Do Spresso SP
Já habituado a atacar o prefeito, o apresentador resolveu entrar no ar e, pouco cortês, conseguiu acabar com o que era uma tranquila entrevista para a rádio BandNews, a ponto de arrancar de Haddad expressões como “aí fica difícil” ou “fala à vontade, Datena”
O apresentador da rede Bandeirantes, José Luiz Datena, parece carregar um certo tipo de obsessão pelo prefeito da capital Fernando Haddad. Em todas as ocasiões que tem oportunidade, faz feroz oposição ao petista e, das vezes em que puderam conversar, Datena não poupou esforços em emitir opiniões pessoais, falar em tom agressivo e adotar uma postura claramente antagonista, deixando o fazer jornalístico um tanto quanto de lado.
Foi assim quado o questionou sobre o IPTU Progressivo, foi assim quando falou sobre ciclovias, sobre faixas de ônibus, foi assim quando conversaram ao vivo sobre a greve dos motoristas de ônibus e foi assim também na manhã desta quarta-feira (25), no final de uma entrevista que o prefeito concedeu à rádio BandNews FM.
Por mais de trinta minutos, os jornalistas Eduardo Barão e Sheilla Magalhães conduziram uma tranquila entrevista com Haddad, que falou sobre ciclovias, crise hídrica, carnaval e outros assuntos em debate na capital. Ao final do programa, Barão anunciou que Datena estava na “ponta da linha” e que também queria fazer perguntas.
Ao entrar no ar, prevendo o que viria pela frente, anunciou: “Apesar das pessoas acharem que eu não gosto do Haddad, eu não tenho nada contra ele”.
Não foi o que demonstrou. De cara, perguntou se não era “hipocrisia política” de Haddad falar em creches com arrecadação do IPTU progressivo sendo que, quando anunciada a medida, o prefeito supostamente teria afirmado que a arrecadação seria destinada a resolver “problemas com as empresas de ônibus”.
“Datena, 50% dos tributos da cidade, pela Constituição Federal, são destinados à saúde e educação”, explicava o prefeito para, a partir desse momento, seguir até o final da entrevista sem conseguir concluir sequer um raciocínio em meio às exaltadas interrupções do apresentador.
“Mas isso não ficou claro!”, bradou Datena. “Você acha que o povo vai ler a Constituição?”, prosseguiu.
Depois de tentar explicar brevemente o que tinha dito à época – que, de fato, a não aplicação do IPTU progressivo afetaria a receita da cidade – Datena o interrompeu mais uma vez.
“O que você tá fazendo com as árvores que caíram na cidade?”
Para aproveitar o tempo que não teve de responder na questão anterior, Haddad começou a explicar sobre o que disse à época do IPTU progressivo e afirmou que tinha sido muito criticado por ter sido sincero, mas que não poderia ser “demagogo”.
“Mas hoje em dia é fácil ser o Robbin Hood, tirar menos dos mais pobres, mais dos ricos… Não seria demagogia política?”, provocou novamente o apresentador.
“Cumprir a lei não é demagogia”, pontuou o prefeito.
Com seu habitual tom exaltado, Datena continuou tentando atacar o prefeito sem mal deixá-lo responder, até o programa precisar ser encerrado em meio a um evidente constrangimento dos jornalistas que conduziam a entrevista.
“Datena, prefeito, a gente precisa encerrar, estamos estourando”, arriscou Sheila Magalhães em meio à sobressalente voz do apresentador, que não parava de falar.
“Mas ele não respondeu a minha pergunta! Tem que ter um contra-argumento”, insistiu o apresentador.
“Eu não tô podendo falar…”, lamentou Haddad.
E nesse ritmo seguiu até o programa precisar, de fato, ser encerrado em mais um episódio de obsessão do apresentador em atacar Haddad que, sempre “tranquilão”, como brincam seus eleitores, chegou ao ponto de dar respostas como “Aí não dá!” ou “Fala à vontade, Datena…”.
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