Um herói invisível
por : Paulo Nogueira
Luiz Carlos Ruas. Viveu invisível, como milhões de brasileiros que são, como ele, ambulantes.
Virou notícia na morte, aos 54 anos, na noite de Natal, no metrô de São Paulo.
Eu ia dizer que só então o enxergaram, mas eu estaria mentindo.
Ele continuou invisível enquanto dois homens jovens o espancavam até a morte. A idade somada dos
dois não chegava à dele.
Ruas estava invisível para os circunstantes, e assim os agressores puderam bater, e bater, e bater.
Em certo momento, como mostra um vídeo, os dois pareceram ter cansado de bater no ambulante
Ruas estava invisível para os circunstantes, e assim os agressores puderam bater, e bater, e bater.
Em certo momento, como mostra um vídeo, os dois pareceram ter cansado de bater no ambulante
estirado no chão.
Mas não. Eles voltaram e bateram mais. Luiz Carlos Ruas agonizou invisível.
Ninguém o socorreu. Onde os vigilantes do metrô? Onde pessoas solidárias?
A morte invisível é banal num país em que pobres não valem nada.
Entendo isso, embora lamente profundamente.
Mas a morte invisível não.
Ninguém viu Luiz Carlos Ruas em vida, mas sua morte tem que ser celebrada como o martírio de um
Mas não. Eles voltaram e bateram mais. Luiz Carlos Ruas agonizou invisível.
Ninguém o socorreu. Onde os vigilantes do metrô? Onde pessoas solidárias?
A morte invisível é banal num país em que pobres não valem nada.
Entendo isso, embora lamente profundamente.
Mas a morte invisível não.
Ninguém viu Luiz Carlos Ruas em vida, mas sua morte tem que ser celebrada como o martírio de um
heroi.
Ele morreu por fazer o que ninguém faz: defender alguém — outro invisível — que estava sendo
Ele morreu por fazer o que ninguém faz: defender alguém — outro invisível — que estava sendo
atacado pelos dois homens que acabaram por assassiná-lo. Foi morto pelo ódio. Morreu por amor.
Luiz Carlos Ruas, o ambulante invisível, é aquele tipo de heroi que amanhã todos terão esquecido.
Ou hoje mesmo.
Mas em sua lápide certamente simples, tosca, remota, típica dos homens e mulheres invisíveis do
Luiz Carlos Ruas, o ambulante invisível, é aquele tipo de heroi que amanhã todos terão esquecido.
Ou hoje mesmo.
Mas em sua lápide certamente simples, tosca, remota, típica dos homens e mulheres invisíveis do
Brasil, deveria estar escrito asssim.
LUIZ CARLOS RUAS (1962-2016) - FOI UM HEROI
LUIZ CARLOS RUAS (1962-2016) - FOI UM HEROI
A polícia afirma que identificou nesta segunda-feira (26) os dois homens filmados agredindo com
socos e pontapés na cabeça um vendedor ambulante na estação Pedro II do Metrô: Alípio Rogério
Belo dos Santos e Ricardo Nascimento Martins. Segundo a Globonews, a polícia prevê que os dois
devem se entregar nesta terça-feira (27). O ambulante identificado como Luis Carlos Ruas morreu. O
velório do ambulante será nesta terça-feira (27) no cemitério Vale da Paz, em Diadema. O
sepultamento está marcado para 16h30.
O delegado Oswaldo Nico Gonçalves disse à Globonews que os dois homens são primos, moram
perto um do outro e beberam muito no dia de Natal. O delegado contou que um deles disse que
estava muito aborrecido porque teve problemas com a mulher. No mesmo dia, um dos homens teria
socado a porta da vizinha na vila em que os dois moram.
A vítima ainda tentou correr até a bilheteria do Metrô, mas foi atingido por vários golpes e caiu. A
Polícia Civil informou que está investigando o caso por meio de um inquérito policial.
O delegado informou que a briga começou do lado de fora da estação do metrô e terminou já dentro
do terminal. Segundo ele, as agressões começaram depois que o morador de rua, que segundo ele era
uma travesti, chamou a atenção dos dois homens que urinavam na rua. A travesti teria sido agredida
logo em seguida, sendo ajudada por um momento por outra travesti.
“O senhor Ruas, que é um vendedor ambulante, foi tentar ajudar as travestis, e foi massacrado
covardemente até a morte. Uma cena triste, mas estamos trabalhando muito para poder prendê-los e
coloca-los atrás das grades ainda hoje. Se não for hoje, vai ser amanhã, na véspera de ano novo…
Mas não vamos descansar”, disse o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, que investiga o caso.
A esposa Maria Aparecida Cavalcante, conta que conversou com o marido 20 minutos antes das
agressões. Chamada por Ivani para socorrer Luis Carlos, ela afirma que encontrou o vendedor caído
e machucado. “Quando eu cheguei ele já estava no chão, todo deformado”.
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