segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Sem impeachment à vista, golpismo aperta o cerco sobre Lula



POR FERNANDO BRITO 

É preciso ter nervos de aço, dentes à mostra e muita cabeça.
Tornou-se evidente que, depois que se foi afastando a possibilidade de impeachment de Dilma – 
primeiro, com a rearticulação com o PMDB; depois, com a desmoralização de Eduardo Cunha – a 
mira do golpismo brasileiro voltou-se quase que exclusivamente para um único alvo: Lula.
A “batida” policial no escritório de um de seus filhos é só um pedaço de uma ofensiva inciada há 
algum tempo e que não vai parar, porque há um nítido ânimo – talvez seja melhor chamá-lo de 
obsessão – no Ministério Público e na Polícia Federal para “pegar o Lula”, seja lá por que for, como 
for e por meio de quem for.
E sempre, ou quase sempre, numa família ou num círculo de amigos, auxiliares ou simples 
conhecidos quem tenha feito, com o perdão da expressão, “alguma cagada”. Seja em relação a Lula, 
a mim, ao Zé ou ao Antônio.
A parentalha da direita, claro, faz o que quer e bem entende, porque os nossos guapos “homens de 
preto” não lhes dão a menor bola.
A ilusão das “instituições republicanas” numa sociedade rachada de forma abismal como a nossa 
transforma-se numa politização desabrida, segundo o corte de classe dos seus integrantes. 
Devidamente concursados e fartamente remunerados – inclusive com penduricalhos de escassíssima 
moralidade – , vão nos livrar destes “inferiores e ladrões” da política.
Os da esquerda, claro, porque os da direita estalavam os dedos e mandavam tudo para as gavetas.
E depois, há uma vantagem: não é preciso provar nada. Basta ter feito um contrato qualquer com 
qualquer um que tenha se metido em maracutaias para que seja exposto como provável ladrão.
As provas, ah, estas ficam para daqui a um ano, quando as “sentenças” já tiverem transitado na 
opinião pública.
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