quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Boulos: para ser defendida, Dilma tem que se tornar ‘defensável’



Guilherme Boulos na Carta Capital

A Dilma Roussef incorreu em um erro parecido com aquele de Getúlio Vargas em 1951. Vargas foi
eleito em uma das campanhas de maior mobilização do País. Milhares de brasileiros foram às ruas em 
1950. 
Mal assumiu e, como tinha o Congresso contrário e a UDN dominando a mídia, fez as concessões. 
Montou um ministério conservador e ficou refém desses setores.
Acreditar que essas sinalizações à elite e à direita eram suficientes para domá-las foi o equívoco do 
Vargas. E quando tentou dar uma guinada mais à esquerda, já era tarde. A base popular que o elegeu 
não confiava mais nele. O caminho de contrariar, de frustrar as expectativas da base popular que a 
elegeu é o caminho da ruína.
Evidentemente, o impeachment a essa altura, principalmente de onde parte a ideia, é golpismo. É 
inaceitável. 
Agora a presidenta tem de entender que o governo dela precisa ser mais defensável. Hoje é difícil sair 
na rua para defender a sua administração. Evidentemente, da nossa parte, vai haver um rechaço direto a 
qualquer alternativa golpista da direita e da elite, pois sabemos até onde isso vai.
Na política não tem essa de “pior que está, não fica”. Fica. Sempre pode ficar pior e temos de analisar 
essas situações e impedir que a direita ganhe ainda mais com esse processo. Mas isso não significa da 
nossa parte defender o governo Dilma. Primeiro, o governo tem de se fazer defensável, depois pode 
pedir para ser defendido.
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