quarta-feira, 5 de abril de 2017

A campanha da Globo contra o Ciências Sem Fronteiras e o ofício de enganar trouxas



por : Leonardo Mendes

Em qualquer curso de formação de jornalistas, uma das lições mais básicas é a de que é preciso publicar no mínimo os dois lados de qualquer notícia.
Esse é, por excelência, o ofício do repórter.
Ouvir as partes envolvidas e narrar de modo objetivo o fato, para fornecer ao público elementos suficientes para que ele tire suas próprias conclusões.
Mas agora veja o que faz o jornalismo da Globo.
Chamou a minha atenção essa semana o título e a chamada em veículos da família Marinho que dizia “Especialistas concordam com o fim do Programa Ciências Sem Fronteiras”.
Sem entrar no mérito da questão do fim do programa Ciência Sem Fronteiras, essa matéria é um atentado ao jornalismo.
Todos os especialistas concordam, ou só aqueles que a Globo sempre procura para justificar a própria opinião e fingir que o que faz é jornalismo?
A culpa poderia ser injustamente colocada apenas no repórter, mas é claro que se fosse um problema técnico na apuração, teríamos que acreditar então que se ele tivesse procurado apenas “especialistas” favoráveis ao programa (e contrários aos interesses de seus patrões) teria sido publicado também, o que é claro que jamais aconteceria.
Então não é que a Globo, seus repórteres e editores desconheçam o ofício do jornalista. Eles conhecem muito bem, mas o ofício que praticam é o estelionato.
Sabem também que seu público é incauto o suficiente para não perceber isso, e os que percebem já há tempos não fazem parte de seu público.
Enganar trouxas é uma questão de sobrevivência, em uma empresa que despontou como porta-voz da ditadura militar e desde então sempre esteve do lado errado da história.
Só a alienação massiva que ela própria provoca e os poderosos interesses a que serve explica que ainda hoje uma empresa de comunicação como essa seja a maior do país, e com um domínio que não é visto em nenhum país civilizado.
Assim fica difícil perdoar o repórter de matérias com “especialistas” que sempre concordam com a família Marinho, e dizer que ele não sabe o que faz. Acredito que ele saiba muito bem.
E saiba também que na verdade não é jornalista, é capanga.
E a Globo é uma organização criminosa.
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