Uma análise realista dos possíveis cenários futuros indicam que, em breve, o impasse político-
econômico será rompido, ou com um governo de coalizão, ou com o caos.
As peças que compõem esse jogo são as seguintes:
Peça 1 – O tempo político de Dilma Rousseff encurtou consideravelmente.
Há uma crise fiscal acelerada, no meio de uma crise política que tem paralisado todos os passos do
As peças que compõem esse jogo são as seguintes:
Peça 1 – O tempo político de Dilma Rousseff encurtou consideravelmente.
Há uma crise fiscal acelerada, no meio de uma crise política que tem paralisado todos os passos do
governo. A aprovação da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira) é
essencial para o equilíbrio fiscal e para reverter a queda perigosa do PIB. Com ameaça de nova
queda de 4% do PIB, as receitas fiscais caindo vertiginosamente, os estados entrando em default, não
há muito tempo pela frente para a hora da verdade.
Peça 2 – Cresce a convicção de que Dilma não conseguirá montar um plano política e
economicamente viável.
O Ministro da Fazenda Nelson Barbosa precisaria ser suficientemente ousado para apresentar um
O Ministro da Fazenda Nelson Barbosa precisaria ser suficientemente ousado para apresentar um
grande plano que não implicasse em riscos fiscais, que não aprofundasse a recessão e, ao mesmo
tempo, passasse a ideia de previsibilidade – para contornar as resistências ao seu nome – sem
descontentar a base do governo, mais à esquerda.
Montou duas propostas que não impactando o curto prazo poderiam acenar para o longo: reforma da
Montou duas propostas que não impactando o curto prazo poderiam acenar para o longo: reforma da
Previdência e limites para as despesas públicas. Não foi suficiente para demover a direita e provocou
rupturas no lado esquerdo da base de apoio.
Para conseguir apoio à CPMF, o governo concordou com as pressões do presidente do Senado Renan
Para conseguir apoio à CPMF, o governo concordou com as pressões do presidente do Senado Renan
Calheiros, flexibilizando a lei do petróleo.
No momento, está por um fio a única base política efetiva com quem Dilma pode contar.
Peça 3 – Dilma não conseguirá se equilibrar entre mercado e base.
Exemplo claro foi o anúncio da reforma da Previdência. O mercado ouviu com pé atrás; à esquerda
No momento, está por um fio a única base política efetiva com quem Dilma pode contar.
Peça 3 – Dilma não conseguirá se equilibrar entre mercado e base.
Exemplo claro foi o anúncio da reforma da Previdência. O mercado ouviu com pé atrás; à esquerda
reagiu. No momento seguinte ela escala o Ministro do Trabalho Miguel Rossetto para explicar que
não era bem assim.
Queimou-se com o mercado e com a esquerda.
Peça 4 – Mesmos nos círculos próximos a Dilma, aumenta a convicção de que a crise é grande
demais para ela.
Mesmo os habilidosos Jacques Wagner e Ricardo Berzoini têm enorme dificuldade em convencê-la
Queimou-se com o mercado e com a esquerda.
Peça 4 – Mesmos nos círculos próximos a Dilma, aumenta a convicção de que a crise é grande
demais para ela.
Mesmo os habilidosos Jacques Wagner e Ricardo Berzoini têm enorme dificuldade em convencê-la
de medidas óbvias. O termo mais usado no Palácio é “não adianta dar murro em ponta de faca”.
Peça 5 – Há um amplo espaço para aprofundamento da radicalização política e policial.
Tanto no STF como no STJ, qualquer Ministro que ouse uma postura mais garantista acaba vítima de
Peça 5 – Há um amplo espaço para aprofundamento da radicalização política e policial.
Tanto no STF como no STJ, qualquer Ministro que ouse uma postura mais garantista acaba vítima de
ataques à reputação ou pelos jornais ou redes sociais. E poucos têm estrutura emocional para
enfrentar a barbárie.
Peça 6 – Ruim com Dilma, o caos com o impeachment.
Suponha que Gilmar Mendes atropele leis e regulamentos e emplaque o impeachment via TSE
Suponha que Gilmar Mendes atropele leis e regulamentos e emplaque o impeachment via TSE
(Tribunal Superior Eleitoral). O caso iria para o STF. Se Dilma e Temer fossem cassados, quem
assumiria? O presidente do Senado, Renan Calheiros, alvo da Lava Jato? Eduardo Cunha e sua
imensa capivara? O país entraria em ebulição.
O governo de coalizão
Juntando todas essas peças, chega-se à conclusão de que a única saída seria um governo de coalizão
Juntando todas essas peças, chega-se à conclusão de que a única saída seria um governo de coalizão
com Dilma, tipo o que foi montado por Itamar Franco, quando pegou o pepino de suceder a
Fernando Collor.
Ocorre que um governo de coalizão exige que o presidente efetivamente abra mão de poder.
No momento, Dilma tenta montar a coalizão em cima de medidas goela abaixo, mantendo o
No momento, Dilma tenta montar a coalizão em cima de medidas goela abaixo, mantendo o
comando, recusando-se a abrir mão de qualquer espaço de poder. Não funciona.
Como diria Ricardo Berzoini – justificando o acordo de flexibilização do pré-sal – o governo tem
Como diria Ricardo Berzoini – justificando o acordo de flexibilização do pré-sal – o governo tem
que ser realista e entender quando perde as condições políticas e negociar uma política de menor
dano.
O aprofundamento da crise obrigará Dilma a cair na real em um ponto qualquer do futuro.
Para acelerar a transição, quando a hora chegar, sugere-se aos articuladores políticos responsáveis
Para acelerar a transição, quando a hora chegar, sugere-se aos articuladores políticos responsáveis
que comecem a elaborar as ideias para tornar a transição a menos traumática possível.
Como suas pretensões políticas acabam em 2018, Dilma terá facilidades em arbitrar uma coalizão
Como suas pretensões políticas acabam em 2018, Dilma terá facilidades em arbitrar uma coalizão
que garanta igualdade de condições a todas as partes.
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