Por Cynara Menezes
Estou convencida de que nós, que não entendemos nada de economia, precisamos fazer um esforcinho
“Olá, Márcia, tudo bom? Acabei de falar contigo pelo telefone. Então, como te expliquei, fiz há
Estou convencida de que nós, que não entendemos nada de economia, precisamos fazer um esforcinho
extra, porque este é o principal assunto nesta eleição, ao lado das questões morais. Escolher entre dois
modelos econômicos distintos, que definirão qual é o Brasil que queremos: é isto que vamos fazer no
segundo turno. O problema, a meu ver, é que falta transparência ao projeto do PSDB. O do PT a gente
já conhece. Obviamente são necessários ajustes (o ex-ministro Bresser-Pereira falou muito bem aqui),
mas, na pior das hipóteses, será mais do mesmo. Enfim, sabemos qual é o projeto econômico do PT,
mas não sabemos qual é exatamente o projeto econômico do PSDB. A não ser pelo que os mais velhos
já vivenciamos, o que não é nada animador.
Pensando nisso, resolvi colocar mãos à obra e decidi procurar a melhor pessoa para esclarecer minhas
Pensando nisso, resolvi colocar mãos à obra e decidi procurar a melhor pessoa para esclarecer minhas
dúvidas: o principal assessor econômico de Aécio Neves, ex-presidente do Banco Central de Fernando
Henrique Cardoso e cotado como futuro ministro da Fazenda se o tucano for eleito. O carioca Arminio
Fraga, 57 anos, brasileiro com dupla nacionalidade norte-americana, não possui assessor de imprensa.
Sua assistente me disse que escrevesse um e-mail solicitando a entrevista, com os meus contatos.
Foi o que fiz.
Foi o que fiz.
“Olá, Márcia, tudo bom? Acabei de falar contigo pelo telefone. Então, como te expliquei, fiz há
poucos dias uma entrevista com o ex-ministro Bresser que repercutiu muito no meu blog. E gostaria
muito de fazer algo semelhante com o dr. Arminio Fraga. Ou seja, uma entrevista para ‘leigos’ em
economia, para tentar entender mais ou menos qual é o projeto econômico do PSDB.
Um abraço e obrigada,
Cynara”
A resposta chegou em exatos 13 minutos:
“Prezada Cynara,
O Dr. Arminio Fraga lhe agradece, porém não poderá atender sua solicitação de entrevista.
Cordialmente,
Márcia”
Claro que ele tem todo o direito de não querer me atender, só acho uma pena. Reforça a
Um abraço e obrigada,
Cynara”
A resposta chegou em exatos 13 minutos:
“Prezada Cynara,
O Dr. Arminio Fraga lhe agradece, porém não poderá atender sua solicitação de entrevista.
Cordialmente,
Márcia”
Claro que ele tem todo o direito de não querer me atender, só acho uma pena. Reforça a
impressão de que o PSDB esconde alguma coisa. Nada me impede, porém, de divulgar aqui as
perguntas “leigas” que gostaria de ter feito a Arminio. E que, tenho certeza, milhões de
brasileiros gostariam de ver respondidas:
1. Quando o senhor assumiu o Banco Central no governo FHC, aumentou os juros para 45% (hoje os
juros brasileiros ainda estão entre os mais altos do mundo, mas na casa dos 11%). Isso vai acontecer
novamente?
2. O senhor falou que acha que o salário mínimo “cresceu muito”. E, no entanto, alguns economistas
apontam o aumento do salário mínimo nos anos que o PT governa como uma das principais razões
para a diminuição da desigualdade social no Brasil, mais até que o bolsa-família. Qual será a política
econômica do PSDB em relação ao salário mínimo? Vocês pretendem acabar com o reajuste
automático?
3. Existe um áudio circulando nas redes sociais em que o senhor fala que está provado que os bancos
públicos não são um “modelo que favorece o crescimento” e que iria reduzir as funções deles até que
“não sobrasse muito”. O que o senhor quis dizer com isso? O que vai acontecer com a Caixa, o Banco
do Brasil e o BNDES em um virtual governo Aécio Neves?
