quarta-feira, 8 de abril de 2015

A escolha atabalhoada de Michel Temer


Nesta terça-feira (7), a Presidência da República informou que o ministro Pepe Vargas deixou 
Secretaria de Relações Institucionais. O vice-presidente da República, Michel Temer, 
assumirá as funções da pasta.

NOTA À IMPRENSA

A presidenta da República Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira, 7 de abril, que a Secretaria 
de Relações Institucionais passa a integrar as competências do vice-presidente da República 
Michel Temer. Ela agradece o empenho, a lealdade e a competência do ministro Pepe Vargas, que 
deixa o cargo.

Secretaria de Imprensa/SECOM
Presidência da República

Por Luis Nassif


O Palácio do Planalto seguiu a norma dos últimos anos: se pode complicar, para que simplificar?
Para chegar até o óbvio – a indicação do vice presidente Michel Temer para a articulação política, 
acumulando a Secretaria de Relações Institucionais – fez o seguinte trajeto:

1. Ofereceu o cargo ao Ministro dos Portos Eliseu Padilha, sem saber se ele iria aceitar. Ninguém 
com um mínimo de malícia política procede assim. Primeiro, envia emissários para sondar a decisão, 
para só depois fazer o convite.

2. Permitiu que o convite vazasse e, pior, junto com a recusa de Padilha. Imediatamente queimou um 
seguidor leal, o Ministro Pepe Vargas. Tudo com a mesma falta de cuidado com que humilhou 
Guido Mantega – que merecia estar fora do governo muito antes, mas sem humilhação.

3. De trapalhada em trapalhada, o governo Dilma chegou à melhor solução possível: Michel Temer.

Agora, tem-se um profissional na principal posição do campo político, alguém com livre trânsito no 
PMDB, na oposição, no Poder Judiciário, discreto, hábil, com senioridade.
As críticas da oposição – de que Dilma “terceirizou” sua função política – é esperneio de quem não 
esperava que de tranco em tranco o governo conseguisse chutar a gol. Mas chutou.
Aos poucos o choque de realidade vai tornando Dilma menos teimosa e mais consciente do jogo que 
tem pela frente.
Com sua habitual dificuldade em tratar de dois temas ao mesmo tempo, concentrou-se na aprovação 
do pacote fiscal pelo Congresso e ainda não começou a trabalhar seu plano estratégico de governo.
Com a frente política em boas mãos, falta desenhar o plano de ação do seu governo e destacar um 
assessor de peso para participar das formulações de cada ministério e definir as formas de 
acompanhamento.
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