terça-feira, 2 de agosto de 2016

LULA: “FUI À ONU PARA EXIGIR QUE HAJA RESPEITO”


Em entrevista à Rádio O Povo de Fortaleza, nesta manhã, o ex-presidente fez duras críticas à 
forma como vêm sendo feitas as investigações que envolvem seu nome; "Hoje há um abuso. Eu 
quero saber o seguinte: é possível fazer uma investigação séria? É possível você colocar a 
pessoa na cadeia sem condenar nas manchetes de jornais? É possível primeiro provar que a 
pessoa tem para depois divulgar o nome dela ou é necessário primeiro achincalhar a pessoa 
para depois provar?", questionou; ele também criticou "vazamentos seletivos" do MP e da PF 
para a imprensa; "É por isso que fui à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Para exigir 
que haja respeito, a única coisa que eu quero é respeito, o Lula não quer ser tratado 
diferentemente da pessoa mais pobre desse país"; ouça a íntegra



O ex-presidente Lula fez duras críticas à forma como vêm sendo feitas as investigações que 
envolvem seu nome em entrevista concedida na manhã desta terça-feira 2 à Rádio CBN O Povo, de 
Fortaleza, onde Lula esteve na noite de ontem em evento que oficializou a candidatura da deputada 
federal Luizianne Lins (PT) à prefeitura. Ele criticou "vazamentos seletivos" e explicou por que 
entrou com recurso na ONU contra o juiz Sérgio Moro por abuso de poder.
"Hoje há um abuso", disse, em referência à Operação Lava Jato. "'Eu vou vazar de forma seletiva na 
sexta para a imprensa o que eu quero que seja explorado no fim de semana'. Eu quero saber o 
seguinte: é possível fazer uma investigação séria? É possível você colocar a pessoa na cadeia sem 
você condenar nas manchetes de jornais? É possível você primeiro provar que a pessoa tem para 
depois divulgar o nome dela ou é necessário primeiro achincalhar a pessoa pra depois você provar? E 
se você não prova não tem mais como salvar aquela pessoa que já foi achincalhada a vida inteira", 
disparou.
"Hoje a Polícia Federal não investiga, ela acusa, ela denuncia para a imprensa, o Ministério Público 
vaza coisa para a imprensa, quer investigar e quer julgar ao mesmo tempo. Muitas vezes o juiz fala o 
que vai fazer antes de ter prova. É por isso que fui à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Para 
exigir que haja respeito, a única coisa que eu quero é respeito, o Lula não quer ser tratado 
diferentemente da pessoa mais pobre desse país", acrescentou. "Como eu quero o respeito pro mais 
pobre, eu quero respeito para mim", completou.
Ele disse ser "mentira" o que o ex-senador Delcídio Amaral diz sobre ele em delação premiada, e 
critica o fato de ter sido essa delação que baseou o indiciamento contra ele pela Justiça Federal de 
Brasília. "Aí vai o Delcídio fazer uma delação premiada, envolve meu nome numa mentira que é só 
olhar na cara dele que você sabe que é mentira. E é isso que baseia meu indiciamento", comentou. 
"Eu como ser humano fico sentido, porque eu exijo respeito e foi por isso que eu entrei na Comissão 
de Direitos Humanos da ONU", reforçou.
Lula também disse que Michel Temer não age como um presidente interino e que foi "desrespeitoso" 
com a presidente eleita Dilma Rousseff. "Ele não é um governo interino, ele tomou atitude como se 
fosse um governo definitivo, como se já tivesse decidido o impeachment, como se a Dilma já tivesse 
fora definitivamente. Ele começou a mudar tudo e a tomar atitude que não é correta de um presidente 
interino, mudando cargos no primeiro, no segundo, no terceiro, no quarto escalão. Ele tomou atitude 
desrespeitosa com a Dilma", disse.
Sobre o processo de impeachment, Lula acredita haver chances de reverter o resultado e anunciou 
que estará em Brasília na próxima semana para conversar com alguns senadores. "Câmara e Senado 
não têm nenhum direito de cassar a Dilma por crime de responsabilidade. A Dilma deve ser julgada 
pelo final do mandato dela e pelo povo, não pelo Congresso", destacou o ex-presidente, lembrando 
que não há crime provado contra ela. "A gente ainda nem apagou da memória os requícios do golpe 
militar de 64 e vem aí um outro golpe parlamentar em cima de um governo democraticamente 
eleito", acrescentou.


"Eles terão de prestar conta para a consciência deles. Porque daqui alguns anos, são os netos 
deles que irão perguntar se o avô é golpista. O bisneto vai perguntar se o bisavô foi golpista e 
eles vão ter que explicar".

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