Inépcia para organizar eventos complexos
por : Carlos Fernandes
Mais uma vez presenciamos atos de selvageria física e intelectual provocadas por pessoas que abandonaram qualquer coisa que fizesse sequer menção à civilidade e ao respeito perante a pluralidade de idéias.
Dessa vez, o festival de insultos foi realizado dentro das dependências da Livraria Cultura, no momento em que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, dava uma entrevista para a CBN no teatro Eva Herz.
Inacreditável que atos de tamanha ignorância e falta de educação tenham como cenário de fundo uma livraria, um espaço que nos remete aos livros e à arte da conversação. Ainda mais quando essa livraria curiosamente se chama “Cultura”.
Mais uma vez presenciamos atos de selvageria física e intelectual provocadas por pessoas que abandonaram qualquer coisa que fizesse sequer menção à civilidade e ao respeito perante a pluralidade de idéias.
Dessa vez, o festival de insultos foi realizado dentro das dependências da Livraria Cultura, no momento em que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, dava uma entrevista para a CBN no teatro Eva Herz.
Inacreditável que atos de tamanha ignorância e falta de educação tenham como cenário de fundo uma livraria, um espaço que nos remete aos livros e à arte da conversação. Ainda mais quando essa livraria curiosamente se chama “Cultura”.
Mais inacreditável ainda foi a inépcia com que o acontecido foi tratado. Absolutamente nada foi feito para evitar ou coibir as agressões que se seguiram. De tudo que foi visto ali, podemos chegar à conclusão que a Livraria Cultura não possui qualquer competência para organizar um evento como aquele ou simplesmente foram coniventes com a barbárie.
Não que seja a primeira vez que atos dessa natureza tenham acontecido num ambiente desse tipo. Pouco tempo atrás o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também foi vítima dessa mesma gente em um ambiente que deveria ser de conhecimento e tolerância.
Mas o que chama mesmo a atenção é o fato do clã dos Herz, uma família de judeus alemães que imigraram para o Brasil fugindo do nazismo, tenha feito de seu negócio um reduto de uma classe de políticos e seus simpatizantes que nutrem uma certa ojeriza a imigrantes como eles.
Nem o fato do seu atual império, fundado pelo casal Kurt e Eva Herz, e agora sob o comando de Pedro Herz, ter tido um grande apoio do BNDES em 2011 já no governo Dilma, obtendo um financiamento na casa dos R$ 31 milhões para modernização e abertura de novas lojas, foi suficiente para que descobrissem qual governo é realmente democrático e preocupado com o desenvolvimento da nação.
Na mesma intensidade que usufruía de um Estado democrático que mantém independentes as suas instituições, inclusive as de grande relevância para a economia do país, como é o caso do BNDES, mais os Herz se atraíam em direção às promessas demagógicas de inoperantes funcionais do porte de José Serra e Cia.
A partir daí, foi um pulo para que o atual CEO da Livraria Cultura demonstrasse o seu “apreço” pelos seus clientes e o que pensa sobre o povo do país que tão bem o acolheu. Para explicar o porquê de ter vendido às escondidas a histórica edição do jornal Charlie Hebdo após o atentado que vitimou os seus principais editores, Pedro Herz esclareceu:
“O jornal parece um tablóide de distribuição gratuita, mas não é gratuito, por isso o cuidado. Aqui é um país de ladrões, o sujeito entra com má intenção e leva. Ou quer sentar num pufe e ler o jornal, sem comprá-lo. Não temos posição política, vendemos conteúdo.”
Realmente esclarecedor. O cidadão que fez fortuna no Brasil e que permite livremente manifestações antidemocráticas nas suas lojas, acha que é o povo brasileiro (e não os políticos que apóiam esse tipo de atitude) os verdadeiros ladrões. Quanta gratidão.
De um pequeno empreendimento onde a razão de ser era a democratização da leitura, o que hoje conhecemos como a rede Livraria Cultura se transformou num conjunto coeso e maciço de disseminação do que há de mais reacionário e conservador nas relações políticas e sociais.
Ao que parece, os livros já não são mais a sua principal atividade. Aliás, a gestora de investimentos Neo Investimentos comprou em Janeiro de 2009 parte da Livraria Cultura. Como se vê, os interesses econômicos aliados aos conchavos políticos que tanto seduzem os capitalistas, não poupam sequer a divina arte de difundir a cultura e o conhecimento. A Livraria Cultura sucumbiu à “cultura pós-moderna” da espetacularização de tudo em troca do lucro fácil.
