quinta-feira, 1 de outubro de 2015

CUNHA SE NEGA A DIZER SE TEM CONTA NA SUÍÇA


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a se negar na 
noite desta quarta-feira (30) a dizer se ele e familiares têm contas bancárias na 
Suíça. Autoridades daquele país enviaram para o Brasil dados de contas secretas que, segundo 
a Procuradoria-Geral da República, são do presidente da Câmara e de familiares. Cunha foi 
denunciado pela Procuradoria sob acusação de envolvimento no esquema de corrupção da 
Petrobras. “Querido, eu não vou comentar. Na medida que dizem que tem alguma coisa, 
vamos esperar que apareça. Não vou comentar, não vou cair na armadilha de dar para você 
qualquer tipo de lide [principal informação de uma reportagem] dessa situação”, afirmou 
Cunha, em entrevista coletiva.

por : Paulo Nogueira

POR QUE CUNHA NÃO VAI PARA SUÍÇA PROVAR QUE CONTAS NÃO SÃO SUAS? 
Bem, porque não dá. Simplesmente não dá.
Não que houvesse dúvidas, mas Cunha reforçou as certezas ao dizer, numa coletiva na noite de
ontem, que se recusava a falar sobre elas.
Faltou colar um carimbo na testa: culpado.
As contas foram bloqueadas pelas autoridades suíças, e tudo indica que elas representam, enfim, o
Waterloo de um homem que imaginou que podia tudo.
Como toda tragédia, o episódio se presta a piadas.
Por exemplo: por que Cunha não faz na Suíça o que tem feito costumeiramente no Brasil, manobrar
nos bastidores para mudar uma decisão?

O casal não poderá mexer nas contas suíças

Ele fez isso, no Congresso, mais de uma vez. E agora, praticamente com a tornozeleira nos pés, trama para desfazer uma decisão conjunta do Planalto e do STF para por fim ao financiamento privado de campanhas.
A gambiarra seria uma PEC que, como por mágica, permitiria a continuação da fonte original de corrupção no país – o dinheiro que as empresas colocam em seus candidatos.
Eduardo Campos simboliza isso. Sem esse dinheiro ele não seria nada.
O financiamento privado é a forma como a plutocracia toma a democracia.
O caso das contas na Suíça serve também para uma conclusão pouco engraçada.
É uma vergonha para a mídia, para Moro, para a PF e para Janot que o golpe fatal em Cunha tenha vindo dos suíços. Sinal do despudor da imprensa, um colunista da Veja escreveu que espera que Cunha derrube Dilma antes de ser preso.
Já virou clichê perguntar: e se fosse alguém do PT? Por isso, fujo dessa questão cuja resposta é óbvia.
Uma sociedade não pode levar a sério uma cruzada anticorrupção quando caminha livre um político do naipe e da ficha corrida de Eduardo Cunha.
Romário, com sua viagem à Suíça, criou um padrão de conduta para reagir a assassinatos de caráter como o que sofreu da Veja.
Mas isso é para inocentes, e não para Cunha.
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