Luis Nassif
A campanha “Fora Temer” está crescendo em uma velocidade surpreendente. Não se trata mais de
mero esperneio. Caminha para se tornar elemento relevante, capaz de desequilibrar o jogo político.
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O golpe político encaixa-se perfeitamente na estratégia denominada de “teoria do choque” –
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O golpe político encaixa-se perfeitamente na estratégia denominada de “teoria do choque” –
desvendado pela escritora e ativista Naomi Klein.
A estratégia foi desenvolvida pela Escola de Economia de Chicago e consiste em se valer de grandes
tragédias – terremotos, guerras, golpes de estado, hiperinflação – para trabalho de desconstrução do
passado, desarticulação do normal político para impor rapidamente um receituário radical, como se
fosse a única rota de salvação.
Esse modelo de choque estreou no Chile de Pinochet, foi aplicado no Iraque, após a derrubada de
Esse modelo de choque estreou no Chile de Pinochet, foi aplicado no Iraque, após a derrubada de
Sadam Hussein e, quase sempre, significou o desmonte do que existia de redes sociais ou de políticas
autônomas de desenvolvimento sem conseguir construir uma alternativa eficiente em seu lugar.
Essa teoria também foi aplicada com sucesso em Nova Orleans, após o furacão Katrina. Com a
Essa teoria também foi aplicada com sucesso em Nova Orleans, após o furacão Katrina. Com a
região totalmente destruída, rapidamente implantou-se um novo sistema educacional. Em vez de
recuperar as escolas públicas destruídas, ofereceram bônus para matrículas em escolas privadas, a
seco, sem nenhuma espécie de planejamento e sem coordenação pública. Destruiu o sistema de
ensino local.
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Segundo Naomi, a estratégia consiste, primeiro, na desconstrução diuturna do passado, dos conceitos
Segundo Naomi, a estratégia consiste, primeiro, na desconstrução diuturna do passado, dos conceitos
que vigoraram até então, e do aprofundamento da crise, até a opinião pública assimilar a percepção
de que se instaurou a total falta de perspectivas. Sobre esse caos, diz Naomi, apresentam-se os três
pontos que conduzirão o país rumo à salvação: livre fluxo de capitais, redução dos programas
sociais, e desregulação total com privatização selvagem. E tudo tem que ser implementado
rapidamente, para impedir a reorganização das forças e ideias contrárias. Coincidência com o quadro
brasileiro? Evidente que não.
O livro é bem anterior ao golpe. A ida de Aloysio Nunes ao Senado norte-americano, em pleno
processo do impeachment, a visita do Procurador Geral da República (PGR) ao Departamento de
Estado, em pleno início da estratégia de desestabilização, a receita salvadora apresentada, composta
exatamente dos três pontos registrados no livro de Naomi – são tão sem imaginação que nem
cuidaram de tropicalizar a receita -. todo esse conjunto não é mera coincidência.
Analisarei o tema em um próximo Xadrez.
O que importa, no momento, é que está se formando uma onda na opinião pública que poderá
desequilibrar o jogo.
Não há sinal de que o “Fora Temer” irá arrefecer. Nos próximos dias entrarão na pauta do Senado os
Não há sinal de que o “Fora Temer” irá arrefecer. Nos próximos dias entrarão na pauta do Senado os
temas fiscais, o avanço nos direitos dos aposentados a seco, sem negociação. Além disso, a mera
presença de pessoas como Geddel e Padilha falando em nome do governo – ao lado de Temer – é um
estímulo diário à revolta e indignação da opinião pública. É vergonhoso! Não há outro termo. É de
dar ânsia de vômito!
O “Fora Temer” está vindo acompanhado de um desnudamento gradativo das artimanhas do golpe.
Há luz à frente, e não é apenas o da locomotiva chegando na contramão.
O “Fora Temer” está vindo acompanhado de um desnudamento gradativo das artimanhas do golpe.
Há luz à frente, e não é apenas o da locomotiva chegando na contramão.
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