terça-feira, 26 de abril de 2016

O simbólico ato de lavagem do STF


Jornal GGN – Nessa segunda-feira (25), cerca de 200 manifestantes se reuniram em Brasília 
para lavar a calçada em frente ao prédio do STF. O ato foi um protesto contra a demora no 
julgamento do pedido de afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara. 
Com vassouras, baldes de água e sabão em pó, os manifestantes pediram celeridade no 
processo. 

Manifestantes lavam calçada do STF e pedem julgamento de Cunha


O impeachment foi negociado e a permanência de Cunha na presidência da Câmara 
compromete a democracia, avalia a deputada Érika Kokayv

Cerca de 200 pessoas lavaram, nesta segunda-feira (25), a calçada em frente ao edifício do Supremo 
Tribunal Federal (STF) como forma de protestar contra a demora no julgamento do pedido de 
afastamento do cargo do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O ato foi organizado pela sociedade civil “indignada com a paralisia do STF em julgar o afastamento 
de Cunha”, como definiram os próprios articuladores do protesto, já que o pedido de afastamento de 
Cunha foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), há 131 dias, em 16 de dezembro de 2015, e 
ainda não foi apreciado pela corte.
O pedido do MPF menciona um comportamento de Cunha “incompatível com o devido processo 
legal, valendo-se de sua prerrogativa de Presidente da Câmara dos Deputados unicamente com o 
propósito de autoproteção mediante ações espúrias para evitar a apuração de suas condutas”. Nesta 
sexta-feira (22), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, voltou ao tema ao dizer que Cunha 
utiliza seu cargo e seu mandato “para intimidar colegas, réus que assinaram acordos de delação 
premiada e advogados”.
Munidos de vassouras, bandeiras do Brasil, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do PT, 
além de baldes de água e sabão em pó, os manifestantes pediam aos ministros do STF urgência no 
julgamento. “Cunha, ladrão, seu lugar é na prisão”, “Bate panela, pode bater, quem tira o pobre da 
miséria é o PT”, “Golpistas, facistas, não passarão!” e “Fora, Cunha!” eram os principais gritos 
ecoados pelos participantes do ato, enquanto lavavam a calçada do STF.
Nos cartazes, lia-se que estavam ali “em defesa do voto dado a Dilma” e para pedir ao STF que 
“olhasse o outro lado da rua”, em referência ao Congresso Nacional. O “Vamos lavar o Supremo – 
Ato fora, Cunha” é apenas uma das manifestações programadas para os próximos dias que integram 
a agenda contra o golpe. O ponto está programado para o 1º de Maio, próximo domingo (confira a 
programação de atos aqui).
Ao lado da água escura, cheia de sujeira que a calçada desprendia, a deputada federal Érika Kokay 
(PT-DF) ressaltava os riscos à democracia que a permanência de Cunha no cargo implicam. “É 
preciso limpar a presidência da Casa de Eduardo Cunha. O impeachment foi negociado”, afirmou. 
“Basta ver as manobras que Cunha fez para se livrar do processo no Conselho de Ética. Está na mão 
do STF julgá-lo, e não entendemos a morosidade. A permanência de Cunha na presidência da 
Câmara compromete a democracia.”
Professor de matemática da rede pública do Distrito Federal, José Vasconcelos, 58 anos, teme pelos 
danos políticos e jurídicos que o atual processo de impeachment pode trazer ao país. “O STF precisa 
cumprir seu papel, que é ser guardião do Estado Democrático de Direito. Imagina a insegurança 
jurídica se o STF não fizer nada?”, afirmou, lembrando que houve quebra de sigilo telefônico da 
presidenta sem nada acontecer. “O STF precisa fazer seu papel, não precisa ser a nosso favor, só 
preservar a Constituição e a democracia basta.”













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