Da China, onde participa de reunião do G20, Michel Temer minimizou os protestos que
ocorreram todos os dias em São Paulo e em várias capitais do País, desde que o Senado
confirmou o afastamento da presidente Dilma Rousseff; "São pequenos grupos, parece que são
grupos mínimos, né? (...) Não tenho numericamente, mas são 40, 50, cem pessoas, nada mais do
que isso. Agora, no conjunto de 204 milhões de brasileiros, acho que isso é inexpressivo. O que
preocupa, isto sim, é que confunde o direito à manifestação com o direito à depredação", disse
ele, neste sábado 3; megamanifestação está prevista para ocorrer na tarde deste domingo;
pesquisa Ipsos revelou que 68% dos brasileiros – 140 milhões de pessoas – o rejeitam
Da Rede Brasil Atual
“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém,
Da Rede Brasil Atual
“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém,
como foi com o estudante Edson Luís (1968). Então dizem que a culpa é do manifestante, pois a
violência partiu deles. Isso que ninguém da minha geração pode compactuar. O terrorismo do
Estado é gravíssimo. O poder dele para reprimir é muito forte. Assim começam as ditaduras.
Não precisam ser militares, podem ser civis disfarçadas”, afirmou a presidente afastada Dilma
Rousseff, fazendo referência à jovem Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo ao
ser atingida por uma bala de borracha
“É a segunda vez que votam meus direitos políticos. Fui condenada três vezes na ditadura (1964-
“É a segunda vez que votam meus direitos políticos. Fui condenada três vezes na ditadura (1964-
1985). Ontem, como hoje, ilegítimo”, definiu a ex-presidenta Dilma Rousseff, em entrevista
concedida ontem (2) para a imprensa internacional. Ao traçar paralelos entre os golpes, mostrou
preocupação sobre o futuro: “Prefiro a voz surda das ruas do que os silêncio das ditaduras (…) sei
como começa e como termina a história”.
“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém, como
“As pessoas vão para as ruas e vem a repressão. Cegam uma menina. Depois, matam alguém, como
foi com o estudante Edson Luís (1968). Então dizem que a culpa é do manifestante, pois a violência
partiu deles. Isso que ninguém da minha geração pode compactuar. O terrorismo do Estado é
gravíssimo. O poder dele para reprimir é muito forte. Assim começam as ditaduras. Não precisam ser
militares, podem ser civis disfarçadas”, afirmou em referência às recentes ações violentas da Polícia
Militar contra atos contrários ao governo de Michel Temer (PMDB). Não é possível que não se possa
falar o que quiser, como 'Fora, Temer'. Quando começamos a ter medo das palavras, começa a
arbitrariedade. Temer as palavras leva a isso. Veja, jamais tivemos medo das palavras, conheço uma
ditadura na pele”, disse.
Em relação ao processo de impeachment, Dilma lamentou que, junto com ela, “foi julgada a
democracia”. “Acho gravíssimo que um programa não eleito nas urnas seja executado. Parte da
sociedade vai entender isso progressivamente. Infelizmente perdemos e espero que saibamos como
reconstruir a democracia. Também espero que sejamos capazes de ter a clareza de que isso nunca
mais pode acontecer”, disse. “O golpe parlamentar atua como um parasita que corrói a democracia”,
completou.
Dilma argumentou que, com alterações na economia mundial, o Congresso arquitetou formas de
Dilma argumentou que, com alterações na economia mundial, o Congresso arquitetou formas de
desestabilizar seu governo. Além do impeachment, as ações do Legislativo aprofundaram a crise. “A
crise econômica começa no final de 2014 nos países emergentes (…) No Brasil, o maior componente
foi a crise política. Ela impede sistematicamente a retomada do crescimento econômico. Ao longo de
2015, tivemos todos os projetos negados pela Câmara ou aceitos com alterações. Também tivemos as
pautas-bomba”.
“O segundo ponto importante foi a ação do ex-presidente da Casa e deputado afastado Eduardo
“O segundo ponto importante foi a ação do ex-presidente da Casa e deputado afastado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). Ele é o grande articulador do golpe. Houve uma deliberada tentativa de
desestabilizar o meu governo. Além de não aprovar o que mandávamos, eles ampliaram os gastos.
Chegamos ao ponto de R$ 130 bilhões em estoque de pautas-bomba no Congresso. Em 2016 piorou:
o Legislativo não funcionou. Do dia da abertura, até cinco dias antes de meu afastamento, nenhuma
comissão funcionou na Casa”, disse a petista.
Dilma criticou o argumento para sua deposição e ressaltou pontos positivos das gestões petistas nos
Dilma criticou o argumento para sua deposição e ressaltou pontos positivos das gestões petistas nos
últimos 13 anos. “Senadores do PSDB e do DEM dizem que os motivos pelo impeachment e as
causas da crise são o Plano Safra e os decretos de crédito suplementar. Isso é ridículo, é subestimar a
inteligência das pessoas (…) Hoje, o Brasil tem fundamentos sólidos: US$ 378 bilhões em reservas,
quando o FHC deixou o governo tinha US$ 34 bilhões. Nossa dívida não é mais denominada em
dólares, e sim em reais. Isso significa que controlamos nossa economia, diferente nos tempos
anteriores, onde qualquer crise no exterior causava uma corrida contra o real”, argumentou.
Mudanças
Dilma reafirmou seu apoio à convocação de eleições diretas e afirmou que mudanças são necessárias
Mudanças
Dilma reafirmou seu apoio à convocação de eleições diretas e afirmou que mudanças são necessárias
no modelo político brasileiro. “Não existe uma ação homogênea de partidos no Brasil. Por isso,
quando propusemos um plebiscito para chamar eleições, falamos de reforma política. Precisamos
criar governabilidade. Veja, o FHC precisou de três partidos para obter maioria simples no
Congresso e quatro para a composta. Lula precisou de oito e 11. Eu precisei de 14 e 20. Isso, além de
que os partidos não tem unidade, na hora de votação, atuam por interesses”, disse.
“Temos que trabalhar para aprofundar o caráter programático dos partidos. Ninguém terá uma
governabilidade que não seja 'toma lá, dá cá'. É difícil conviver neste sistema se você tiver
convicções. Por isso me chamam de dura, porque recuso e recusei (negociatas). Ora, Cunha queria
que três deputados do PT votassem contra sua cassação para que não passasse o impeachment. Não é
porque me retiraram da presidência que este processo amenizou”, completou.
Questionada sobre atuações futuras, Dilma disse que nunca deixou a política de lado, mesmo sem
Questionada sobre atuações futuras, Dilma disse que nunca deixou a política de lado, mesmo sem
atuar em cargos eletivos. “Sempre fiz política sem ter mandato. Não fui presa durante a ditadura
enquanto parlamentar. Fui militante e presidente. Não tenho nenhum projeto muito claro, mas para
mim, a política é quando me coloco a questão: 'O que acho correto, o que posso fazer para o
conjunto de homens e mulheres que dividem comigo este tempo histórico?'. Política é a obrigação de
pensar nos outros, não apenas (de forma) partidária”, concluiu.
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