segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cunha, a nova faca no pescoço de Dilma


“De que adiantou compor um ministério como esse e depois perder de lavada para Eduardo 
Cunha?"

Por: Fernando Brito

Consumou-se o óbvio.
Eduardo Cunha teve uma vitória avassaladora, eleito em primeiro turno, com praticamente o dobro dos 
votos de Arlindo Chinaglia.
Não foi, propriamente, uma vitória da Oposição, mas uma vitória de oposição ao Governo.
Foi, sobretudo, uma vitória do “sindicato” dos deputados, o que já, de cara, Cunha deixou claro ao 
prometer colocar, de imediato, em votação e aprovar o orçamento impositivo, ou a “mordida” 
obrigatória no dinheiro público para projetos de prefeituras, de estados e para os malsinados 
“convênios”, dos quias não me permito falar por problemas estomacais.
Cunha vai seguir, claro, fazendo seus lobbies, como fez nos governos de Lula e de Dilma.
Mas, depois de um pequeno período de “pose de estadista”, o que ele fará é o mesmo, em ponto muito 
maior.
Porque, agora, é quem decide o que entra ou não em pauta para votação.
Cunha mudou de “ordem de grandeza”.
O negócio, agora, não é uma diretoria da Caixa ou de algum outro órgão.
É tudo.
Experimente-se, para ver, resistir à sua gazua.
Porque, no sistema eleitoral que temos, montam-se bases parlamentares com base em que?
Porque é que Marina, com Itaú e tudo, não conseguiu formar partido e Paulinho da Força fez o 
Solidariedade com um pé nas costas?
E não pense que essas “boas obras” vão para a conta deles, não.
Vão para a conta do governo que eles pressionam e politicamente chantageiam.
O Governo Dilma ganhou a reeleição, mas reluta em assumir o poder.
E o poder exige alinhamento entre os que o partilham.
Se não há um mínimo de alinhamento, não pode haver esta partilha.
Atentem para o que quer dizer o resultado.
Mesmo com parte dos votos tucanos para Julio Delgado, o “cunhismo” teve maioria absoluta da 
Câmara.
Com o PSDB fechado, tem maioria até para mudanças constitucionais.
Resta ao governo, agora, a triste sina de negociar cada projeto de lei ou Medida Provisória no 
varejinho da esquina parlamentar.
Ou dialogar com a população, o que até ameaçou fazer – e recuou – ao propor a reforma político-
eleitoral em 2013.
Mas dialogar com a população, como?
Cada vez mais o governo vai atando seus movimentos.
Eu sigo os conselhos do velho Brizola e recorro aos poetas, a um dos grandes, Cartola:
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés
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