sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Panaca do Mês: Francesco Franceschini, o deputado que pediu o impeachment de Dilma ao príncipe do Japão


“Brasileiro é tudo igual”

por : Kiko Nogueira

No começo dos anos 80, eu me tornei um leitor da revista Mad. Meu pai a trazia para mim do
trabalho. Foi uma substituição um tanto abrupta com relação aos gibis da Mônica e do Cebolinha.
Mad fazia um humor anárquico, com sátiras impagáveis de filmes como “Tubarão”, “Super Homem” 
e “Star Wars”. A seção de charges de Don Martin era incrível. Havia as “Cenas Que Gostaríamos de 
Ver”. A terceira capa que se dobrava e revelava um desenho absurdo.
Mas a minha preferida era a seção de cartas, que elegia o Panaca do Mês: um leitor sem noção, que 
recebia uma resposta igualmente idiota da redação (quem escrevia? quem editava”).
Bem, essa ideia do Panaca do Mês é boa demais para ser esquecida, especialmente no nosso cenário 
atual. E ninguém melhor do que o deputado paranaense Fernando Francischini para inaugurar essa 
homenagem a Alfred E. Neuman, o “mascote” da Mad.
Ladeado por Eduardo Cunha, Francischini ultrapassou a barreira do decoro e cruzou a linha da 
estupidez na visita do príncipe Akishino, do Japão, à Câmara. Obrigou um estafeta a escrever o 
seguinte numa cartolina: “We want the impeachment of the (sic) president Dilma Roussef because 
we hope Brazil becomes as honoured as Japan”.
Diante de Akishino, empunhou o cartaz, como um daqueles sujeitos que vendem ouro no centro da 
cidade. O homem deu um sorriso sem graça e saiu apressado, de fininho, assustado com os costumes 
daquele estranho povo.

Francischini

“Não aguentei: tive que falar para o príncipe do Japão que a situação da corrupção no Brasil está 
imoral”, afirmou Francischini. No Facebook, lamentou: “Se toda essa corrupção fosse no Japão seria 
diferente. Ah, seria…”
Provavelmente, seria.
Francischini e seu partido são aliados de um sujeito investigado por supostamente receber propina de 
5 milhões de dólares, com várias contas na Suíça, uma delas chamada jesus.com.
O próprio Francischini foi demitido do cargo de secretário de segurança pública do Paraná e 
responde por improbidade administrativa por causa da operação policial que deixou quase 200 
feridos numa manifestação contra o governo estadual em abril.
O príncipe japonês e sua mulher estão no país para uma visita de onze dias, parte das comemorações 
de 120 anos do estabelecimento de relações diplomáticas. Vão levar um berimbau, arco e flecha do 
Xingu, camisetas da seleção e a lembrança indelével do encontro com um legítimo Panaca 
Brasiliensis.
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