Em sua delação premiada, o ex-gerente Pedro Barusco, que irá devolver R$ 252 milhões às
autoridades, disse que começou a receber propinas em 1996, segundo ano do governo FHC, que
se disse "envergonhado pelo que fizeram na Petrobras"; Barusco negou que recebesse propinas
partidárias; "essa era a parte da casa", disse; confissão enfraquece estratégia tucana de associar
escândalo ao PT; ele também disse que contratava sem licitação, o que foi permitido por uma lei
do ex-presidente tucano; recentemente, tentou favorecer a Odebrecht.
247 – Depois de ter causado espanto ao declarar que devolveria uma fortuna de US$ 100 milhões
(aproximadamente R$ 252 milhões), obtidos irregularmente, aos cofres públicos, o ex-gerente da
diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco admitiu que recebe propina há 18 anos, desde o
início da era FHC, por meio de contratos da estatal. Esse é o motivo, segundo ele, para ter conseguido
acumular tamanha fortuna.
Na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse sentir "vergonha" do que está
acontecendo na Petrobras. "Tenho vergonha como brasileiro, tenho vergonha de dizer o que está
acontecendo na Petrobrás", afirmou.
Barusco admitiu, em delação premiada, que desvia verbas por meio de contratos na estatal do petróleo
Barusco admitiu, em delação premiada, que desvia verbas por meio de contratos na estatal do petróleo
desde 1996, segundo ano do governo do ex-presidente tucano. Ele também confirmou ter recebido
US$ 22 milhões em propina apenas da holandesa SBM Offshore, que trabalha com afretamento de
navios-plataforma.
O ex-gerente da Petrobras negou, durante depoimento, que parte do dinheiro desviado por ele era
destinado a algum partido ou políticos. "Esta era a parte da casa", afirmou. Apontado como um dos
supostos cúmplices do ex-diretor da estatal Renato Duque, preso na sexta-feira 14, ele conta também
ter contratado empresas sem licitação, prática que foi permitida por meio de uma lei do governo FHC.
Barusco teve participação em todos os grandes projetos da Petrobras na última década, entre eles a
refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Em 2006, logo após a compra pela Petrobras de 50% da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, ele tentou favorecer a Odebrecht, contratando a empresa
para a ampliação da refinaria sem processo de licitação. Ele alegou que a companhia era a única
brasileira com experiência para o trabalho e obteve o apoio dos diretores. A obra no valor de US$ 2,5
bilhões, porém, foi rejeitada pelos sócios belgas.
O volume de dinheiro a ser devolvido pelo engenheiro aos cofres públicos é o maior já obtido por um
criminoso na história do País. O acordo de delação premiada foi firmado por ele antes de a Operação
Lava Jato, da Polícia Federal, vir à tona. Ele decidiu colaborar com a polícia assim que foi avisado que
seria denunciado, conseguindo, dessa forma, se livrar da cadeia.
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