Guilherme Boulos na Carta Capital
A Dilma Roussef incorreu em um erro parecido com aquele de Getúlio Vargas em 1951. Vargas foi
eleito em uma das campanhas de maior mobilização do País. Milhares de brasileiros foram às ruas em
1950.
Mal assumiu e, como tinha o Congresso contrário e a UDN dominando a mídia, fez as concessões.
Montou um ministério conservador e ficou refém desses setores.
Acreditar que essas sinalizações à elite e à direita eram suficientes para domá-las foi o equívoco do
Acreditar que essas sinalizações à elite e à direita eram suficientes para domá-las foi o equívoco do
Vargas. E quando tentou dar uma guinada mais à esquerda, já era tarde. A base popular que o elegeu
não confiava mais nele. O caminho de contrariar, de frustrar as expectativas da base popular que a
elegeu é o caminho da ruína.
Evidentemente, o impeachment a essa altura, principalmente de onde parte a ideia, é golpismo. É
inaceitável.
Agora a presidenta tem de entender que o governo dela precisa ser mais defensável. Hoje é difícil sair
na rua para defender a sua administração. Evidentemente, da nossa parte, vai haver um rechaço direto a
qualquer alternativa golpista da direita e da elite, pois sabemos até onde isso vai.
Na política não tem essa de “pior que está, não fica”. Fica. Sempre pode ficar pior e temos de analisar
Na política não tem essa de “pior que está, não fica”. Fica. Sempre pode ficar pior e temos de analisar
essas situações e impedir que a direita ganhe ainda mais com esse processo. Mas isso não significa da
nossa parte defender o governo Dilma. Primeiro, o governo tem de se fazer defensável, depois pode
pedir para ser defendido.
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