quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A insensatez da maioria do PT no Senado, por Jeferson Miola



por Jeferson Miola

A democracia é a questão que organiza, classifica e divide a sociedade brasileira hoje – não só na política; mas, sobretudo, na vida.
Num lado, agrupam-se aqueles segmentos que estão na resistência democrática e popular em defesa da democracia, do Estado de Direito, das Leis, da Constituição e das conquistas do povo brasileiro.
No outro lado, estão aqueles que abastardaram a democracia e o Estado de Direito e que, com sentimentos mesquinhos, misóginos, racistas e machistas, perpetraram o golpe de Estado através do impeachment fraudulento da Presidente Dilma para impor a agenda ultra-neoliberal e eliminar as conquistas sociais.
Um e outro lado são integrados por classes e frações de classes: no lado da resistência, o espectro democrático e popular, a representação dos subalternos; noutro lado, o do regime de exceção, estão a oligarquia golpista e as distintas frações da classe dominante colonizada e dependente.
A luta pela democracia, portanto, assumiu o caráter de luta de classes; a luta democrática é o componente divisório da luta de classes hoje no Brasil.
A militância do PT e da esquerda social tem extraordinária consciência desta verdade. Expressão disso é a rebelião militante que erupcionou no interior do PT quando a direção partidária aventou a possibilidade de apoiar golpistas na eleição interna do Congresso.
Esta rebelião conseguiu reverter o equívoco que a bancada do PT na Câmara cometeria se apoiasse quaisquer dos candidatos golpistas para a presidência da Casa – o PT, então, por unanimidade se somou à candidatura de André Figueiredo, do PDT.
No Senado, todavia, a maioria da bancada do PT, à exceção de Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Fátima Bezerra, optou por liberar a bancada, o que permite o voto no senador Eunício de Oliveira, do PMDB de Cunha, Temer, Geddel, Padilha, Jucá – partido da linha de frente da conspiração que derrubou a Presidente Dilma.
A maioria da bancada do PT no Senado, acometida por uma espécie de alheamento da realidade [síndrome do cretinismo parlamentar], desprezou o apelo ruidoso da imensa massa de militantes, filiados, simpatizantes e parlamentares que não transige na luta democrática e no combate aos golpistas e ao regime de exceção.
Esta insensatez atinge pesadamente a imagem do PT. É um erro que mina a confiança na possibilidade de mudança do PT.
Quando a vontade majoritária do Partido é secundarizada pela autonomia de decisão dos mandatos parlamentares, não se está somente diante de um erro político e organizativo, mas de flagrante violação da democracia partidária.

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