POR FERNANDO BRITO
O Ministro Teori Zavascki registrou, na discussão sobre a prisão do senador Delcídio Amaral, os vazamentos da Lava-Jato:
“Vem à tona a grave revelação de que André Esteves tem consigo cópia de minuta do anexo do acordo de colaboração premiada assinado por Nestor Cerveró, confirmando e comprovando a existência de canal de vazamento na operação Lava Jato que municia pessoas em posição de poder com informações de complexo investigatório”.
Quem ouve a gravação da reunião entre Delcídio, um assessor, o advogado – Edson Ribeiro – e o filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró descobre, porém, que é muito mais grave.
Os integrantes da reunião comentam abertamente que a remoção de Cerveró da Superintendência da PF será feita para abrir espaço para novos presos e todos dizem que será o empresário José Carlos Bumlai, detido anteontem.
A gravação foi feita no dia 4 de novembro.
O advogado “prevê” que serão presos funcionários graduados da Petrobras – “pessoal de nível de gerência, operadores”.
Doze dias depois, foram presos ou conduzidos coercitivamente vários funcionários da empresa.
Dezenove dias depois, José Carlos Bumlai.
No dia 16, 12 dias depois da gravação, já com seu conteúdo de posse do Ministério Público Federal em Curitiba, foi fechado o acordo de delação premiada de Cerveró, claro que levando em conta a “bomba” oferecida pelo outro defensor do acusado.
E só no dia 20, domingo, foi levada ao protocolo do Supremo, embora envolvesse pessoalmente quatro dos seus integrantes: o próprio Teori, Dias Toffoli, Luiz Fachin e Gilmar Mendes e, indiretamente o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o vice-presidente da República, Michel Temer.
É preciso explicar o que aconteceu neste imenso “limbo” em que esta gravíssima situação ficou por duas semanas.
Bastaria ouvi-la para que, imediatamente, fosse encaminhada à Procuradoria Geral da República, por envolver várias pessoas que só ela pode acusar.
O Supremo Tribunal Federal, se quer ser coerente com o que disse o Ministro Teori Zavascki deve inquirir o Ministério da Justiça e a PGR sobre o que ocorreu com este material, ao longo deste tempo imenso.
Onde se negocia tanto dinheiro e tanto poder, não é compreensível que não haja a transparência total sobre o que se fez com uma prova flagrante de crime de um senador da República.
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