Luis Nassif
Governador do Mato Grosso, Pedro Taques não é apenas mais um governador enredado com denúncias de corrupção. Ex-Procurador da República, sempre foi tratado pela corporação como um símbolo da boa política, da contribuição do Ministério Público à luta pela ética na política.
Tanto que, na véspera de deixar o cargo, o Procurador Geral da República Roberto Gurgel tirou da gaveta uma ação contra o presidente do Senado Renan Calheiros, candidato à reeleição, visando beneficiar a candidatura do colega Pedro Taques, então Senador pelo Mato Grosso.
Hoje, sai a notícia de que Pedro Taques caiu em uma delação premiada (https://is.gd/gCtys9) feita pelo Ministério Público no âmbito da Operação Rêmora, que investiga desvios da área de educação para sua campanha a governador.
Não é o primeiro caso de Catão apanhado com a boca na botija. Antes dele, o também procurador Demóstenes Torres foi vendido para a opinião pública como arauto da moralidade. Até descobrir suas ligações com o submundo do crime de Goiás.
Abaixo, uma pequena coletânea de intervenções de Taques, mostrando o risco de se apostar em moralistas exacerbados.
27 de setembro de 2012
Na sabatina de Teori Zavascki no Senado, o questiona sobre o “mensalão”. E indaga sobre o entendimento de enriquecimento ilícito. E lembra de César, “não basta ser honesto, mas tem que parecer honesto”, mostrando confusão de gênero.
E investe pesadamente contra Dias Toffoli – que ainda não tinha se aliado a Gilmar Mendes – bradando por sua suspeição (https://is.gd/6fZeN2)
- Ele não reúne condições mínimas para julgar com isenção - afirmou o senador, sublinhando o fato de as últimas informações darem conta de que o ministro não pretende sair do julgamento.
Prosseguiu em suas catilinárias sobre o mensalão:
- Além do assalto aos cofres públicos, o esquema causou uma profunda mácula na democracia brasileira, porque demonstrou a opção pelo autoritarismo".
Sobre embargos infringentes, onde diz que a partir da aprovação dos embargos o STF estaria comprometido ()
No discurso, se diz um “estivador do direito”, e que processo não tem capa. Enaltece os procuradores, delegados e juízes que estão exercendo uma função constitucional e desanca o Ministro que votou pela aceitação dos embargos.
- Na quarta-feira que vem, um ministro, sozinho, um ministro escoteiro, isolado, vai decidir os destinos não só daqueles condenados, mas ele vai discutir e vai decidir os destinos do próprio Supremo Tribunal Federal. Qual Supremo Tribunal Federal nós teremos na República Federativa do Brasil a partir desse julgamento? – questionou Taques.
Concede entrevista para as Páginas Amarelas de Veja. Segundo jornais de Mato Grosso,
A publicação de alcance nacional apresenta aos brasileiros um político livre de manchas, independente, defensor dos princípios constitucionais como legalidade, moralidade, da probidade e economicidade.
Taques e Gilmar acendem o Brasil de esperanças, ao declarar que acreditavam na retomada ética do país. Taques relembrou sua carreira como procurador da República e soltou o verbo contra eleitores que votam em corruptos:
- O governador puxou fatos do cotidiano e questionou algumas situações reais vividas no Estado. Deu um duro recado aos corruptos que, segundo ele, abusaram da confiança dos mato-grossenses. Mas não poupou aqueles eleitores que escolheram colocar corruptos no poder. “Não me digam que é normal um ex-governador estar preso. Um ex-presidente da Assembleia Legislativa e 8 ex-secretários de Estado também com idas e vindas da cadeia”.
Taques criticou a fala de Dilma Rousseff, dizendo indignada com a condução coercitiva de Lula:
- Eu não sairia desta sala com a consciência tranquila e não respeitaria o bom povo de Mato Grosso, que me mandou aqui, se não expressasse minha opinião. Entendo que não houve abuso ou perseguição. Ninguém está acima da lei. Todos, inclusive eu, podemos ser investigados. A lei não pode servir para beneficiar amigos nem para prejudicar inimigos.”
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