender firmemente a vontade do povo”, afirmou.
Aos brados de “Fraude!”, milhares de simpatizantes de Lasso quebraram barricadas para tentarem chegar à sede da comissão eleitoral em Quito, antes de ser dispersados pela polícia. Confrontos semelhantes ocorreram perto dos gabinetes eleitorais em Guayaquil, onde Lasso votou. Os partidários de Moreno celebraram o resultado e acusaram a oposição de tentar desacreditar os votos.
O presidente da comissão eleitoral pediu calma: “O Equador merece que seus atores políticos mostrem responsabilidade ética e reconheçam a vontade democrática expressada pelo povo nas urnas. Nenhum voto foi dado ou tirado a ninguém”, disse Juan Pablo Pozo.
Vitória antecipada para Lasso
Três sondagens, incluindo uma que previu corretamente os resultados do primeiro turno, mostravam que Lasso venceria por seis pontos percentuais. Uma contagem rápida dos votos por uma organização local concluiu que houve um empate técnico com uma diferença de menos de 0,6 pontos percentuais. O grupo não indicou qual candidato tinha vantagem.
“A fraude moral da extrema direita não sairá incólume”, afirmou o presidente do Equador, Rafael Correa, no Twitter, referindo-se ao que Moreno chamou de sondagens enganadoras. “Que lástima! Surtos de violência em Quito, Esmeraldas, Ibarra e Azogues. O que eles não conseguiram nas urnas, querem alcançar na força”, escreveu Correa, aludindo aos protestos pró-Lasso.
Antes das eleições, Lasso disse também que expulsaria o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, da embaixada do Equador em Londres, num prazo de 30 dias após tomar posse. Já Moreno prometeu permitir que permanecesse na embaixada.
Impulsionado pelos preços do petróleo, o Equador registrou um crescimento econômico sólido de 4,4% ao ano nos primeiros oito anos da presidência de Correa, caindo em recessão em meados de 2015. Correa tem o apoio dos mais pobres, devido aos benefícios sociais que ajudaram a reduzir a pobreza de 36,7% para 23,3% no país de 16 milhões de habitantes. No entanto enfrenta acusações de corrupção e de ter esbanjado os lucros do petróleo.
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