terça-feira, 27 de outubro de 2015

O CONTRA-ATAQUE DE LULA


Lula tem mantido a cabeça fria, certo de que não há o que temer na realidade, mas, a esta 
altura, convencido que é preciso “dar batalha” a uma campanha de agressões que, agora, 
entrou em sua própria casa. O “paz e amor” que ele, há quase década e meia, incorporou, tem 
resistido, mas para tudo há limites. Lamentavelmente – e não por iniciativa dele – 2018 
começou. Lula, Janio de Freitas observa argutamente desde o título de seu artigo de hoje, na 
Folha, é um filho da política e talvez seja com essa carga genética que, a partir de hoje, dia do 
seu aniversário de 70 anos, que lhe reste apenas o caminho da redação. E a um filho da 
política, a reparação das ofensas, calúnias e, agora, da invasão de sua própria família, chama-
se voto popular.

Filho da Política por Janio de Freitas 

A busca feita pela Polícia Federal na empresa de Luis Cláudio Lula da Silva é a chegada a um 
objetivo longamente perseguido por adversários extremados do ex-presidente e mesmo por numerosa 
corrente de delegados da PF: os Lula da Silva sob investigações criminais. Se com motivação 
justificada ou não, toda informação por ora é precária, apesar da autorização judicial para a busca.
Qualquer que seja a resposta futura, uma certeza ficou estabelecida desde a chegada da PF, às 6 
horas da manhã, à LFT Marketing Esportivo: a par do seu formalismo apenas policial/judicial, é um 
fato político. Importante. Além dos reflexos imediatos que possa gerar, tem propensão a projetar 
efeitos sobre o futuro da política brasileira. (Concordo com você: se há uma coisa que parece não ter 
futuro no Brasil, é a política. Mas terá que inventar algum.)
Fala-se muito na candidatura de Lula em 2018. Indício confiável, nesse sentido, nenhum. Agora, 
porém, dá-se o tipo do fato que empurra para definições os temperamentos, pessoais e políticos, 
como o de Lula: o explosivo contido à força, na sua percepção real ou elaborada de injustiças, e 
mágoas, e gana de dar sua resposta aos fatos devedores.
Caso não se mostre justificado o capítulo que a Polícia Federal iniciou com a operação na empresa 
de Luis Cláudio, a consequência mais provável é que Lula se lance à reconquista do poder. Com a 
determinação de quem vê uma só reparação à altura, vital mesmo. A realidade brasileira já está 
semeada para uma tal disposição.
A hipótese contrária, de implicação de Luis Cláudio com condutas criminais comprováveis, não teria 
efeito menos forte, embora oposto. Não é provável que sobrasse a Lula detrminação para ter ainda 
um papel de relevo na política. E o PT sem Lula? Campo aberto para a ascensão dos seus adversários 
de sempre, depois de se devorarem no esforço comum de ver se algum deles adquire trejeitos de líder 
político.
Há o que apreciar, portanto. Mas não só dos atores citados. Os silenciados são, talvez, ainda mais 
interessantes. E a operação na empresa de Luis Claúdio abriu uma fresta na cortina que os protege.
A PF lá esteve como parte das investigações que se desenvolvem (?) em torno do poderoso sistema 
de corrupção há anos e anos vigente no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf, a 
instância em que se decidem as pendências entre grandes devedores de impostos e a Receita Federal. 
Por motivos que dispensam referência, essas investigações não produzem em agentes e responsáveis 
a ânsia de vazamentos já conhecida. E o pouco que vaza pende muito mais para as gavetas do que 
para a divulgação. Parte da mesma operação, a busca na empresa de Luis Cláudio Lula da Silva 
pende, porém, para as impressoras, a tv, o rádio e a internet.
As investigações no Carf, chamadas de Operação Zelotes, tanto têm se ocupado de condutas de má-
fé, como de questões polêmicas em que o apontado devedor ou não o é, ou é sem intenção. Há 
grandes meios de comunicação nas três situações. No seu caso, procedem todos para evitar noticiário 
escandaloso, comprometedor e talvez injusto. Poderiam fazer disso tanto um mea culpa, como um 
aprendizado, tardio embora.
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