terça-feira, 19 de julho de 2016

DATA FALHA : O BRASIL MIDIOTICO


Rindo do quê?

por : Paulo Nogueira

É assim que se produz o “jornalismo de guerra”, para usar a expressão com a qual o editor do Clarín 
definiu o trabalho com que seu jornal sabotou sistematicamente Cristina Kirchner.
Aparece um DataFolha devastador para Temer, uma pesquisa que deveria levar senadores não 
comprometidos com o golpe a refletir seriamente sobre a votação que vai definir o impeachment.
Vejamos.

1) Apenas 14% dos ouvidos aprovam Temer. É a miséria da miséria, uma percentagem de fim 
de administração em crise, mas não de um alegado início de “governo de salvação nacional”.

2) Um terço das pessoas sequer sabe o nome de quem está na presidência. Isto dá o tamanho da 
insignificância de Temer.

3) Metade dos brasileiros quer Temer fora já, ou mediante a volta de Dilma ou por um 
plebiscito.

Mesmo assim, você lê nos colunistas ligados a Temer que ele está comemorando o Datafolha.
Comemorando o quê?
O único ponto realmente favorável a Temer foi a edição fantasiosa que a Folha deu à pesquisa, o que 
acabou por dar o tom para os demais jornais.
“Metade dos pesquisados prefere Temer a Dilma” foi o destaque da Folha e do resto da mídia.
O colunista do Globo Ricardo Noblat, a partir disso, decretou que os brasileiros preferem Temer a 
Dilma. (Noblat é um dos mais fanáticos soldados do jornalismo de guerra imposto pelos donos da 
mídia.)
Foi exatamente aquela licença poética que Temer acabou por adotar e festejar, como noticiou hoje 
outro colunista do Globo, Ilimar Franco.
Mas é uma festa de mentirinha, feita para enganar analfabetos políticos e senadores indecisos.
Por mais ginástica que se faça com os números do Datafolha, o resultado para Temer é uma tragédia.
Quanto mudaram as coisas desde a saída de Dilma é claro. Pouco antes do golpe, o Globo deu uma 
manchete na qual afirmava que o placar da vontade popular, com base em manifestações, era 93% 
pelo impeachment versus 7% contra.
Foi uma das etapas mais baixas do jornalismo de guerra dos irmãos Marinhos, que com o pai 
Roberto aprenderam a fazer qualquer coisa pela manutenção de suas mamatas e privilégios à base de 
dinheiro público.
Temer joga tanta desesperança sobre os brasileiros que, às vésperas de uma Olimpíada que deveria 
trazer celebração e otimismo, o ambiente é de melancolia profunda. O Datafolha diz que metade dos 
brasileiros é contra os jogos.
Escrevi em outro texto: é a temerite, doença derivada de Temer que espalha desalento e depressão.
O Brasil está com temerite aguda.
Temer não tem por que festejar nada — por mais que a imprensa amiga, com seu jornalismo de 
guerra, finja que tem.
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