Marcelo Auler
Não foi ato falho, daqueles que se comete no meio de um debate, entrevista ou discussão. Afinal, está no papel apresentado em juízo. Ao impetrar uma ação de indenização contra o jornalista Luis Nassif, do JornalGGN, o delegado Igor Romário de Paulo, Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado (DCOR) da Superintendência da Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR) acaba admitindo aquilo que todos falam mas que os membros da Força Tarefa da Operação Lava Jato negam: o viés político da mesma.
Segundo ele, as críticas que sofreu de Nassif no artigo que o JornalGGN publicou em 2 de fevereiro – Com excesso de poder, a Lava Jato pode ter virado o fio – tem como justificativa o fato de a Lava Jato ter sido algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores. O texto contido na inicial da ação impetrada no 6º Juizado Especial Cível do Paraná diz;
“A atitude do Réu é indecorosa e imoral por querer imputar condutas criminosas ao Autor apenas pelo fato desse ser um Delegado da Operação Lava Jato, Operação que se mostrou algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores, exatamente o partido que o Réu defende“.
A matéria da qual o delegado Igor decidiu reclamar é justamente uma análise política de Nassif sobre a chamada Operação Triple X. Nela, ele defende:
“Se havia alguma dúvida sobre o caráter politico da Lava Jato, a Operação Triple X desfaz qualquer dúvida, especialmente após as explicações dadas pelo Instituto Lula. É possível que, com os últimos exageros, a Lava Jato esteja virando o fio.
Lá, se mostra que as tais informações novas, que justificaram a autorização do juiz Sérgio Moro para deflagrar a operação, constam pelo menos desde agosto do ano passado na ação do Ministério Público Estadual (MPE) paulista sobre a Bancoop. Não havia novidade. Foram reavivadas pelos procuradores e pelo juiz Sérgio Moro apenas para criar um fato político na véspera da abertura dos trabalhos legislativos”.
Como o pedido de censura feito pelo delegado não foi atendido, ainda é possível ler o artigo de Nassif.
Se já não existiam dúvidas antes, agora é que a tese do viés político das operações se confirmou na voz de um dos seus coordenadores. Afinal, ele reconhece, a Lava Jato, “se mostrou algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores”. Tudo o que se diz que este é o objetivo maior dela.
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