4. Volta e meia o PSDB acena também com mudanças nas leis trabalhistas. Quais seriam elas
exatamente?
5. O jornal Financial Times publicou um artigo recentemente dizendo que o senhor decepcionou no
debate com Guido Mantega, ministro da Fazenda de Dilma, porque “precisa achar uma forma de
desconstruir a crença que o que é bom para os mercados é ruim para as pessoas e vice-versa”. Mas o
que é bom para os mercados pode de fato ser bom para as pessoas? Como, se em geral o que é bom
para os mercados faz concentrar ainda mais a renda?
6. O modelo que vocês propõem é, de acordo com o candidato Aécio Neves, retomar o crescimento de
“forma sustentável”. Para mim isso soa como “embromation”. O que significa crescer de forma
sustentável?
7. O senhor pode garantir que, com o modelo do PSDB em prática no governo, não haverá arrocho,
recessão e desemprego no País?
8. Este crescimento “sustentável” irá continuar ajudando a diminuir a desigualdade social ou isto não é
o foco?
9. A área social do governo sofrerá cortes? Seriam cortes na área social as medidas que o candidato
Aécio diz que serão “decisões impopulares” de um provável governo seu?
10. A experiência do PSDB no governo– fora a estabilização da moeda, que vem do governo Itamar
Franco– é de triste memória para os brasileiros que a viveram. Desemprego alto, recessão e também
inflação na casa dos 12%. O que vocês fariam diferente agora?
Silêncio.
1. Quando o senhor assumiu o Banco Central no governo FHC, aumentou os juros para 45% (hoje os
juros brasileiros ainda estão entre os mais altos do mundo, mas na casa dos 11%). Isso vai acontecer
novamente?
2. O senhor falou que acha que o salário mínimo “cresceu muito”. E, no entanto, alguns economistas
apontam o aumento do salário mínimo nos anos que o PT governa como uma das principais razões
para a diminuição da desigualdade social no Brasil, mais até que o bolsa-família. Qual será a política
econômica do PSDB em relação ao salário mínimo? Vocês pretendem acabar com o reajuste
automático?
3. Existe um áudio circulando nas redes sociais em que o senhor fala que está provado que os bancos
públicos não são um “modelo que favorece o crescimento” e que iria reduzir as funções deles até que
“não sobrasse muito”. O que o senhor quis dizer com isso? O que vai acontecer com a Caixa, o Banco
do Brasil e o BNDES em um virtual governo Aécio Neves?
4. Volta e meia o PSDB acena também com mudanças nas leis trabalhistas. Quais seriam elas
exatamente?
5. O jornal Financial Times publicou um artigo recentemente dizendo que o senhor decepcionou no
debate com Guido Mantega, ministro da Fazenda de Dilma, porque “precisa achar uma forma de
desconstruir a crença que o que é bom para os mercados é ruim para as pessoas e vice-versa”. Mas o
que é bom para os mercados pode de fato ser bom para as pessoas? Como, se em geral o que é bom
para os mercados faz concentrar ainda mais a renda?
6. O modelo que vocês propõem é, de acordo com o candidato Aécio Neves, retomar o crescimento de
“forma sustentável”. Para mim isso soa como “embromation”. O que significa crescer de forma
sustentável?
7. O senhor pode garantir que, com o modelo do PSDB em prática no governo, não haverá arrocho,
recessão e desemprego no País?
8. Este crescimento “sustentável” irá continuar ajudando a diminuir a desigualdade social ou isto não é
o foco?
9. A área social do governo sofrerá cortes? Seriam cortes na área social as medidas que o candidato
Aécio diz que serão “decisões impopulares” de um provável governo seu?
10. A experiência do PSDB no governo– fora a estabilização da moeda, que vem do governo Itamar
Franco– é de triste memória para os brasileiros que a viveram. Desemprego alto, recessão e também
inflação na casa dos 12%. O que vocês fariam diferente agora?
Silêncio.
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