sexta-feira, 24 de junho de 2016

MORO, O GUARDA COSTA DE TEMER



POR FERNANDO BRITO

Para usar a linguagem das ótimas análises de Luís Nassif, que compara aos movimentos do xadrez os 
lances da política – e aqui no Brasil, cada vez mais política se confunde com política – o que 
aconteceu hoje foi um “roque”.
O roque, para os iniciados, consiste em um movimento de inversão entre torre e rei, trazendo este 
mais para o canto do tabuleiro, em posição mais protegida. Sua finalidade é salvar o rei de um 
possível xeque.
A torre, o Ministro da Justiça e única indicação exclusivamente pessoal de Temer, foi ontem a 
Curitiba, limpar as “casas” que pudessem impedir o movimento planejado.
Porque, basta olhar o despacho do juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Criminal de São Paulo 
para ver que as ações tomadas hoje (23) estão autorizadas há exatos 20 dias, desde 3 de junho.
Ironicamente, com a ordem de “cumpra-se com urgência”.
Os enxadristas sabem que não se faz o roque cedo demais.
Em 12 horas, saíram de cena os perigosos personagens que ameaçavam fazer a Lava Jato avançar 
para as cercanias de Michel Temer e voltou-se aos “malditos petralhas” como personagens 
exclusivos, num história, a rigor, mixuruca.
Muito mais do que eu e você, Janot e o Supremo sabem ler despachos judiciais para perceber o baixo 
grau de solidez e a insegurança do próprio juiz que tomou as decisões.
Não vai ser surpresa que caiam e o tabuleiro volte à configuração anterior.
O problema é que o PT é um jogador tão bisonho que demora a agir e muito mais a reagir.
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