“Brasileiro é tudo igual”
por : Kiko Nogueira
No começo dos anos 80, eu me tornei um leitor da revista Mad. Meu pai a trazia para mim do
trabalho. Foi uma substituição um tanto abrupta com relação aos gibis da Mônica e do Cebolinha.
Mad fazia um humor anárquico, com sátiras impagáveis de filmes como “Tubarão”, “Super Homem”
Mad fazia um humor anárquico, com sátiras impagáveis de filmes como “Tubarão”, “Super Homem”
e “Star Wars”. A seção de charges de Don Martin era incrível. Havia as “Cenas Que Gostaríamos de
Ver”. A terceira capa que se dobrava e revelava um desenho absurdo.
Mas a minha preferida era a seção de cartas, que elegia o Panaca do Mês: um leitor sem noção, que
Mas a minha preferida era a seção de cartas, que elegia o Panaca do Mês: um leitor sem noção, que
recebia uma resposta igualmente idiota da redação (quem escrevia? quem editava”).
Bem, essa ideia do Panaca do Mês é boa demais para ser esquecida, especialmente no nosso cenário
Bem, essa ideia do Panaca do Mês é boa demais para ser esquecida, especialmente no nosso cenário
atual. E ninguém melhor do que o deputado paranaense Fernando Francischini para inaugurar essa
homenagem a Alfred E. Neuman, o “mascote” da Mad.
Ladeado por Eduardo Cunha, Francischini ultrapassou a barreira do decoro e cruzou a linha da
Ladeado por Eduardo Cunha, Francischini ultrapassou a barreira do decoro e cruzou a linha da
estupidez na visita do príncipe Akishino, do Japão, à Câmara. Obrigou um estafeta a escrever o
seguinte numa cartolina: “We want the impeachment of the (sic) president Dilma Roussef because
we hope Brazil becomes as honoured as Japan”.
Diante de Akishino, empunhou o cartaz, como um daqueles sujeitos que vendem ouro no centro da
cidade. O homem deu um sorriso sem graça e saiu apressado, de fininho, assustado com os costumes
daquele estranho povo.
Francischini
“Não aguentei: tive que falar para o príncipe do Japão que a situação da corrupção no Brasil está
Francischini
“Não aguentei: tive que falar para o príncipe do Japão que a situação da corrupção no Brasil está
imoral”, afirmou Francischini. No Facebook, lamentou: “Se toda essa corrupção fosse no Japão seria
diferente. Ah, seria…”
Provavelmente, seria.
Francischini e seu partido são aliados de um sujeito investigado por supostamente receber propina de
Provavelmente, seria.
Francischini e seu partido são aliados de um sujeito investigado por supostamente receber propina de
5 milhões de dólares, com várias contas na Suíça, uma delas chamada jesus.com.
O próprio Francischini foi demitido do cargo de secretário de segurança pública do Paraná e
O próprio Francischini foi demitido do cargo de secretário de segurança pública do Paraná e
responde por improbidade administrativa por causa da operação policial que deixou quase 200
feridos numa manifestação contra o governo estadual em abril.
O príncipe japonês e sua mulher estão no país para uma visita de onze dias, parte das comemorações
de 120 anos do estabelecimento de relações diplomáticas. Vão levar um berimbau, arco e flecha do
Xingu, camisetas da seleção e a lembrança indelével do encontro com um legítimo Panaca
Brasiliensis.
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