No seu livro “A sociedade do espetáculo”, lançado em Paris em 1967, Guy Debord já discutia a transformação da cultura na sociedade moderna. Entre muitos achados, Debord afirmava que: “O que as indústrias culturais inventam nada mais é que uma cultura transformada em artigos de consumo de massas”.
É basicamente essa a “cultura” que a Livraria Cultura difunde ao permitir cenas de tamanho apelo midiático. De uma cultura voltada aos valores humanos, às artes, à poesia, à música e ao conhecimento filosófico, o negócio comandado por Pedro Herz se transformou num fornecedor de uma “cultura” voltada ao escárnio e ao efêmero.
Já não há mais motivo algum de ser para a palavra “cultura” na marca “Livraria Cultura”. No ritmo que ela vai, é capaz que nem a palavra “Livraria” caiba mais para denominar o seu empreendimento.
Não que seja a primeira vez que atos dessa natureza tenham acontecido num ambiente desse tipo. Pouco tempo atrás o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também foi vítima dessa mesma gente em um ambiente que deveria ser de conhecimento e tolerância.
Mas o que chama mesmo a atenção é o fato do clã dos Herz, uma família de judeus alemães que imigraram para o Brasil fugindo do nazismo, tenha feito de seu negócio um reduto de uma classe de políticos e seus simpatizantes que nutrem uma certa ojeriza a imigrantes como eles.
Nem o fato do seu atual império, fundado pelo casal Kurt e Eva Herz, e agora sob o comando de Pedro Herz, ter tido um grande apoio do BNDES em 2011 já no governo Dilma, obtendo um financiamento na casa dos R$ 31 milhões para modernização e abertura de novas lojas, foi suficiente para que descobrissem qual governo é realmente democrático e preocupado com o desenvolvimento da nação.
Na mesma intensidade que usufruía de um Estado democrático que mantém independentes as suas instituições, inclusive as de grande relevância para a economia do país, como é o caso do BNDES, mais os Herz se atraíam em direção às promessas demagógicas de inoperantes funcionais do porte de José Serra e Cia.
A partir daí, foi um pulo para que o atual CEO da Livraria Cultura demonstrasse o seu “apreço” pelos seus clientes e o que pensa sobre o povo do país que tão bem o acolheu. Para explicar o porquê de ter vendido às escondidas a histórica edição do jornal Charlie Hebdo após o atentado que vitimou os seus principais editores, Pedro Herz esclareceu:
“O jornal parece um tablóide de distribuição gratuita, mas não é gratuito, por isso o cuidado. Aqui é um país de ladrões, o sujeito entra com má intenção e leva. Ou quer sentar num pufe e ler o jornal, sem comprá-lo. Não temos posição política, vendemos conteúdo.”
Realmente esclarecedor. O cidadão que fez fortuna no Brasil e que permite livremente manifestações antidemocráticas nas suas lojas, acha que é o povo brasileiro (e não os políticos que apóiam esse tipo de atitude) os verdadeiros ladrões. Quanta gratidão.
De um pequeno empreendimento onde a razão de ser era a democratização da leitura, o que hoje conhecemos como a rede Livraria Cultura se transformou num conjunto coeso e maciço de disseminação do que há de mais reacionário e conservador nas relações políticas e sociais.
Ao que parece, os livros já não são mais a sua principal atividade. Aliás, a gestora de investimentos Neo Investimentos comprou em Janeiro de 2009 parte da Livraria Cultura. Como se vê, os interesses econômicos aliados aos conchavos políticos que tanto seduzem os capitalistas, não poupam sequer a divina arte de difundir a cultura e o conhecimento. A Livraria Cultura sucumbiu à “cultura pós-moderna” da espetacularização de tudo em troca do lucro fácil.
No seu livro “A sociedade do espetáculo”, lançado em Paris em 1967, Guy Debord já discutia a transformação da cultura na sociedade moderna. Entre muitos achados, Debord afirmava que: “O que as indústrias culturais inventam nada mais é que uma cultura transformada em artigos de consumo de massas”.
É basicamente essa a “cultura” que a Livraria Cultura difunde ao permitir cenas de tamanho apelo midiático. De uma cultura voltada aos valores humanos, às artes, à poesia, à música e ao conhecimento filosófico, o negócio comandado por Pedro Herz se transformou num fornecedor de uma “cultura” voltada ao escárnio e ao efêmero.
Já não há mais motivo algum de ser para a palavra “cultura” na marca “Livraria Cultura”. No ritmo que ela vai, é capaz que nem a palavra “Livraria” caiba mais para denominar o seu empreendimento.
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