segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A incapacidade de Dilma de limpar a agenda negativa



Luis Nassif

A presidente Dilma Rousseff não nomeou ainda os presidentes do Banco do Brasil, Caixa Econômica 
Federal e BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Não confirmou no 
cargo, ainda, Ministros de área social. Não definiu, com os respectivos Ministros, os projetos centrais 
de cada Ministério. Conclamou os Ministros para uma estratégia de comunicação, mas não definiu a 
estratégia.
Na 5a feira passada criticou duramente – para assessores, vazando para os jornais – a estratégia de 
divulgação do “impairment” da Petrobras, que permitiu que um ajuste de R$ 88,8 bilhões nos ativos 
fosse tratado pela mídia como custo da corrupção.
Mas, da parte de Dilma, nada foi feito para preparar a empresa para enfrentar o terremoto atual.
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Existe um CEO adequado para cada circunstância. Para períodos de crescimento, de contenção, para 
épocas de crise, cada circunstância exige um perfil diferente.
Graça Foster é uma funcionária exemplar da Petrobras, mas exposta a um fogo cruzado intenso e 
desgastante, que a obriga a pensar na empresa, na sua segurança pessoal e a explicar-se diariamente 
sobre malfeitorias das quais não participou.
Além disso não tem experiência de CEO para analisar todas as circunstâncias e desdobramentos da 
crise atual.
O momento exigiria um CEO experimentado em questões de governança, que pudesse implantar 
métodos modernos de controle e isolar a operação definitivamente da crise política e policial.
A insistência de Dilma com Graça Foster foi imprudente e injusta para com ela própria. De certo modo 
repete-se o que já ocorreu em outras áreas do primeiro governo Dilma, em que a demora em proceder a 
substituições inevitáveis acabou por impor sacrifícios adicionais às pessoas que permaneciam no cargo.
Dilma julga estar agindo com lealdade com seus subordinados, mas apenas os expõem a uma dose de 
sacrifício adicional, antes do inevitável.
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A segunda perna da estratégia seria um presidente de Conselho de Administração com status de 
Ministro para administrar a crise, conversar com as empresas de auditoria, com o Grupo de Trabalho 
da Lava Jato, com o próprio mercado. E, principalmente, articular com os bancos operações de 
salvamento dos fornecedores da Petrobras, para impedir o desmantelamento da cadeia produtiva do 
petróleo e gás – que responde por 13% do PIB.
De preferencia, alguém que já tenha sido CEO de grandes grupos, que conheça os humores do 
mercado nacional e internacional, que saiba analisar os desdobramentos de decisões internas sobre o 
balanço, o mercado e os fornecedores.
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Está certo que, desde as eleições, Dilma não teve um minuto de sossego. No dia seguinte ao da 
apuração, já estava sob fogo cruzado. Mas o momento exige decisão. E exige, acima de tudo, 
discernimento e método para gerir o país em um pedaço complicado que virá pela frente.
Em períodos críticos como o atual, o governante não pode se dar o direito de apostar – como fez 
Dilma, mantendo Graça Foster no cargo quando normas mínimas de prudência recomendariam sua 
substituição, inclusive para tirar o tema Petrobras da frente e permitir ao governo avançar em uma 
agenda positiva.
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Tome-se a Procuradoria Geral da República. É um cargo relevante, mas longe da importância e da 
complexidade da Presidência da República. No entanto, o PGR conta com um conjunto de conselhos 
de alto nível – composto pelos quadros do Ministério Público Federal – para aconselhá-lo em todos os 
temas relevantes, de questões políticas a questões constitucionais.
Quando se olha para o Palácio do Planalto, o que se vê – ainda – é o governo de uma só, com poucos 
conselheiros opinando nas análises conjunturais, políticas e econômicas e quase nenhum sendo ouvido. E os problemas se acumulando pela incapacidade de Dilma de pensar friamente, estrategicamente para 
ir limpando o sótão de fantasmas que nunca são exorcizados.
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