Do congresso em foco
O Movimento Brasil Livre (MBL), que acampa desde o início desta semana no gramado em frente
do Congresso, foi surpreendido com a chegada de centenas de militantes do Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na tarde desta quarta-feira (28). Inicialmente, os sem-teto
montaram acampamento do lado oposto ao do MBL, mas migraram para o mesmo “setor” dos
manifestantes que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A mudança gerou bate-boca
entre lideranças dos movimentos.
Segundo o coordenador nacional do MBL, Alexandre Santos, a ação do MTST é uma tentativa de
desmantelar o acampamento do movimento anti-Dilma. Com cerca de 30 barracas e 50
manifestantes, o grupo foi autorizado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a
fixar estruturas no local – embora um ato conjunto da Câmara e do Senado proíbam atividades do
tipo na área, tombada como patrimônio histórico da Humanidade. Com faixas pedindo o
impeachment da presidente Dilma Rousseff, eles dizem que ficarão no gramado até o peemedebista
decidir pelo acolhimento do pedido de afastamento.
“Ontem , o líder do governo ameaçou a gente em plenário. Aí hoje chega esse movimento, que é
aparelhado pelo governo. Eles [os manifestantes do MTST] estão querendo desestabilizar o nosso
movimento, estão querendo impedir o nosso movimento”, disse Alexandre Santos. Nesta quarta-feira
(27), o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), chamou, na tribuna, os manifestantes do MBL
de “vagabundos”.
Ao chegar por volta das 15h30, os sem-teto começaram a montar suas barracas do lado esquerdo do
gramado, voltados ao Senado. Pouco tempo depois, mobilizaram-se em direção às barracas do MBL.
A alteração causou furor entre os integrantes dos movimentos, que, em roda, discutiam sobre as
fronteiras de cada ocupação. Apesar da resistência de Alexandre, o MTST acabou se instalando atrás
das barracas do MBL. “Não pode misturar, se não vai dar confusão”, disse a liderança do MBL.
Contrariando as ressalvas de Alexandre, a coordenadora do MTST, Ulianne Costa, disse que a
Contrariando as ressalvas de Alexandre, a coordenadora do MTST, Ulianne Costa, disse que a
presença dos manifestantes no gramado não está relacionada a apoio à presidente Dilma. Segundo
ela, eles estão ali para pressionar os senadores durante votação do Projeto de Lei da Câmara
101/2015, que tipifica o crime de terrorismo. Previsto para entrar em votação nesta quarta-feira (28),
o texto afeta diretamente as causas populares, pois, segundo ela, poderá enquadrar como criminosas
as ações dos movimentos sociais.
“Não tem nada a ver com o impeachment da Dilma. Estamos aqui pela lei do terrorismo. A gente vai
“Não tem nada a ver com o impeachment da Dilma. Estamos aqui pela lei do terrorismo. A gente vai
ficar aqui, acampado, até esse projeto ser votado”, disse ela.
Quanto à ocupação, Ulianne nega que a mudança de “setor” do acampamento tenha sido provação ao
Quanto à ocupação, Ulianne nega que a mudança de “setor” do acampamento tenha sido provação ao
MBL. Segundo ela, a Polícia Legislativa recomendou a mudança, fato que foi confirmado pela
reportagem com os policiais que estavam no local. De acordo com os policiais, os dois grupos não
poderiam ocupar o gramado, mas, como já há ocupação, eles recomendaram que os manifestantes
ficassem concentrados em um só local. A Polícia Legislativa não soube dizer se os grupos serão
retirados de lá.
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