A sorte da Dilma é que o Mercadante detesta passar informação em off à Falha e à Globo !
Quando Lula levou o ministro Franklin Martins para a SECOM, o Conversa Afiadalamentou que Lula o tivesse guardado no gabinete e, não, na tarefa de porta-voz.
Franklin tinha na bagagem uma brilhante carreira de comentarista político na Globo e na Band e poderia exercer a função que os porta-vozes exercem na Casa Branca e em todos os países de Democracia madura – especialmente no Hemisfério Norte.
O porta-voz na Casa Branca só não é mais relevante, do ponto de vista político, do que o ministro da Defesa e do Exterior.
Não costuma ser ninguém de televisão, como Franklin foi.
Basta ser, de preferência, um jornalista que tenha acesso ao Presidente, dê informações absolutamente verdadeiras (ainda que incompletas, às vezes) – ele não pode jogar os correspondentes na Casa Branca em fria – e se submeta à batalha feroz de dois brifiengs diários.
Um no fim da manhã e outro na fim da tarde.
Para atender ao dead-line dos jornalistas, especialmente dos telejornais da noite.
Lula preferiu ser ele mesmo seu porta-voz, ao se submeter à jabuticaba brasileira, o quebra-queixo: aquele milhão de microfones que entram pela goela das autoridades, irritam, intimidam e levam a que digam bobagem.
Mas, o Lula tem um afiado poder de comunicação que irrita, sobretudo, o Fernando Henrique, que coleciona advogados “tecnicamente” a favor do impeachment.
Dilma é diferente.
Ela não é uma “comunicadora”.
E deveria se poupar para “grandes” eventos de comunicação.
Por exemplo, entrar em rede nacional cada 30 dias, para por os pingos nos “i” e desmentir o PiG.
E dizer o que está fazendo.
(Não precisa esperar até agosto de 2018 para mostrar o que fez … Não há João Santana que faça o mesmo milagre duas vezes …)
Mas, nenhum Governo – nem o Dilma-I – precisa tanto de se comunicar quanto o dela, agora.
Além da Ley de Medios – que deve ser a prioridade número um e EXCLUSIVA do Ministro Berzoini, para não vir a ser bernardizado – o Governo Dilma precisa se explicar.
Não apenas em benefício próprio.
Mas, em benefício da DEMOCRACIA, dos seus eleitores, da sociedade.
Um Governo democrático tem que se mostrar.
Expor-se, defender-se, nortear, persuadir – e apanhar !
Governo que não precisa se mostrar é o da Coreia do Norte – e mesmo assim …
Fernando Henrique – bom comunicador para o PiG e as elites que leram Max Weber – levou o Brasil no bico, até quebrar logo depois da reeleição…
Ele também não precisou de porta-voz, embora tivesse ali, na batalha diária, um embaixador sereno e educado – e bem informado ! -, Sergio Amaral.
Dilma já tem seu porta-voz.
É o jornalista Thomas Traumann.
Ministro da SECOM, ele deveria acumular, no mínimo uma vez por dia (no briefing do fim da tarde), a função de porta-voz.
Traumann tem experiência de Brasília.
De PiG.
É culto, educado, sereno – e bem informado !
E conhece o metier de jornalista.
Sabe escrever !
Fez alguns dos melhores discursos da Dilma.
Deveria falar pela Dilma.
Todo dia !
Ao vivo, pela NBR, pelos blogs, no PiG.
E evitar que no Palácio do Planalto se crie uma fonte suspeita e poluída de informações em off, que só fazem desorganizar o Governo, atormentar a imprensa – e desservir a Democracia.
O Palácio do Planalto, sem a uma figura forte de um porta-voz, corre o risco de se tornar o Palácio do Planalto do Sarney e dos governos militares.
Virar uma quitanda de informações em off.
Com verduras do dia e da semana passada, por baixo…
Informações que não se confirmam !
E pelas quais não há responsáveis !
E muitos beneficiários !
No caso dos governos militares, beneficiam-se o Golbery, seus conspícuos secretários e os jornalistas que neles se banhavam.
No Governo Sarney vazava do Jorginho Murad ao Saulo Ramos, Consultor Geral da República !
E pelo General Ivan Mendes, da Casa Militar !
Era como a PF do zé !
Quem menos dava informação era o Fernando Cesar Mesquita, da Imprensa do Presidente.
Além do próprio Presidente Sarney, que, pessoalmente, dava “furos”, em off, ao Roberto Marinho !
A Casa Civil do Ministro Mercadante, que, como se sabe, detesta dar informação em off – especialmente detesta passar notícias não confirmadas à Fel-lha e à Globo ! – poderia ajudar a Presidenta a concentrar a comunicação oficial, institucional, do Palácio, no Traumann.
Impor sua incontestável autoridade ao Palácio e decretar: só quem dá informação aqui é o Traumann.
Não adianta a Natureza Viva ou a Cristiana Globo ligarem.
Encaminhar tudo ao Traumann !, diria o Mercadante, munido do chicote de gestor palaciano.
Todos ganhariam.
A Presidenta, o distinto público e o Ministro Mercadante !
Em tempo: breve se falará, aqui neste blog, que não vive de offs palaciais, de outra função muito importante do Ministro Traumann: assumir a publicidade do Governo !
Paulo Henrique Amorim
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