quinta-feira, 6 de outubro de 2016

TARSO GENRO, 3 VEZES MINISTRO DO PT, VIRA SERVIÇAL DA MÍDIA GOLPISTA



Bajonas Teixeira

Em entrevista à Folha de São Paulo, em meio ao linchamento brutal do PT e de Lula pela Lava Jato 
em parceria com a mídia, Tarso Genro faz declarações serviçais no estilo que a mídia quer ouvir.
Repete sua atitude do início de março, quando dois dias após a condução coercitiva de Lula para 
depor no aeroporto de Congonhas, com a população democrática revoltada contra Sérgio Moro e a 
Lava Jato, deu entrevista também à Folha e afirmou que o “ciclo que levou PT ao governo está 
esgotado”.

Quando se espera que um político que teve sua
história ligada ao PT, demonstre indignação e
fúria, que ajude a levantar a resistência contra o
golpe, Tarso Genro faz o teatro da moderação,
pondera razões em avaliações medíocres, e dá
uma versão dos fatos que só podem servir a
disseminar prostração.
Hoje, ao ser perguntado como avalia a derrota e
a rejeição ao PT nessas eleições, investe sem
pudor na conciliação mais simplória, para, só ao
fim, arranhar sem nenhuma vitalidade a
verdadeira origem dos fatos. A derrota do PT,
segundo ele, “Representa, nesse sentido, o
sucesso de um duplo movimento, patrocinado pela direita neoliberal e pelo oligopólio da mídia: de
um lado, criminalizar a política, indicando que todos os políticos são iguais e que todos os políticos
são corruptos, como forma de substituir os políticos pelos ‘técnicos do ajuste’. De outro,
selecionando no ambiente político, como vítima especial desses ataques, o PT.” (negritos nossos)
Não é nada disso. O PT é o demônio para o qual converge toda a água benta e todas as cruzes e 
crucifixos que as elites têm em mãos. Essa é a terceira semana consecutiva de ataques intensivos e 
sanguinários, que se tornam ainda mais caluniosos na medida em que os outros partidos não são 
objeto desse bombardeio. Cadê as bombas contra o PSDB? Não existem. Então como falar que todos 
os políticos e todos os partidos estão sendo criminalizados?
Genro diz que tratam de “criminalizar a política, indicando que todos os políticos são iguais e que 
todos os políticos são corruptos”. Um absurdo essa frase. Primeiro, que o PT deveria ser medido pelo 
seu congênere, o PSDB. E o que acontece se fizermos essa comparação? Acontece que enquanto o 
PT é alvo de milhares e milhares de notícias negativas todas as semanas, sem falar das grandes 
operações e eventos espetaculares, o PSDB nada sofre.
Ao contrário. Toda mídia correu para exibir Aécio Neves – que coleciona denúncias – como o grande 
vencedor dessas eleições. Nenhuma palavra foi dita a respeito de qualquer investigação, de qualquer 
escândalo, e, muito menos, de qualquer calúnia, que o pudesse ter atingido.
A entrevista de Tarso Genro é uma declaração contundente, quase um documento, dos motivos pelos 
quais o PT chegou onde chegou, levado pelas mãos dos seus políticos de maior destaque. E de como, 
claro, no mesmo gesto em que avançaram pífias conquistas democráticas – no mesmo momento em 
que o país batia recorde na criação de bilionários – armaram os fundamentos (tal como o espírito 
policial criado com as UPPs), para a ascensão do fascismo que vivemos hoje.
Bolsonaro é um filho da UPP, não se pode ter dúvida quanto a isso. Em visita à UPP do Vidigal, em 
2012, Genro pôde ouvir de Sérgio Cabral essas palavras de agradecimento e louvor:
“O governador Tarso Genro foi o grande precursor do apoio à nossa política de segurança. Como 
ministro da Justiça, apostou na nossa política de segurança. E a partir disso, a gente pôde realizar 
grandes parcerias com o Governo Federal. É um prazer trazê-lo aqui para mostrar um dos filhos dele, 
uma das UPPs que ele ajudou a construir - disse o governador Sérgio Cabral.” (Ver o VÍDEO no 
Youtube)
Esse homem, que ajudou a soltar sobre a população pobre do Rio de Janeiro – junto com Eike 
Batista, quem financiou parte do projeto das UPPs – a mais violenta repressão policial de todos os 
tempos, tudo aquilo que o PT condenou durante décadas, pergunta agora, em retórica agradável aos 
ouvidos da Folha, se o PT não se “envolveu em práticas que sempre condenou?” Não é curioso?
No momento em que era preciso denunciar com todas as forças a campanha massacrante contra o PT, 
visando prender Lula o mais rápido possível, não se poderia esperar desse ex-ministro da Educação, 
das Relações Institucionais e da Justiça da Justiça, outra coisa que a apresentação dessa espécie de 
delação premiada voluntária.
De uma só vez ele apresenta um testimonium paupertatis e uma certidão de óbito intelectual, ao 
tentar – embora tenha sido um dos políticos que mais altos cargos ocupou nos dois governos Lula –, 
lavar as mãos e entregar o ex-presidente de bandeja aos leões da mídia e da Lava Jato.
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