Esse Nelson Rodrigues …
O Conversa Afiada se orgulha de oferecer ao amigo navegante um furo de dimensão planetária.
A transcrição do telefonema de José Dirceu, da Papuda, para a Presidenta Dilma Rousseff, no gabinete presidencial do Palácio do Planalto.
Isso só foi possível, porque o Conversa Afiada entrou em contato com Lord Snowdown e conseguiu um Wikileeks muito antes do Fantástico.
Trata-se de generosa colaboração ao edificante trabalho da Procuradora Milhomens, que, movida por uma patriótica “denúncia anônima informal”, resolveu grampear o coração da República.
Clique aqui para ler sobre o impacto dessa salutar decisão na “segurança nacional” e aqui para ver que ela segue superior orientação.
À transcrição que abalará as colunas do Governo:
(Som de gravação – “esta é uma chamada a cobrar. Quando ouvir a identificação, desligue, se não quiser atender”).
José Dirceu – Olá, Dilma, aqui é o Dirceu.
Dilma Rousseff – Fala, Zé ! Tudo bem por aí ?
Dirceu - Tudo ótimo, Estela. Não podia estar melhor !
Dilma - Tão te tratando bem aí ?
Dirceu - Estela, me sinto no Península de Hong-Kong…
Dilma - Como assim ?
Dirceu - Menina, tenho jacuzzi com gueixas tailandesas …
Dilma - Não são gueixas japonesas ?
Dirceu - Não, Estela, aqui na Papuda são tailandesas…. Lençol de linho egípcio, vinho francês de primeira. O piorzinho é o Pera Manca …
Dilma - Quem leva o vinho ?
Dirceu - O Ricardo Sergio. E, você sabe, a adega dele só não é melhor do que a do Galvão Bueno.
Dilma - Gente fina é outra coisa ! E a alimentação ?
Dirceu - Vem tudo do Fasano. Espetacular.
Dilma - Pensei que fosse da casa do João Dória.
Dirceu - Não, Estela, isso é pra tucano chic. Eu não passo de um petista…
Dilma - Nós, né, Zé ?
Dirceu - Claro !
Dilma - Tá sentindo falta do Delúbio, do João Paulo, do Genoino…
Dirceu - Muito. Nós tínhamos até planejado roubar o cofre do Gilmar …
Dilma - Do Ademar ? De novo ?
Dirceu - Não, Estela ! Do Gilmar !
Dilma - Ah ! Não quero nem saber o que tem lá dentro.
Dirceu - Não, eu desisti. Sem eles a operação não teria sentido. Era pra pegar a grana e dar pro PT …
Dilma - Tem televisão aí, Zé ?
Dirceu - Tem, mas tem um problema. O Agnelo não comprou Bom-Bril para a antena e a gente vê o jornal nacional sem som.
Dilma - Que bom ! E dá pra perceber o noticiário do Kamel ?
Dirceu - Claro ! Eles só mostram desgraças, cenas de sangue, barbárie e violência no Cairo, Bagdá, Karachi, Kabul, na Faixa de Gaza. Uma miséria. O mundo está à beira do caos.
Dilma - O que é que você está lendo ?
Dirceu - As obras completas do Fernando Henrique.
Dilma - Ninguém merece, Zé.
Dirceu - Pois é, Estela. Mas, você sabe que estou até achando bom …
Dilma - Você pirou aí dentro. Nem o Cerra leu isso !
Dirceu - Não ! Veja bem. Quando caiu o crime de quadrilha, o Barbosa resolveu me dar uma pena adicional: ler as obras do FHC … Ele foi ou não foi generoso ?
Dilma - De fato. Podia te mandar sentar na cadeira do dragão …
Dirceu - E não mandou ! Devo ou não devo estar agradecido ?
Dilma - Sem dúvida, Zé. Você sabe que a cada dia que passa simpatizo mais com o Barbosa ?
Dirceu - Eu também, Estela. Tem um coração enorme !
Dilma - Claro, Zé, você sabe que ele é mineiro, né ?
Dirceu - Claro, como você e eu.
Dilma - Então, gente conciliadora, gentil, generosa.
Dirceu - E se o Nelson Rodrigues tiver razão, Estela ?
Dilma - O que tem o Nelson Rodrigues, Zé ?
Dirceu - Não foi ele quem disse que mineiro só é solidário no câncer ?
Nesse ponto, caiu a ligação.
Paulo Henrique Amorim
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