Ada Colau ficou conhecida como ativista antidespejos durante a crise espanhola
Na bbc.
As eleições municipais e regionais da Espanha, realizadas neste domingo, marcaram a ascensão de duas mulheres ao centro das atenções políticas do país – e, possivelmente, ao comando das duas principais cidades espanholas.
Barcelona deverá ser comandada pela ativista Ada Colau, 41, conhecida por ter liderado um movimento social contra os despejos habitacionais decorrentes da crise econômica. Colau lidera a agremiação de esquerda independente Barcelona En Comú, que venceu os partidos independentistas catalães.
E, em Madri, a juíza aposentada Manuela Carmena, 71, do movimento esquerdista Ahora Madrid, foi a segunda mais votada (com 31,8% dos votos), mas tem grandes chances de se tornar prefeita da capital caso o seu partido faça uma coalizão com os socialistas do PSOE.
Se isso de fato ocorrer, o Ahora Madrid porá fim à hegemonia de 23 anos do direitista Partido Popular (PP) no controle da capital espanhola.
Colau e Carmena representam uma mudança no cenário político espanhol, tradicionalmente dominado pelo bipartidarismo do direitista PP (atualmente no governo nacional) e do socialista PSOE.
Na eleição de domingo, quando estavam em jogo o controle de 8,1 mil municípios e de 13 (de um total de 17) governos regionais, PP e PSOE ficaram respectivamente em primeiro e segundo lugares, mas com cerca de 3 milhões de votos a menos do que nas eleições de quatro anos atrás.
Em compensação, quem ganhou espaço na política nacional foi o partido o esquerdista Podemos, que apoia os grupos políticos tanto de Carmena quanto Colau, e a agremiação alternativa de centro-direita Ciudadanos.
O Podemos nasceu dos protestos de rua antiausteridade e é ligado a movimentos sociais.
Por isso, as duas candidatas – que se lançaram por agremiações políticas criadas há apenas poucos meses – disseram que o pleito sinaliza o “desejo por mudanças” na política espanhola. Ambas aguardam a formação de coalizões para confirmar seus novos cargos.
As novas siglas capitalizaram em cima do descontentamento espanhol quanto à crise econômica e ao subsequente desemprego (a taxa de desocupação no país é de 24%), bem como a escândalos recentes de corrupção.
A mudança política constitui um desafio para os partidos tradicionais, a poucos meses das eleições nacionais de novembro.
“O povo venceu aqui, e não um monte de siglas”, disse Ada Colau perante simpatizantes, em referência às siglas tradicionais espanholas.
Colau deve ocupar a prefeitura de Barcelona após sua coalizão de esquerda ter obtido uma vantagem de apenas 20 mil votos (ou 1 cadeira parlamentar) sobre o líder nacionalista Xavier Trias, atual prefeito da segunda maior cidade do país.
Apesar de Colau ter se mostrado favorável a um plebiscito a respeito da independência da Catalunha, sua vitória foi vista como um revés às agremiações separatistas: seu grupo, o Barcelona En Comú, superou os partidos pró-independência catalã Convergencia i Unio (CiU) e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC).
Em coletiva, Colau afirmou que pretende suspender os despejos dos espanhóis que não conseguem pagar seus aluguéis ou hipotecas e que exigirá que os bancos disponibilizem ao público as milhares de moradias vagas que têm em sua posse.
Entre suas promessas estão investir na geração de empregos, reduzir “privilégios” e salários de autoridades e revisar projetos de privatizações.
Madri
Na capital espanhola, Manuela Carmena obteve 2,7 pontos percentuais a menos de votos do que Esperanza Aguirre, candidata do PP – partido que ficou com 21 cadeiras no Parlamento local.
Mas o Ahora Madrid, de Carmena, com suas 20 cadeiras obtidas, pode ultrapassar a marca do PP caso confirme uma provável coalizão com o PSOE (que tem 9 cadeiras) na cidade.
Manuela Carmena depende de uma coalizão para se tornar prefeita de Madri
Carmena, conhecida por sua carreira jurídica e simpatizante da esquerda, candidatou-se com uma plataforma pró-participação popular.
O Ahora Madrid elaborou seu programa eleitoral em um processo aberto, cujos pontos mais votados pelos cidadãos incluem a interrupção das privatizações de serviços públicos, a garantia de moradia e serviços básicos (água e luz) para os mais pobres e o desenvolvimento de um plano de inclusão profissional de jovens desempregados.
Assim como Colau, Carmena também prometeu priorizar em seu governo o fim dos despejos de pessoas que não conseguem pagar hipotecas após o estouro da bolha imobiliária espanhola.
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